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Ambientalismo

2 de julho de 2011

Marina Silva disse que o mundo pede uma "nova forma de fazer política". Por isso ela afirmou que pretende criar um movimento alternativo à "velha política", em evento realizado pelos verdes alemães em Berlim.

Marina Silva veio a Berlim a convite dos verdes alemães
Marina Silva veio a Berlim a convite dos verdes alemãesFoto: AP

A ex-ministra brasileira do Meio Ambiente Marina Silva afirmou que há no mundo uma crise que pede uma "nova forma de fazer política", ainda inexistente. "Para onde olhamos, vemos que a linguagem política suscitada pelo socialismo e pela revolução francesa ficou defasada, e que algo novo pode estar surgindo, que não foi transformado ainda em palavras e em estrutura", afirmou a ex-candidata à presidência do Brasil, falando na noite de sexta-feira (01/07) para um auditório de cerca de 200 pessoas em Berlim.

Usando formulações mais próximas ao vocabulário filosófico do que ao jargão político, Marina deu a entender que a novidade ainda está para ser revelada. "Ainda não sei o que é, mas a nova fórmula está na forma do não dito no mundo inteiro", teorizou.

Possível saída do PV

Ela não quis comentar notícias sobre sua possível saída do Partido Verde, mas não desmentiu ter intenção de deixar o partido ambientalista brasileiro. "Não estou falando sobre isso nestes dias", desconversou. "Vou me pronunciar na quinta-feira." Ela, entretanto, reconheceu que "alguns vão sair, outros vão permanecer no partido, de forma crítica" e disse que pretende fundar um novo movimento político-social para pensar novas alternativas políticas.

"As pessoas querem uma nova forma de fazer política e novos modelos de desenvolvimento, e também uma palavra nova", comentou, durante um debate sobre política ambiental brasileira, promovido em Berlim pela Fundação Heinrich Böll, entidade ligada aos verdes alemães. A ex-senadora brasileira também foi convidada para discursar neste sábado em um congresso promovido pelo partido Verde da Alemanha em Berlim.

Lula e Dilma: ex-ministra lembrou avanços na gestão do PTFoto: AP

Durante o debate "Crescimento verde no Brasil?", ela ressaltou as conquistas da política ambiental brasileira. "O Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a assumir voluntariamente uma meta de redução de 36% das emissões de efeito estufa", destacou.

A ex-ministra lembrou que o país possui 45% de sua matriz energética composta por energias limpas e que o etanol pode ser uma contribuição importante para o meio ambiente mundial "contanto que não comprometa ecossistemas, a segurança ambiental e setores sociais".

"Mesmo o oponente faz coisas boas"

Os elogios ao governo brasileiro provocaram estranhamento em parte da plateia. "Não sou otimista nem pessimista, sou persistente", justificou, em resposta a uma pergunta do auditório em relação a uma suposta falta de críticas em seu discurso, com relação à atual gestão. Ela aproveitou para dar uma pista a mais sobre o que seria uma "nova política". "Muita gente esquece que mesmo o seu oponente faz coisas boas. Essa é a velha forma de fazer política", explicou.

Marina Silva atribuiu a aprovação do texto do novo Código Florestal pelo Congresso, apesar da impopularidade da nova regulamentação, a um "descolamento" do sistema político em relação à sociedade brasileira, lembrando que quase 80% da população são contra a nova lei, segundo sondagens.

Por isso, conforme a ex-senadora, o "sistema político precisa buscar novas linguagens e estruturas". E lembrou que seu sucesso, obtendo o terceiro lugar nas eleições presidenciais do ano passado, é mais uma prova do crescimento da mentalidade ecológica no Brasil e da receptividade do eleitorado a novas alternativas.

Autor: Marcio Damasceno
Revisão: Roselaine Wandscheer

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