Ex-secretária nazista é acusada de cumplicidade em mortes
5 de fevereiro de 2021
Acusada trabalhou como secretária do comandante do campo de concentração de Stutthof entre 1943 e 1945, quando ainda era menor de idade. Mais de 65 mil prisioneiros foram mortos no local.
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Promotores alemães anunciaram nesta sexta-feira (05/02) que acusaram formalmente uma ex-secretária de um campo de concentração nazista de cumplicidade no assassinato de 10 mil pessoas. Esse é o primeiro caso criminal contra uma funcionária de um campo nazista nos últimos anos.
Os promotores afirmaram que a mulher – que não foi identificada por nome – trabalhou no campo de concentração de Stutthof, nas proximidades da antiga Danzig (atualmente Gdansk).
"Ela é acusada de ter auxiliado os responsáveis do campo no assassinato sistemático de judeus, poloneses e prisioneiros de guerra soviéticos russos em sua função de estenógrafa e secretária do comandante do campo", disseram os promotores em comunicado.
A acusada exerceu a atividade de secretária em Stutthof entre junho de 1943 e abril de 1945, época em que era menor de idade. Devido à sua idade na época, ela será julgada por um tribunal juvenil.
Além da acusação por "auxílio e cumplicidade em homicídio em mais de 10 mil casos", os promotores da cidade alemã de Itzehoe, no estado de Schleswig-Holstein, no extremo norte da Alemanha, também apresentaram uma denúncia contra a ex-secretária por cumplicidade em tentativa de homicídio.
Inicialmente destinado a prisioneiros políticos poloneses, o campo de concentração de Stutthof foi o primeiro a ser construído fora da Alemanha, no ano de 1939. No final da Segunda Guerra, o campo abrigava cerca de 115 mil deportados, muitos deles judeus, e 65 mil pessoas morreram no local.
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Veredicto de 2011 abriu precedente
A Alemanha tem corrido contra o tempo para levar à Justiça sobreviventes do aparato nazista após o veredicto de 2011 contra o ex-guarda John Demjanjuk, cuja condenação baseada em seu papel no maquinário assassino da era nazista determinou um precedente legal inédito para casos futuros.
Ao contrário do que ocorria nas últimas décadas, não é mais necessário na Alemanha que os promotores tenham de provar o envolvimento direto em assassinatos individuais de forma a obter a condenação por crimes de guerra nazistas. As acusações também podem ser feitas a pessoas que são consideradas cúmplices.
Entre os que enfrentaram tardiamente a Justiça alemã estavam Oskar Gröning, conhecido como "o contador de Auschwitz", e Reinhold Hanning, um ex-guarda da SS – organização paramilitar do regime nazista –, que atuou no mesmo campo de concentração. Ambos foram condenados por cumplicidade em homicídios em massa aos 94 anos, mas morreram antes de iniciarem o cumprimento da pena.
Eles eram funcionários do partido, militares, servidores administrativos, diplomatas ou industriais. Todos serviram ao regime de Hitler. Em 20 de novembro de 1945, iniciou-se o julgamento de 21 réus perante o Tribunal dos Aliados, criado especialmente para tratar dos crimes do nazismo.
Segundo a União Soviética, os julgamentos deveriam ocorrer em Berlim. Contudo, ao contrário dos edifícios da capital do Reich, o Palácio da Justiça de Nurembergue só fora levemente destruído durante a guerra, oferecendo espaço amplo, além de dispor de uma prisão própria. O fato de a cidade na Baviera ter servido de palco para os comícios do partido nazista também tinha um peso simbólico.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Franz von Papen: preparando o caminho para Hitler
O vice-chanceler do Reich tentou manter Hitler em xeque, um governo de coalizão com forças conservadoras nacionais, mas logo foi relegado a um posto de diplomata. Absolvido em Nurembergue, num processo posterior de desnazificação ele foi apontado como o principal réu. Condenado a oito anos em campo de trabalhos forçados, Von Papen acabou sendo libertado em 1949.
Foto: picture-alliance/dpa
Hermann Göring: o "marechal do Reich"
Göring era o nacional-socialista mais graduado no banco dos réus, tendo acumulado diversos cargos sob Hitler. Sua responsabilidade era proporcionalmente grande. Ainda assim, alegava nada saber sobre os campos de concentração. Göring foi considerado culpado de todas as acusações e, por fim, condenado à morte. Na véspera da execução, porém, pôs fim à vida com uma cápsula de cianeto.
Foto: dpa
Rudolf Hess: o vice do Führer
Fiel seguidor de Hitler, Hess foi nomeado vice na liderança do partido. Em 1941, embarcou num voo para a Escócia, aparentemente por conta própria, e tentou em vão fechar um acordo de paz com o governo britânico. Em Nurembergue, foi condenado à prisão perpétua. Em 1987, aos 93 anos, Hess suicidou-se na prisão militar dos Aliados, em Spandau.
Foto: Getty Images/Central Press
Hans Frank: o "açougueiro da Polônia"
Como governador-geral na Polônia ocupada, Frank investiu na exploração desenfreada do país. Ele foi responsável pelo assassinato de centenas de milhares de poloneses e judeus. Sobre estes últimos, disse em 1939: "Quanto mais [judeus] morrerem, melhor." Diante da condenação, Frank acabou se voltando para o catolicismo. Sobre a pena de morte, disse: "Eu a mereço e aguardo por ela."
Foto: Wikipedia/Bundesarchiv
Joachim von Ribbentrop: ministro do Exterior
Ribbentrop deixou claro que o Ministério das Relações Exteriores não era "puro", mas sim profundamente envolvido nos crimes do regime nazista. As missões diplomáticas no exterior, por exemplo, trabalharam em estreita colaboração com a SS e outras organizações no genocídio de judeus. Ribbentrop não demonstrou nenhum remorso em Nurembergue, e foi o primeiro dos condenados à morte a ser executado.
Foto: akg-images/picture alliance
Albert Speer: o arquiteto favorito de Hitler
Speer (2º à esq.) foi o principal arquiteto do nazismo. Hitler era grande fã de seus edifícios monumentais. O tribunal, por outro lado, estava mais interessado no papel de Speer como ministro de Armamentos e Munições. Ele se apresentou como idealista equivocado e conseguiu encobrir parte de suas ações, como a expansão dos campos de concentração. Escapou por pouco à pena de morte.
Foto: Getty Images/Hulton Archive
Gustav Krupp: o magnata dos armamentos
O diplomata Gustav Krupp von Bohlen und Halbach (dir.) se tornou grande industrial através do casamento com Bertha Krupp, herdeira da gigante siderúrgica alemã. Inicialmente se distanciou de Hitler, mas, com o crescente papel da empresa no setor de armamentos, logo cedeu. Devido à saúde precária de Gustav von Krupp, seu processo foi arquivado.
Foto: picture-alliance/dpa
Karl Dönitz: o último "presidente do Reich"
Como comandante da Marinha, Dönitz (c., entre Mussolini e Hitler) foi responsável por emitir slogans de perseverança suicida às tripulações dos submarinos. Pouco antes de cometer suicídio, Hitler o nomeou "presidente do Reich". Após dez anos de prisão, Dönitz permaneceu um ferrenho nacional-socialista até o fim da vida