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Ex-policial é preso por ameaças a opositores da ultradireita

27 de julho de 2020

Ex-agente de 63 anos da Baviera é suspeito de ter enviado mensagens contra políticos e figuras públicas que se engajam contra a ultradireita. Se envolvimento no caso for comprovado, ele pode perder aposentadoria.

Símbolo da polícia de Hessen
Ex-policial nega as acusaçõesFoto: picture-alliance/dpa/S.Stein

Um ex-policial da Baviera foi detido suspeito de envolvimento no envio de ameaças de morte para dezenas de políticos e figuras públicas que se engajam contra a extrema direita na Alemanha, confirmou nesta segunda-feira (27/07) a Promotoria de Frankfurt. A esposa do ex-agente também foi presa.

Segundo as autoridades, o ex-policial de 63 anos e sua esposa de 55 anos foram detidos em seu apartamento na cidade de Landshut, na Baviera. O ex-policial já estava sendo investigado por participação em outros crimes de extrema direita.

O casal é suspeito de ter enviado vários e-mails "com conteúdo ofensivo, extremista e ameaças" a políticos e outras figuras públicas, afirmou a promotoria. As mensagens anônimas foram assinadas como "NSU 2.0". Trata-se de uma alusão à rede de terrorismo neonazista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU) que perpetrou uma série de assassinatos entre 2000 e 2007 antes de ser desbaratada.

A prisão ocorreu na última sexta-feira e o casal já foi libertado. Os investigadores apreenderam com os dois dispositivos de memória de computador.

Segundo uma porta-voz da promotoria, investigações preliminares não indicam que o casal esteja envolvido nos casos cujos dados das vítimas teriam sido acessados de computadores da polícia em delegacias no estado de Hessen.

O ex-policial negou à imprensa alemã as acusações e disse que não enviou nenhuma ameaça. Ele afirmou ainda que está colaborando com os investigadores.

Um processo disciplinar foi aberto contra o ex-policial, que está há 16 anos afastado da corporação. "Mesmo um funcionário público aposentado não pode se envolver com extremismo. Se a suspeita se confirmar, ele pode sofrer sanções que chegam até a perda da aposentadoria", afirmou o secretário do Interior da Baviera, Joachim Hermann.

Na semana passada, autoridades alemãs revelaram que ao menos 69 mensagens contra políticos e figuras públicas que se engajam contra a extrema direita foram enviadas. Elas eram assinadas como "NSU 2.0". Em três casos os detalhes de contato podem ter sido obtidos nos computadores da polícia de Hessen. Os dados das vítimas foram acessados em três diferentes computadores da corporação em delegacias de duas cidades.

O escândalo levou a demissão do então chefe da polícia de Hessen, Udo Münch, após a revelação de que dados sobre a líder do partido A Esquerda Janine Wissler foram acessados de computadores da corporação.

Além de Wissler, entre os destinatários da atual série de e-mails estão a advogada Seda Basay-Yildiz e a satirista Idil Baydar, assim como as redações de meios de comunicação. Wissler e Baydar já haviam sido ameaçadas anteriormente.

Um inquérito foi aberto para esclarecer o caso. Pelo menos desde 2018, mensagens contendo ameaças de violência e morte têm sido enviadas a políticos, celebridades e organizações judaicas da Alemanha. 

CN/ots

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