Ex-policial é condenado pela morte de George Floyd
10 de dezembro de 2022
J. Alexander Kueng teve sentença de três anos e meio de prisão decretada por homicídio culposo, por participar da morte do afro-americano, asfixiado pelo ex-policial Derek Chauvin.
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Um tribunal de Minnesota condenou nesta sexta-feira (09/12) o ex-policial de Minneapolis J. Alexander Kueng a três anos e meio de prisão, por homicídio culposo, por sua participação no assassinato de George Floyd, civil morto em uma ação policial em maio de 2020.
Floyd morreu aos 46 anos, depois de o policial Derek Chauvin ter pressionado seu pescoço com o joelho por nove minutos e meio, com a conivência dos colegas, enquanto o afro-americano repetia que não conseguia respirar. Floyd era suspeito de ter usado uma nota de 20 dólares falsa para pagar uma compra. O vídeo do episódio causou consternação mundial e deu início a uma onda de protestos contra o racismo, impulsionado o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam).
Durante a ação, Kueng se ajoelhou nas costas de Floyd, enquanto Chauvin pressionava o pescoço do homem. Outro policial, Thomas Lane, segurou as pernas de Floyd, e o agente Tou Thao impediu que testemunhas interviessem.
Kueng participou da audiência por videoconferência, direto de uma prisão federal em Ohio, onde já cumpre outra sentença. Os familiares de Floyd tinham o direito de dar declarações, mas optaram por não fazê-lo.
Declaração de culpa
Em outubro, Kueng havia se declarado culpado de homicídio culposo em segundo grau. Em troca, o ex-agente teve a sua acusação de cumplicidade no assassinato descartada pela Corte americana.
O advogado de Kueng, Thomas Plunkett, tentou dividir a culpa com o Departamento de Polícia de Minneapolis, dizendo que a instituição falhou em fornecer treinamento adequado.
Matthew Frank, da Procuradoria-Geral de Minnesota, por sua vez, disse que Kueng "fez menos do que alguns dos espectadores tentaram fazer para ajudar o Sr. Floyd".
Chauvin cumpre atualmente pena de 22 anos e meio de prisão, após ser condenado por um tribunal estadual por acusações de homicídio e homicídio agravado. Ele também cumpre simultaneamente uma sentença federal de 21 anos.
Kueng, Thao e Lane foram condenados no tribunal federal em julhopor privar Floyd de seus direitos civis. Lane cumprirá dois anos e meio de cadeia, Kueng, três anos e Thao, três anos e meio.
le (Lusa, Reuters, AP)
Protestos pela morte de George Floyd
Milhares se manifestaram nos Estados Unidos e até no Canadá contra o maltrato sistêmico de negros pela polícia, redundando em confrontações violentas. Trump contribuiu para acirrar os ânimos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez
"Não consigo respirar"
Protestos tensos contra décadas de brutalidade policial perante cidadãos negros se alastraram rapidamente de Minneapolis a outras localidades dos Estados Unidos. As manifestações começaram na cidade do centro-oeste após a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos: em 25/05/2020, um policial o algemou e pressionou o joelho em seu pescoço até ele parar de respirar.
Foto: picture-alliance/newscom/C. Sipkin
De pacífico a violento
No sábado, os protestos foram basicamente pacíficos, mas se tornaram violentos com o avançar da noite. Em Washington, a Guarda Nacional foi mobilizada diante da Casa Branca. Tiroteios no centro de Indianápolis deixaram pelo menos um morto: segundo a polícia, não havia agentes envolvidos. Policiais ficaram feridos em Filadélfia. Em Nova York, dois veículos da polícia avançaram contra uma multidão.
Foto: picture-alliance/ZUMA/J. Mallin
Saques e destruição
Em Los Angeles, manifestantes enfrentaram com brados de "Black Lives Matter!" (Vidas negras importam) os agentes da lei armados de cassetetes e revólveres com balas de borracha. Na cidade, assim como em Atlanta, Nova York, Chicago e Minneapolis, os protestos se transformaram em revoltas de massa, com saques e destruição de estabelecimentos comercias.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Pizello
Provocador de Estado
O então presidente Donald Trump ameaçou enviar militares para abafar os protestos: "Minha administração vai parar a violência de massa, e de uma vez só", anunciou, acirrando as tensões nos EUA. Apesar de ele ter culpado supostos grupos de extrema esquerda pelas agitações, o governador de Minnesota, Tim Walz, citou diversos relatos de que supremacistas brancos estariam incitando o conflito.
Foto: picture-alliance/ZUMA/K. Birmingham
Mídia na mira da polícia
Diversos jornalistas que cobriam os protestos foram atacados por policiais. Na sexta-feira (29/05), o correspondente da CNN Omar Jimenez e sua equipe foram presos em Minneapolis. A polícia local também atirou na direção de Stefan Simons, da DW, quando ele se preparava para transmitir ao vivo, na noite de sábado. Outros repórteres foram alvejados com projéteis ou detidos quando estavam no ar.
Foto: Getty Images/S. Olson
Além das fronteiras
As manifestações chegaram até o Canadá: no sábado milhares marcharam pelas ruas de Vancouver e Toronto. Nesta cidade, os participantes também lembraram a morte da afro-canadense Regis Korchinski-Paquet, de 29 anos, na quarta-feira (27/05), caída da varanda de seu apartamento no 24º andar, onde se encontrava só com policiais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Shivaani
#GeorgeFloyd
Milhares também desfilaram diante da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, manifestando indignação contra o homicídio de Floyd e o racismo sistêmico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M:.Schreiber
Casa Branca cercada
A Força Nacional fez um cordão de isolamento, no domingo, para proteger a Casa Branca. O presidente Trump chegou a ser levado para um bunker na sede do Executivo, que foi alvo de manifestações por dias.
Foto: Reuters/J. Ernst
Soldados em Washington
Após Trump anunciar o uso de soldados para conter as manifestações, o Pentágono deslocou cerca de 1.600 militares para a área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos que marcaram uma semana da morte de Floyd. Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes.
Foto: Getty Images/AFP/W. McNamee
Recado de Obama
No dia em que a procuradoria endureceu as acusações contras os quatro policias envolvidos na ação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama disse que protestos refletem "mudança de mentalidade" no país e incentivou os jovens a continuar realizando as manifestações. "Espero que (os jovens) sintam esperança, ao mesmo tempo que estão indignados, porque eles têm o poder de mudar as coisas", afirmou.
Foto: Reuters/J. Skipper
Funeral reúne centenas em Minneapolis
Centenas participaram de uma cerimônia fúnebre em homenagem a George Floyd em 04/06. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, tempo em que Floyd ficou com o pescoço prensado pelo joelho de um policial. "É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton (foto) durante o funeral.