Ex-reservista alemão processado por espionagem para Rússia
2 de abril de 2022
Também ligado à economia, Ralph G. teria vazado para serviços secretos russos dados pessoais do alto escalão da Bundeswehr, assim como informações sobre as sanções de 2014 e o gasoduto Nord Stream 2.
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A Procuradoria Geral Federal da Alemanha abriu processo processo contra um ex-reservista militar por suspeita de espionar para os serviços de inteligência russos, que teria supostamente contatado agentes russos de outubro de 2014 a março de 2020.
De acordo com as leis de privacidade alemãs, a Procuradoria o denomina Ralph G.: "O acusado está sob suspeita suficiente de ter atuado para um serviço secreto estrangeiro contra a República Federal da Alemanha e contra um Estado-membro da Otan", reza a denúncia.
Segundo o documento, Ralph G. serviu na Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) como oficial de reserva e foi vice-diretor de um comando de ligação municipal. Além disso, integrou diversas comissões associadas à economia do país, em decorrência de sua ocupação profissional civil.
Ele teria partilhado documentos e informações com agentes russos "em numerosas ocasiões", ao longo de diversos anos, em retribuição a convites para eventos organizados pelo Kremlin. Entre as informações vazadas estariam dados sobre o sistema de reserva alemão em relação à cooperação civil-militar e à "defesa civil".
Ralph G. teria, ainda, transmitido aos agentes russos dados pessoais e contatos de membros do alto escalão da Bundeswehr; além de lhes fornecer uma noção das consequências das sanções econômicas impostas à Rússia em 2014, após a anexação da península ucraniana da Crimeia.
Entre os documentos vazados estariam, ainda, alguns relacionados ao controvertido e atualmente congelado projeto do gasoduto russo-alemão Nord Stream 2, prossegue a acusação. O julgamento de Ralph G. está marcado para se realizar no Tribunal Superior Regional de Düsseldorf.
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.