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Ex-espião Serguei Skripal recebe alta no Reino Unido

18 de maio de 2018

Desde que foi envenenado com um agente químico, há mais de dois meses, russo estava internado na Inglaterra. Polícia afirma que investigação sobre ataque continua e não revela detalhes sobre destino do ex-agente duplo.

Serguei Skripal
Skripal, ex-coronel da espionagem militar russa, foi condenado em 2006 por alta traiçãoFoto: picture-alliance/Globallookpress

O ex-espião Serguei Skripal, vítima de envenenamento com agente químico em Salisbury, no Reino Unido, recebeu alta nesta sexta-feira (18/05) do hospital onde permanecia internado desde o ataque, atribuído pelo governo britânico à Rússia.

Em comunicado, o Hospital Salisbury District informou sobre a liberação de Skripal, de 66 anos, mas disse que não pode dar detalhes sobre o tratamento que ele recebeu, atendendo ao direito de confidencialidade do paciente.

O ex-espião, sua filha Yulia, de 33 anos, e o policial Nick Bailey entraram em contato com o agente nervoso identificado como Novichok, de fabricação russa, no dia 4 de março.

O policial recebeu alta 18 dias mais tarde, enquanto Yulia deixou o hospital no dia 10 de abril. O paradeiro da filha do ex-espião é desconhecido.

A diretora do hospital, Cara Charles-Barks, disse ser "fantástico" que Serguei Skripal esteja "suficientemente bem" para receber alta e afirmou que a melhora dos três pacientes se deve ao "duro trabalho e profissionalismo" dos médicos.

"Este foi um tempo difícil para as pessoas relacionadas ao incidente, aos pacientes, ao pessoal de saúde e ao povo de Salisbury", disse Charles-Barks, agradecendo o apoio da população e, especialmente, "do pessoal clínico e daqueles que trabalham tanto em segredo".

A polícia britânica afirmou que sua divisão de combate ao terrorismo continua a investigar as "tentativas de assassinato de Serguei e Yulia Skripal", mas não informou de que forma  as duas vítimas serão protegidas, agora que ambos deixaram o hospital.

Crise diplomática

"Nos interesses da segurança de Serguei e Yulia, não discutiremos nenhuma das medidas de proteção ou condições de segurança que foram estabelecidas", disse em nota a polícia. "Esta é uma investigação complexa, na qual detetives e investigadores continuam a reunir todas as evidências para estabelecer os fatos e as circunstâncias por trás desse terrível ataque."

O caso provocou uma crise diplomática, que resultou na expulsão de 150 diplomatas russos de vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e dois terços dos países membros da União Europeia. Moscou, por sua vez, respondeu na mesma moeda. Ao todo, as ordens de expulsão atingiram mais de 300  funcionários diplomáticos.

Em meados de abril a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) confirmou as conclusões do governo do Reino Unido de que Skripal e a filha foram envenenados com um agente nervoso, que os britânicos identificaram com sendo o agente Novichok, criado na União Soviética nos anos 1970 e 1980.

O conselheiro nacional de Segurança do Reino Unido, Mark Sedwill, afirmou em carta enviada ao secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, que Skripal foi espionado pelo serviços secretos russos durante ao menos cinco anos.

"Segundo as nossas informações, o interesse dos serviços de informação russos pelos Skripal remonta a pelo menos 2013, quando contas de e-mail pertencentes a Yulia Skripal foram visadas por ciber-especialistas do GRU", diz o documento, que cita o serviço de informação militar russo.

Acusado de alta traição por Moscou

Serguei Skripal é um ex-coronel da espionagem militar russa que foi condenado em 2006 a 13 anos de prisão por alta traição. Ele foi acusado de ter agido a partir dos anos 1990 como um agente duplo, colaborando com os serviços de espionagem britânicos do MI6.

Em 2010, ele foi solto em uma troca com espiões russos que haviam sido presos nos Estados Unidos, em um episódio que lembrou antigos casos ocorridos durante a Guerra Fria. Após a troca, Skripal foi levado ao Reino Unido e se instalou em Salisbury, onde aparentemente levava uma vida tranquila.

Após a divulgação do caso Skripal, a imprensa britânica imediatamente fez referências ao caso envolvendo o envenenamento de outro ex-espião russo, Alexander Litvinenko, cuja morte em 2006 lançou luz sobre a perseguição a ex-agentes russos que procuraram refúgio no exterior. Litvinenko foi envenenado com a substância radiativa polônio-210, que foi colocada em uma xícara de chá  em um hotel de Londres.

RC/efe/dpa

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