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Ex-ministros alertam para colapso da ciência sob Bolsonaro

2 de julho de 2019

Dez ex-titulares da pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação criticam cortes orçamentários no atual governo e apontam risco de "retrocesso sem paralelo" na área, que classificam de essencial ao desenvolvimento do país.

Fachada do Ministério da Ciência
Desde 2013, Ministério da Ciência teve suas verbas reduzidas de R$ 9,5 bilhões para R$ 2,9 bilhõesFoto: Getty Images/AFP/E. SA

Um manifesto assinado por dez ex-ministros brasileiros da Ciência, Tecnologia e Inovação, divulgado nesta segunda-feira (01/07), adverte contra ameaças ao futuro da ciência, ao legado científico do país e a avanços alcançados nos últimos anos.

No documento intitulado "A ciência brasileira em estado de alerta", os ex-titulares da pasta comandada atualmente pelo ex-astronauta Marcos Pontes alertam para "riscos de colapso da área da Ciência e Tecnologia, que gerou avanços para o país nas últimas décadas".

Segundo o texto divulgado em reunião no Instituto de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe), "cortes orçamentários drásticos" no ministério "poderão levar a um retrocesso sem paralelo na história de ciência brasileira, área essencial e crítica, tanto ao desenvolvimento econômico e social quanto à soberania nacional".

"Não podemos concordar com as recorrentes manifestações, por parte de autoridades do governo, que negam evidências científicas na definição de políticas públicas", diz o texto.

Alguns exemplos da "maturidade da ciência nacional alcançada nos últimos anos" citados pelos ex-ministros são as pesquisas na área da agricultura, tecnologias de exploração de petróleo, além do desenvolvimento na construção de aviões e de um acelerador de partículas de terceira geração.

"Vivemos hoje a maior das provações de nossa história", diz o manifesto, assinado por ex-titulares da pasta de ciência dos governos Fernando Color, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Está previsto para o Ministério da Ciência um contingenciamento de 42% no orçamento de 2019, equivalente a 2,1 bilhões de reais, após os cortes anunciados no mês de março pelo Ministério da Economia que atingirão diversas pastas. Desde 2013, o órgão teve suas verbas reduzidas de 9,5 bilhões para 2,9 bilhões de reais.

Segundo levantamento dos ex-ministros, as universidades federais tiveram de bloquear 6.198 bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, após o contingenciamento imposto pelo governo.

Os ex-ministros que assinaram o manifesto são José Goldemberg (governo Collor), Luiz Carlos Bresser-Pereira e Ronaldo Sardenberg (FHC), Sérgio Machado Rezende e Roberto Amaral (Lula), além de Aloízio Mercadante, Marco Antonio Raupp, Clélio Campolina, Celso Pansera e Aldo Rebelo (Dilma).

Esta não é a primeira vez em que ex-ministros de governos anteriores se reúnem para criticar as políticas adotadas pela atual gestão. Em maio, oito ex-titulares da pasta do Meio Ambiente afirmaram que as políticas de Bolsonaro comprometem a "imagem e a credibilidade internacional do país". "A governança socioambiental no Brasil está sendo desmontada, em afronta à Constituição", afirmaram em documento.

RC/ots

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