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Tunísia

21 de junho de 2011

Acusados de fraude, Zine El Abidine Ben Ali e sua esposa foram condenados a 35 anos de prisão em julgamento sem presença dos acusados. Eles também terão que pagar 45,5 milhões de euros aos cofres públicos.

Exilado na Arábia Saudita, Ben Ali negou acusaçõesFoto: picture-alliance/dpa

O ex-presidente da Tunísia Zine El Abidine Ben Ali e sua esposa, Leila Trabelsi, foram condenados, cada um, a 35 anos de prisão por fraude contra os cofres do país. A sentença foi proferida nesta segunda-feira (20/06) por um Tribunal tunisiano, que os condenou ainda a devolver ao governo 45,5 milhões de euros - ele, 25 milhões e ela, 20,5 milhões de euros. Exilado na Arábia Saudita, o casal foi condenado à revelia.

Ben Ali e sua esposa fugiram para o país vizinho em janeiro deste ano após intensos protestos, que provocaram a queda do político após 23 anos no poder. Neste período, a fortuna pessoal da família presidencial aumentou consideravelmente, segundo a imprensa tunisiana. Dissidentes eram rotineiramente perseguidos por forças de segurança.

O processo contra o casal Ben Ali foi iniciado após a descoberta de grandes somas em dinheiro e joias em seu palácio, localizado fora da capital, Túnis.

Juiz Touhami Hafi acatou acusações contra ex-governanteFoto: AP

"O tribunal aceitou os fatos apresentados contra Zine El Abidine Ben Ali e Leila Trabelsi", afirmou o juiz Touhami Hafi em seu veredicto.

Acusações negadas

Pouco antes do julgamento, o ex-presidente negou todas as acusações por meio de seus advogados, declarando-se vítima de uma "trama política". Ben Ali reclama, ainda, que teria sido enganado a sair do país, respondendo a um levante popular.

"Eu não abandonei meu posto de presidente, nem fugi da Tunísia, como alguns veículos da mídia vêm afirmando erroneamente. Eu fui enganado", disse Ben Ali.

O advogado de Ben Ali, Akram Azoury, classificou a sentença como "uma piada", acrescentando que ele iria recomendar que seu cliente deixe a Arábia Saudita e procure refúgio na União Europeia, a fim de evitar um pedido de extradição.

Até o próximo dia 30 de junho, a Justiça tunisiana deve decidir sobre um segundo processo. A data foi prorrogada a fim de dar ao político mais tempo de preparar sua defesa. Este processo tem como alvo apenas Ben Ali e trata de armas e drogas que foram supostamente encontradas em uma residência presidencial em Cartago.

Em janeiro, protestos na Tunísia levaram à queda do regimeFoto: DW

Apenas o começo

A sentença proferida nesta segunda-feira marcou o início de uma série de processos que vários membros do antigo regime enfrentarão no banco dos réus. Entre as 93 acusações contra Ben Ali e seu grupo estão assassinato, tortura, lavagem de dinheiro e tráfico de objetos arqueológicos.

Na Tunísia, condenações por assassinato e tortura podem incluir sentença de morte. Mas o ex-presidente possivelmente não deve ser condenado a esta penalidade.

O antigo ministro do Interior Rafik Belhaj Kacem deve ser incriminado em casos envolvendo a morte de 300 civis durante protestos, de acordo com o chefe da Justiça militar tunisiana, Marwane Bouguerra.

As revoltas que levaram à queda do presidente tunisiano no início deste ano deram a partida para uma série de protestos em países no norte da África e no Oriente Médio, em um movimento batizado como Primavera Árabe. A condenação de Ben Ali foi assistida com atenção em países como o Egito, cujo presidente também caiu no início deste ano.

MS/afp/rts
Revisão: Marcio Damasceno

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