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Ex-presidente do Peru é preso em caso Odebrecht

11 de abril de 2019

Acusado de envolvimento em escândalo de corrupção ligado à empreiteira, Pedro Pablo Kuczynski tem prisão preventiva decretada. Político nega ilegalidades. Ele é o segundo ex-governante do país detido no caso.

Kuczynski deixa Instituto Médico Legal antes de ser levado para prisãoFoto: picture-alliance/dpa/Agentur Andina/V. Tarqui

O ex-presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, foi preso preventivamente nesta quarta-feira (10/04) em Lima, acusado de envolvimento num escândalo ligado à empreiteira brasileira Odebrecht. Depois de Ollanta Humala, ele é o segundo ex-mandatário peruano a ser preso devido a vínculos com a rede de corrupção criada pela construtora.

Kuczynski, de 80 anos, deixou a casa em que vive na capital do país num carro da Polícia Nacional e foi levado primeiro ao Instituto Médico Legal. Depois, ele ficará detido por dez dias na sede principal da organização em Lima.

Enquanto era levado pelos agentes, Kuczynksi usou o Twitter para contestar a decisão da Justiça de prendê-lo preventivamente. "É uma arbitrariedade. Colaborei absolutamente com todas as investigações e participei pontualmente de todas as convocações das autoridades judiciais", criticou o ex-presidente nas redes sociais.

"Nunca me opus, e nem me oponho, a qualquer investigação", completou Kuczynski. O ex-presidente afirma ser vítima de uma perseguição e nega qualquer irregularidade.

Kuczynski foi eleito presidente do Peru em 2016, mas renunciou dois anos depois devido ao escândalo envolvendo a Odebrecht, também investigada no país. O ex-presidente é acusado de corrupção por obras ocorridas no governo de Alejandro Toledo. Na época, ele era primeiro-ministro e ministro de Economia.

A defesa do ex-presidente anunciou que recorrerá da decisão, alegando que Kuczynski sempre colaborou com as investigações da equipe especial que conduz a Lava Jato no Peru e que aceitou a proibição de sair do país após ter renunciado à presidência.

O juiz Jorge Luis Chávez afirmou na decisão que o Ministério Público apresentou como "fato precedente" atos de lavagem de dinheiro cometidos pelo ex-presidente. Segundo os promotores, Kuczynski se envolveu em "atos de corrupção" ligados a dois projetos realizados pela Odebrecht no país. O magistrado ordenou ainda uma operação de busca e apreensão na casa e no escritório do ex-presidente.

Kuczynski é acusado de ter recebido repasses no valor de 782 mil dólares da Odebrecht, no período em que ele ocupou os cargos de ministro da Economia e de primeiro-ministro do país.

Ele insiste que o dinheiro veio de pagamentos legítimos por serviços de consultoria e nega ter recebido propina ou cometido qualquer ato ilícito. A Odebrecht, por outro lado, admitiu ter desembolsado, desde 2001, subornos de mais de 785 milhões de dólares em 12 países – dez deles latino-americanos – para assegurar contratos de obras públicas.

Foragido nos Estados Unidos, o ex-presidente Alejandro Toledo também teve sua prisão decretada por corrupção. Ele nega as acusações e tenta evitar sua extradição.

Kuczynski renunciou à presidência do Peru em março de 2018. O Congresso, controlado pelo fujimorismo, tentou votar dois pedidos de impeachment contra o ex-presidente. Um deles foi arquivado depois de Kuczynski conceder um indulto ao também ex-presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão.

A medida foi vista como uma compra de votos de parlamentares por parte do governo, o que agravou a crise política no país e ampliou a pressão para que Kuczynski renunciasse. A entrega do cargo só ocorreu após a divulgação de vídeos nos quais aliados do ex-presidente tentavam comprar votos de opositores no Congresso para evitar a sua destituição.

CN/efe/afp/rtr

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