Paul Schäfer, 83 anos, estava foragido há quase dez anos e é acusado de estupro, abuso sexual infantil, sonegação fiscal e pratica de cativeiro. Ao ser preso, na quinta-feira (10/03), Schäfer foi levado algemado pela polícia da capital argentina. Não portava nenhum documento e se recusou a depor.

O presidente do Chile, Ricardo Lagos, classificou a prisão de Schäfer como sendo "motivo de alegria para todos os chilenos". Schäfer era um dos homens mais procurados do país.

No ano passado, o Chile julgou e condenou Schäfer à revelia por abuso sexual de 26 crianças. O governo chileno pediu a deportação imediata do criminoso. "Esperamos poder julgá-lo o mais rápido possível", disse Jorge Correa, vice-ministro do Interior chileno.

Schäfer e Pinochet

Ex-nazista, Schäfer fugiu da Alemanha, onde era acusado de abusos sexuais. Em 1961, fundou a seita Colonia Dignidad no Chile. Na década de 60, muitos de seus seguidores alemães mudaram-se com ele para a América do Sul.

O acampamento da seita Colonia Dignidad, hoje rebatizado como Vila Baviera, ocupa 140 quilômetros quadrados e fica a quatro horas de carro de Santiago.

Durante a ditadura militar chilena (1973 até 1990), Schäfer manteve bons relacionamentos com o serviço secreto do general Augusto Pinochet. Segundo dados da Anistia Internacional, 119 presos políticos foram mantidos presos na Colonia Dignidad, muito deles foram torturados e mortos.

Cerca de 280 integrantes da seita ainda moram no local. Muitos são alemães em idade avançada que não dominam o espanhol e vivem totalmente isolados por trás de uma cerca de arame farpado.

Schäfer pregava o silêncio, trabalho árduo e castigos físicos. Proibia televisão e telefone. A seita separava homens, mulheres e as crianças de seus pais. Integrantes da seita o acusam de ter destruído suas famílias.