Ex-ministra francesa da Cultura é eleita chefe da Unesco
13 de outubro de 2017
Na última rodada de votação, Audrey Azoulay supera candidato do Catar e assume agência de educação e cultura da ONU em meio à crise acirrada pela saídas de EUA e Israel.
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A ex-ministra de Cultura da França Audrey Azoulay foi eleita nesta sexta-feira (13/10) diretora-geral da Unesco, a agência de educação e cultura da ONU. A eleição ocorreu um dia depois dos Estados Unidos e de Israel saírem da organização.
Azoulay disputou a última rodada da eleição contra o catariano Hamad bin Abdulaziz e venceu ao receber 30 dos 58 votos do conselho executivo. A francesa, de família judaica, começou a disputa no início da semana com pouco apoio, mas sua candidatura ganhou força após algumas desistências.
"Neste momento de crise, acredito que precisamos investir na Unesco mais do que nunca, apoiá-la, fortalecê-la e reformá-la. E não deixá-la", afirmou Azoulay, de 45 anos, após sua eleição.
Azoulay foi ministra da Cultura da França entre 2016 e 2017, durante o governo do presidente François Hollande. Ela possui uma vasta experiência no meio político e conhece muito bem os setores cultural e das comunicações.
Após a eleição, o presidente francês, Emmanuel Macron, parabenizou a conterrânea. "Parabéns. A França continuará a luta pela ciência, educação e cultura no mundo", escreveu Macron no Twitter.
A eleição de Azoulay foi um golpe para os países árabes, que esperavam assumir pela primeira vez a liderança da organização, que já foi comandada por europeus, asiáticos, africanos e americanos.
A indicação da francesa precisa agora ser aprovada na assembleia-geral da Unesco que ocorre em novembro, mas não deve haver surpresas, pois esse processo é apenas uma formalidade.
Azoulay será a segunda francesa a comandar a agência, depois de Rene Maheu, que esteve a frente da Unesco entre 1961 e 1974. Ela substituirá a búlgara Irina Bokova, que ocupou o cargo nos últimos oito anos, numa gestão marcada pela crise financeira e por críticas pela inclusão da Palestina na organização com o status de membro pleno.
CN/efe/ap/rtr
Bens culturais imateriais da Unesco
Além de patrimônios materiais, a agência da ONU protege 366 bens imateriais da humanidade, como ioga, falcoaria e fado. Do Brasil, por exemplo, estão protegidos a capoeira e o frevo.
Foto: Getty Images
Ioga da Índia
Na Índia, a ioga é muito mais do que exercício físico, afinal ela é uma das seis escolas clássicas da filosofia indiana – e em suas formas mais variadas, seja meditação e concentração mental, seja posições do corpo e exercícios respiratórios, ou ainda enfatizando o ascetismo. Agora, a ioga indiana foi reconhecida pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade.
Foto: Colourbox/D. Shevchenko
Prática da falcoaria
Ainda hoje a falcoaria, com aves de rapina bem treinadas, é considerada uma grande arte de caça. Apesar de o nome se referir ao falcão, na falcoaria também são usadas outras aves de rapina. Desde 2010, a falcoaria está na lista de patrimônios culturais imateriais da Unesco. Agora foram reconhecidas também as de Alemanha, Cazaquistão, Itália, Paquistão e Portugal.
Foto: Hannes Lenhart
Cultura cervejeira belga
A Unesco reconheceu que a produção e a importância dada à cerveja na Bélgica são parte da herança viva de muitas comunidades. A bebida desempenha um papel importante no dia a dia e em festividades, sendo usada até para a preparação de alimentos. Há cerca de 1.500 cervejas belgas no mercado, e a história da cerveja belga começou na Idade Média.
Foto: picture-alliance/W. Roth
Cooperativas criam participação
Também a ideia de cooperativa foi incluída na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. A sugestão havia sido apresentada pela Alemanha. "Uma cooperativa é uma associação voluntária de pessoas com interesses semelhantes, e que promove o engajamento individual e a autoconfiança, promovendo a participação social, cultural e econômica", segundo a Unesco.
Foto: Fotolia/pilatoida
A festa persa de Ano Novo
A Unesco também reconheceu a tradicional festa de Ano Novo celebrada em países como Irã, Afeganistão e Índia. Ela se destaca pelos tradicionais alimentos e rituais. Na Alemanha é conhecida pelo nome de Nowruz, mas também é chamada Festival da Primavera, pois é comemorada no dia 20 ou 21 de março.
Foto: DW/S. Amini
Ópera de Pequim, um ideal estético
A Ópera de Pequim também é Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade. Esta forma de ópera muito apreciada na China reúne não só música, teatro e dança, mas também acrobacia e artes marciais. As óperas narram fatos da política, sociedade ou da história, seguindo uma rima rigorosa. Em trajes extravagantes, os atores movem as mãos, os olhos e os pés seguindo uma coreografia tradicional.
Foto: Getty Images
A prática coreana kimchi
A conservação de vegetais através da fermentação é prática comum na Coreia e faz parte da maioria dos pratos. Cada família guarda a própria receita, que passa de geração em geração. Na época da colheita, comunidades inteiras se reúnem para preparar grandes quantidades de seus legumes favoritos para o inverno. Este trabalho é chamado "Kimjang" e contribui para a coesão social.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Trumpf
Fado português, a música da alma
No fado se encontra toda a herança multicultural de Lisboa. Sua origem está no século 19. As canções muitas vezes falam de amor não correspondido ou injustiça social, anseiam por tempos passados ou reivindicam melhorias sociais. Quem canta geralmente é acompanhado por um violão de 12 cordas e um baixo.
Foto: Adriao/GNU
Capoeira do Brasil
Ao lado da capoeira, são bens culturais imateriais brasileiros a procissão do Círio de Nazaré, de Belém; o frevo; o yaokwa, ritual do povo enawene nawe; o museu vivo do fandango; as expressões orais e gráficas dos indígenas wajapis e o samba de roda do Recôncavo Baiano.
Foto: dapd
Carnaval tradicional de Imst, no Tirol
Enquanto a Alemanha tenta, em vão, o reconhecimento de seu Carnaval pela Unesco, a entidade reconheceu como bem imaterial o peculiar Carnaval de Imst, no Tirol, em 2012. A festa, que se chama Schemenlaufen ou Fasnacht, acontece a cada quatro anos no domingo antes da Quaresma. Grupos de homens mascarados e fantasiados saltam pelas ruas tocando sinos.
Foto: Melitta Abber/UNESCO
Mariachi, os embaixadores da cultura mexicana
Com o seu som inconfundível, a música dos mariachis é parte essencial da cultura mexicana. As canções em espanhol e em idiomas indígenas ajudam a preservar o patrimônio cultural do México. Em suas canções, os grupos mariachi falam de batalhas e de relacionamentos amorosos. Os músicos usam trajes típicos e o original chapéu mexicano.
Foto: 2006 by Cámara de Comercio de Guadalajara, by permission of UNESCO
Botes chineses que afastam o mal
Festivais são presença constante na lista do patrimônio cultural imaterial. É o caso do milenar Festival do Barco do Dragão na China. A festa combina uma corrida de barcos enfeitados como se fossem dragões com rituais de saúde, comida típica e danças. Durante o festival, os participantes tomam banho em água perfumada e vestem seda para afastar o mal.