Frauke Petry, que deixou legenda populista de direita após perder disputa de poder, anuncia criação do Partido Azul e uma agenda conservadora "sensata" e menos radical.
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A ex-líder do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) Frauke Petry anunciou a fundação de uma nova legenda, o Partido Azul, prometendo uma agenda conservadora de direita.
Em entrevista a um grupo de jornais alemães divulgada nesta quinta-feira (13/10), ela previu que a nova legenda conservadora irá atrair um grande número de adeptos no país. "O azul simboliza políticas conservadoras, mas também liberais na Alemanha e na Europa", afirmou.
Petry deixou a AfD, que ela mesma ajudou a construir, poucos dias após a sigla populista angariar 12,6% dos votos na eleição legislativa federal alemã em setembro, conquistando pela primeira vez representação no Bundestag (Parlamento alemão).
Ela disse que, após o congresso da AfD no mês de abril, no qual suas propostas foram rejeitas pelos correligionários, ela entendeu que deveria deixar o partido após a eleição. Ela fez uma campanha eleitoral discreta, enquanto nomes mais radicais ganhavam destaque, tornando-se as novas caras do partido.
"Um em cada três alemães gostariam de poder optar por uma política conservadora sensata", afirmou. "Muitos deles foram levados pelo desespero a votar em FDP, AfD ou mais uma vez em Merkel." A química de 42 anos observou que a cor azul ajudou a popularizar o partido aliado de Merkel na Baviera, a União Social Cristã (CSU), cujo sucesso ela disse querer reproduzir.
A imprensa alemã informou que o Partido Azul foi registrado antes mesmo da votação do dia 17 de setembro por um dos auxiliares de Petry. Ela rejeitou as críticas recebidas por decidir manter sua vaga no Bundestag mesmo tendo sido eleita pela AfD. "O mandato não pertence ao partido, mesmo sendo conquistado com fundos partidários", disse, prometendo se manter fiel aos seus eleitores.
Apesar de buscar distanciamento em relação à AfD, o manifesto da nova legenda parece ter emprestado muitos argumentos do ex-partido de Petry, como ao defender a reinstauração de controles em todas as fronteiras alemãs e a deportação "sem exceções" de estrangeiros que cometerem crimes ou que sejam considerados potencialmente perigosos.
O Partido Azul defende ainda a restrição ao direito de refúgio no país e rejeita a dupla cidadania como um "empecilho à integração". Sobre os muçulmanos, a nova legenda diz que o "islã político" se opõe aos valores alemãs, suavizando o tom da AfD que declara que "o islã não tem lugar na Alemanha".
RC/dw/rtr
Cartazes eleitorais na Alemanha
Personalizados, coloridos ou controversos: os rostos dos candidatos à eleição para chefe do governo já estão nas ruas. Veja aqui como os principais partidos do país apresentam seus protagonistas.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
Patriotismo puro
Duas séries de motivos, 22 mil cartazes e orçamento de 20 milhões de euros: é assim a campanha publicitária da CDU, partido de Merkel. "Por uma Alemanha em que vivamos bem e com gosto" - a legenda se mostra patriótica com as cores nacionais da Alemanha em sua propaganda de rua. Os temas eleitorais da União Democrata Cristã são segurança, família e emprego.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
Cidadãos em foco
"O futuro precisa de novas ideias. E de alguém que as implemente" - em seus cartazes, o Partido Social-Democrata (SPD) enfoca temas como educação, aposentadoria, investimento e igualdade salarial. Somente num segundo momento, o foco deverá recair sobre o candidato Martin Schulz, grande rival de Merkel. O SPD promete surpresas no final de sua campanha, que deverá custar 24 milhões de euros.
A campanha é ele
"Impaciência também é uma virtude" – o Partido Liberal Democrático (FDP) vai gastar mais de 5 milhões de euros em publicidade com foco sobretudo numa só pessoa: Christian Lindner. O líder partidário é retratado sorrindo, com look casual ou barba de três dias. "Denken wir neu", "vamos repensar", é o slogan com que pretendem concorrer às eleições. Longos textos acompanham Lindner nos cartazes.
Por isso, verde
"O meio ambiente não é tudo. Mas sem meio ambiente tudo é nada". Desta vez, os verdes apostam em texto em letras garrafais diante de um motivo simbólico. O partido continua fiel a seus temas. O foco recai sobre tópicos clássicos como meio ambiente ou integração. "Darum grün" ("Por isso, verde") é o lema de campanha. Em todos os cartazes, pode-se ver o girassol amarelo como motivo principal.
Populismo
"Burcas? Nós gostamos de biquínis" - os cartazes do partido populista de direita Alternativa para Alemanha (AfD) provocaram discussões. Seu lema: "Trau Dich, Deutschland!" (Confie em você, Alemanha!"). E, confiantes, eles provocam, pois os textos nos cartazes visam ao isolamento, sobretudo em relação ao islã.
Sem rosto
"Imposto sobre milionários, mais dinheiro para creches e escolas". Letras brancas junto ao vermelho simbólico do partido: o partido A Esquerda continua fiel a seu estilo, dispensando, desta vez, mostrar rostos em seus cartazes. Sob o lema "Sem vontade para mesmice", a legenda enfoca três temas principais: aluguéis acessíveis, aposentadorias mais justas e fim da exportação de armas.
Nem tão sério
Ajustar os salários de executivos ao tamanho do sutiã e conter a elevação do preço da cerveja. Tais reivindicações estão no programa do "Die Partei" ("O Partido"). Os seus cartazes são acima de tudo irônicos (na foto, "Não faça merda com sua cruz"), bem ao estilo de seus fundadores, redatores da revista satírica "Titanic". Seu candidato à Chancelaria Federal é o comediante Serdar Somuncu.