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Exames entregues por Bolsonaro deram negativo para covid-19

13 de maio de 2020

Presidente usou codinomes "Airton" e "Rafael" nos testes, segundo laudos recebidos pelo STF e tornados públicos após autorização do ministro Lewandowski. Recusa de Bolsonaro a mostrar os exames gerou disputa judicial.

Jair Bolsonaro, de máscara, ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro Braga Netto
Bolsonaro vinha se recusando a mostrar seus exames com a justificativa de que tem direito à privacidadeFoto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres

Os exames feitos pelo presidente Jair Bolsonaro tiveram resultado negativo para o novo coronavírus, segundo laudos recebidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgados publicamente nesta quarta-feira (13/05), após autorização do ministro Ricardo Lewandowski.

Os documentos mostram que Bolsonaro usou os pseudônimos "Airton Guedes" e "Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz" para realizar os exames, embora outros dados pessoais, como CPF, RG e data de nascimento, tenham sido informados corretamente.

O presidente fez os testes em março, após retornar de uma viagem aos Estados Unidos. Ele afirmou à época que testou negativo em todos eles, mas vinha se recusando a apresentar os laudos.

Dos três exames entregues ao STF, dois foram realizados no laboratório Sabin e um na Fiocruz. Neste último, Bolsonaro foi identificado apenas por um número, "05", segundo a imprensa brasileira. Dados de seus documentos não foram informados nesse caso.

Os documentos só foram divulgados após o jornal O Estado de S. Paulo mover uma ação na Justiça para ter acesso ao resultado dos testes. A Justiça deu duas vezes ganho de causa ao jornal, mas a defesa do presidente recorreu a instâncias superiores.

Na sexta-feira passada, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, suspendeu a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) que obrigara o governo federal a apresentar à Justiça os exames.

Na decisão, Noronha entendeu que é assegurado ao presidente e a todos os cidadãos a proteção à privacidade, acatando, assim, a argumentação da defesa de Bolsonaro.

Diante disso, O Estado de S. Paulo recorreu na terça-feira ao STF, a última instância possível, e Lewandowski foi escolhido relator do caso. O jornal argumentou que a liberdade de imprensa contempla o acesso a todas as informações de interesse público.

Os exames foram, por fim, entregues na terça-feira pela Advocacia-Geral da União (AGU), e nesta quarta-feira Lewandowski autorizou a divulgação dos laudos.

O interesse pelos resultados dos exames de Bolsonaro foi despertado na primeira quinzena de março, quando duas dezenas de membros do governo contraíram a doença após o presidente e ministros voltarem de uma viagem aos EUA.

Mesmo com a contaminação avançando entre seu círculo, Bolsonaro se juntou a aglomerações, como protestos inconstitucionais em Brasília, abraçando e cumprimentando apoiadores.

Na época, ele afirmou que os exames tiveram resultado negativo, mas nunca mostrou os documentos. Nas semanas seguintes, Bolsonaro continuou a minimizar a doença e chegou a afirmar que, se a contraísse, ela não seria mais que uma "gripezinha" por causa do seu "histórico de atleta".

O presidente também demonstrou irritação com a cobrança. "Vocês nunca me viram aqui rastejando, com coriza… eu não tive, pô. E não minto. E não minto", afirmou em 28 de abril, argumentando ainda que a divulgação dos resultados violaria sua privacidade.

"Se nós dois tivermos com aids [disse ele a um jornalista], por exemplo, a lei nos garante o anonimato. Por que pra mim tem que ser diferente?", declarou.

Na ocasião, ele também explicou que usa um "nome fantasia" para pedidos de receitas e exames. "Eu sempre falei com o médico: 'Bote o nome de fantasia, que pode ir pra lá Jair Bolsonaro', já era manjado, principalmente em 2010 quando eu comecei a aparecer muito, né. Alguém pode fazer alguma coisa esquisita."

EK/ots/abr

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