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Criminalidade

Ex-espião russo pode ter sido envenenado em casa

29 de março de 2018

Polícia britânica diz ter encontrado uma grande concentração do agente nervoso que envenenou Sergei Skripal na porta de entrada de sua residência. Reino Unido acusa a Rússia pelo ataque, que gerou resposta internacional.

Investigadores analisam jardim da casa de Skripal em Salisbury, na Inglaterra
Investigadores analisam jardim da casa de Skripal em Salisbury, na InglaterraFoto: Getty Images/AFP/G. Caddick

A polícia britânica afirmou nesta quarta-feira (28/03) que o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia, envenenados no início de março na cidade de Salisbury, na Inglaterra, podem ter sido expostos pela primeira vez ao agente tóxico em sua própria residência, localizada no mesmo município.

"Especialistas identificaram a maior concentração do agente nervoso encontrada até o momento na porta da frente de seu endereço", afirmou a Scotland Yard em comunicado. "Acreditamos que os Skripal tenham entrado em contato com o agente nervoso pela primeira vez nesse local."

Segundo Dean Haydon, da Polícia Metropolitana de Londres, traços do mesmo agente nervoso foram encontrados pelos policiais em outros locais ao longo das últimas semanas, mas em concentrações menores. As autoridades devem agora concentrar as investigações na residência da família.

A polícia afirmou que cerca de 250 detetives especializados em antiterrorismo estão trabalhando no caso, que ainda pode levar meses para ser solucionado. Como parte da investigação, cerca de 500 testemunhas foram identificadas, e 5 mil horas de vídeos capturados por câmeras de segurança na região estão sendo analisadas.

"Aqueles que vivem no bairro da família Skripal podem esperar ver policiais realizando buscas como parte da investigação, mas eu garanto a eles que o risco continua baixo e que nossas buscas são apenas preventivas", disse Haydon.

Especialistas internacionais da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) chegaram a Salisbury em 20 de março para acompanhar as investigações britânicas. O órgão obteve uma autorização judicial na semana passada para coletar amostras de sangue das duas vítimas.

Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, permanecem internados em estado crítico desde que foram encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque em Salisbury, localizada a 120 quilômetros da capital britânica, Londres.

Especialistas britânicos identificaram o agente nervoso como pertencente a um grupo de substâncias tóxicas conhecido como Novichok, fabricado pela União Soviética nos anos 1970 e 1980.

Respostas ao ataque

O Reino Unido acusa a Rússia de responsabilidade pelo crime, que elevou ainda mais as tensões entre Moscou e o Ocidente. Londres e seus aliados, incluindo os Estados Unidos e vários países europeus, anunciaram a expulsão de cerca de 150 diplomatas russos.

O ministro do Exterior do Reino Unido, Boris Johnson, disse nesta quarta-feira que o Kremlin subestimou a resposta ocidental ao envenenamento de Skripal e de sua filha. Segundo Johnson, chegou a 27 o número de países que já promoveram reduções diplomáticas.

"Se eles [os russos] pensaram que nós havíamos nos tornado tão moralmente enfraquecidos [...] e tão temerosos ante à Rússia que não nos atreveríamos a responder, aqui está sua resposta", disse Johnson a uma plateia de embaixadores em Londres.

Moscou, por sua vez, nega qualquer envolvimento no ataque. Nesta quarta-feira, antes do anúncio da polícia britânica sobre os novos detalhes da investigação, o Ministério do Exterior russo afirmou que o próprio Reino Unido pode ter sido responsável pelo envenenamento.

"Uma análise de todas as circunstâncias revela um desinteresse das autoridades britânicas em encontrar os verdadeiros motivos e os perpetradores do crime", disse o ministério em nota. "Isso nos leva à ideia de um possível envolvimento dos serviços especiais britânicos."

EK/dpa/ap/afp/rtr

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