Ex-primeira-dama de El Salvador condenada por corrupção
5 de junho de 2021
Ana Ligia de Saca foi sentenciada a dez anos de cárcere e devolução de quase US$ 18 milhões. Seu irmão recebeu pena semelhante, e Tony Saca já cumpre pena. Pleito presidencial de 2019 deu fim a décadas de bipartidarismo.
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A ex-primeira dama de El Salvador Ana Ligia de Saca foi condenada nesta sexta-feira (04/06) a dez anos de prisão por enriquecimento ilícito. O tribunal igualmente ordenou que ela devolva 17,6 milhões de dólares ao governo. Antes, seu irmão Oscar Edgardo Sol Mixco recebeu uma sentença semelhante.
O marido de Ana Ligia, o ex-presidente Tony Saca, já está cumprindo pena de dez anos por peculato e lavagem de dinheiro durante seu mandato de 2004 a 2009, além de ter que repor 260 milhões de dólares aos cofres públicos e estar proibido de ocupar cargo público por um período de dez anos.
Saca foi o primeiro chefe de Estado salvadorenho sentenciado por corrupção. Ele foi condenado em setembro 2018, após declarar-se culpado em conexão com o desvio de mais de 300 milhões de dólares em verbas públicas, para beneficiar seus próprios negócios ou terceiros. Segundo os tribunais, o político foi incapaz de explicar a origem de 6,5 milhões de dólares de renda durante seu mandato.
Dois outros ex-mandatários de El Salvador, Francisco Flores e Mauricio Funes, também foram acusados de corrupção. A nação centro-americana tem sido marcada por agitação política e desigualdade social. Em 2019, Nayib Bukele, ex-prefeito da capital San Salvador, foi eleito presidente, dando fim a quase três décadas de um sistema bipartidário liderado pela Aliança Republicana Nacionalista e a Frente Farabundo Martí para a Liberação Nacional.
av (AP,DPA)
A corrupção através da história do Brasil
História do país é marcada por episódios de corrupção. Uma seleção com alguns dos mais emblemáticos.
Foto: Reuters/P. Whitaker
As origens
A colonização do Brasil foi baseada na concessão de cargos, caracterizada pelo patrimonialismo (ausência de distinção entre o bem público e privado) e o clientelismo (favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade). Apesar de mudanças no sistema político, essas características se perpetuaram ao longo dos séculos.
Foto: Gemeinfrei
Roubo das joias da Coroa
Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.
Foto: Gemeinfrei
A República e o voto do cabresto
Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.
Foto: Gemeinfrei
Mar de lama
Até década de 1930, a corrupção era percebida comu um vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete.
Foto: Imago/United Archives International
Rouba mas faz
Engana-se quem pensa que Paulo Maluf é o criador do bordão "rouba mas faz". A expressão foi atribuída pela primeira vez a Adhemar de Barros (de bigode, atrás de Getúlio), governador de São Paulo por dois mandatos nas décadas de 1940 e 1960. O político ganhou fama por realizar grandes obras públicas, e nem mesmo as acusações constantes de corrupção contra ele lhe impediram de ganhar eleições.
Foto: Wikipedia/Gemeinfrei/DIP
Varrer a corrupção
Em 1960, o candidato à presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores.
Foto: Imago/United Archives International
Ditadura e empreiteiras
Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP
Caça a marajás
Mais uma vez um presidente que partia em campanha eleitoral prometendo combater a corrupção foi aclamado com o voto da população. Fernando Collor de Mello, que ficou conhecido como "caçador de marajás", por combater funcionários públicos que ganhavam salários altíssimos, renunciou ao cargo em 1992, em meio a um processo de impeachment no qual pesavam contra ele acusações que ele prometeu combater.
Foto: Imago/S. Simon
Mensalão
Em 2005, veio à tona o esquema de compra de votos de parlamentares aplicado durante o primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que ficou conhecido como mensalão. O envolvimento no escândalo de corrupção levou diversos políticos do alto escalão para a prisão, entre eles, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower
Lava Jato
A operação que começou um inquérito local contra uma quadrilha formada por doleiros tonou-se a maior investigação de combate à corrupção da história do país. A Lava Jato revelou uma imensa rede de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos. O pagamento de propinas por construtoras, descoberto na operação, provocou investigações em 40 países.