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Ex-ministro Geddel Vieira Lima é preso pela PF na Bahia

3 de julho de 2017

Político baiano é acusado de obstruir a investigação de esquema de propina na Caixa Econômica Federal. Ele estaria tentando evitar que o ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro firmem acordos com o MPF.

Foto: Valter Campanato/Agencia Brasil

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foi preso pela Polícia Federal (PF), nesta segunda-feira (03/07), por obstrução de Justiça. A detenção ocorreu na Bahia. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o político baiano estaria tentando obstruir a investigação de supostas irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal (CEF).

A ordem de prisão foi expedida pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal a pedido do MPF e da própria PF. Geddel é acusado de tentar impedir eventual acordo de delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, ambos presos. Agentes federais cumpriram um mandado de prisão preventiva – sem tempo determinado de duração – emitido no contexto da Operação Cui Bono?.

"O político tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Para isso, tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de 'monitorar' o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo", diz nota da Procuradoria da República no Distrito Federal.

Codinome "Carainho"

Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente – entre os meses de maio e junho – por Geddel à esposa de Funaro. Para provar tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo. Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome "Carainho", sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF.

Em janeiro deste ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Cui Bono? ("A quem beneficia?", em latim) – um desdobramento da Operação Catilinárias (deflagrada em dezembro de 2015, após autoridades terem encontrado um celular na casa de Cunha com trocas de mensagens com Vieira Lima).

Esta operação mirava Geddel – ministro da Integração Nacional no governo Lula e da Secretaria de Governo sob Temer – e investiga um esquema de fraudes na liberação de créditos junto à CEF, que teria ocorrido ao menos entre 2011 e 2013, justamente na época em que o ex-ministro era vice-presidente de pessoa jurídica do banco federal.

O teor das mensagens indica que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas, que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas. Em conversas datadas de 2012, por exemplo, os envolvidos revelam detalhes de como agiram para viabilizar a liberação de recursos para sete empresas e um partido político.

Pressão após delação da JBS

Entre os beneficiados do esquema ilícito aparecem companhias controladas pela holding J&F Investimentos, que controla a JBS. Após a delação de Joesley Batista, há registros de 12 ligações em oito dias diferentes de Geddel à esposa de Funaro.

"Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa", diz um trecho do comunicado da Procuradoria da República no Distrito Federal. Além da prisão preventiva, a Justiça acatou os pedidos de quebra de sigilos fiscal, postal, bancário e telemático do ex-ministro.

Com a prisão de Geddel, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das investigações da Operação Cui Bono?. Além de Cunha e Funaro, estão detidos o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves e o ex-conselheiro do FGTS André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da CEF.

No caso de Cunha, Alves e Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. 

Geddel deixou o governo Temer, de quem é amigo de longa data, sob acusação de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para viabilizar um empreendimento na Bahia.

PV/abr/efe/ots

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