Ex-guarda da SS acusado de cumplicidade em 36 mil mortes
23 de novembro de 2018
Promotoria indicia homem de 95 anos por ter ajudado no assassinato de mais de 36 mil pessoas no Holocausto. Ele teria trabalhado alguns meses como vigia do campo de concentração de Mauthausen.
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A promotoria de Berlim indiciou um homem de 95 anos por cumplicidade no assassinato de mais de 36 mil pessoas no antigo campo de concentração nazista de Mauthausen. Ele teria atuado como guarda no local. O tribunal distrital de Berlim deve agora decidir se abre processo contra o acusado, que vive há décadas no bairro de Neukölln.
O acusado Hans Werner H., então com 21 anos, teria sido membro da 16ª companhia da SS-Totenkopfsturmbann, um braço da organização paramilitar Schutzstaffel (SS), e atuado como guarda no campo de concentração de Mauthausen de julho de 1944 até a libertação do local, em maio de 1945, segundo os promotores.
A promotoria de Berlim acusou o homem de 95 anos de ter possibilitado ou facilitado, por meio de seu trabalho como guarda, a morte de milhares de detentos. Segundo a acusação, ao menos 36.223 pessoas foram mortas no campo de concentração no período em que ele trabalhou lá. O acusado teria conhecimento dos assassinatos, assim como das condições de vida calamitosas das pessoas detidas. Muitos detentos de Mathausen morreram em consequência dos maus tratos e de desnutrição.
As mortes ocorriam em grande parte em câmaras de gás, mas também por injeções, fuzilamentos e outros métodos. Mathausen foi o maior campo de concentração dos nazistas na atual Áustria. Aproximadamente 200 mil pessoas estiveram presas no local durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de metade foi morta.
A acusação contra Hans H. assemelha-se a várias outras acusações recentes contra antigos membros da SS que resultaram em processos criminais em tribunais alemães por causa dos crimes em massa cometidos pelos nazistas em campos de concentração e de extermínio.
O motivo é uma nova jurisprudência, que entende que as atividades auxiliadoras dos guardas de campos de concentração podem ser classificadas como cumplicidade nos assassinatos, mesmo que o acusado não tenha participado diretamente das mortes.
Desta forma, mais de 70 anos após o fim da Segunda Guerra, pessoas que atuaram como guardas podem enfrentar um processo por cumplicidade em assassinato. Antes, apenas pessoas que participaram diretamente dos assassinatos de detentos em campos de concentração eram levados ao tribunal. A lei alemã não prevê prescrição para homicídio e cumplicidade em homicídio.
PV/epd/kna/afp
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A história do mundo desde o século 20 seria bem diferente sem a atuação fatídica do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores, sua ideologia, propaganda e crimes. Quem eram as principais figuras do movimento?
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Joseph Goebbels (1897-1945)
Como ministro da Propaganda, o virulentamente antissemita Joseph Goebbels cuidou para que a mensagem nazista unificada e forjada em ferro chegasse a cada cidadão do "Terceiro Reich". Ele sufocou a liberdade de imprensa, controlou mídia, artes e informação, e impeliu Hitler a declarar "guerra total". Goebbels e esposa cometeram suicídio ao fim da Segunda Guerra, após envenenar seus seis filhos.
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Adolf Hitler (1889-1945)
O líder do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP) desenvolveu sua ideologia antissemita, anticomunista e racista bem antes de assumir como chanceler do Reich, em 1933. Minou as instituições políticas da Alemanha, tornando-a um Estado totalitário, e a partir de 1939 desencadeou a Segunda Guerra, enquanto supervisionava o Holocausto. Adolf Hitler se suicidou em abril de 1945.
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Heinrich Himmler (1900-1945)
Como líder da força paramilitar nazista SS ("Schutzstaffel"), Heinrich Himmler foi um dos membros do partido mais diretamente responsáveis pelo Holocausto. O também chefe de polícia e ministro do Interior controlava todas as forças de segurança do "Terceiro Reich". Ele supervisionou a construção e as operações de todos os campos de extermínio, onde mais de 6 milhões de judeus foram assassinados.
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Rudolf Hess (1894-1987)
Três anos após se filiar ao partido nazista, Rudolf Hess participou em Munique do frustrado Putsch da Cervejaria de 1923. Na prisão, ajudou Hitler a escrever "Mein Kampf". Hess fugiu para a Escócia em 1941, para tentar negociar um acordo de paz, mas foi capturado e mantido em cárcere até o fim da guerra. Em 1946, respondeu a processo em Nurembergue, cumprindo prisão perpétua.
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Adolf Eichmann (1906-1962)
Ao lado de Himmler, Adolf Eichmann foi um dos principais organizadores do Holocausto. Como tenente-coronel da SS, geriu as deportações em massa de judeus para campos de extermínio nazistas no Leste Europeu. Após a derrota alemã, fugiu para a Áustria e depois para a Argentina, onde foi capturado pelo Mossad israelense em 1960. Condenado por crimes contra a humanidade, foi executado em 1962.
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Hermann Göring (1893-1946)
Participante do fracassado Putsch da Cervejaria, Hermann Göring se tornou o segundo homem mais poderoso da Alemanha depois que os nazistas tomaram o poder. Ele fundou a polícia secreta do Estado, Gestapo, e serviu como comandante da Luftwaffe até pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Göring foi condenado à morte em Nurembergue, mas se suicidou na noite anterior à execução.