Bebidas altamente calóricas, fast food e pouca atividade física são responsáveis por cada vez mais pessoas com sobrepeso. Especialista da OMS adverte que mortes causadas por obesidade vão superar as por subnutrição.
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Parece um paradoxo: num lado do planeta, a indústria de emagrecimento cresce como nunca; no outro, ainda se luta contra a subnutrição. Mas o que os países no mundo têm em comum é que o excesso de peso se espalha cada vez mais. Especialistas consideram excesso de peso um índice de massa corporal (IMC) 25 . A obesidade – que é a forma extrema do excesso de peso e começa a partir de um IMC 30 – mais que duplicou no mundo desde 1980.
Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que, muitas vezes, o problema já começa na infância e se agrava na idade adulta. O gráfico abaixo mostra a percentagem de crianças menores de cinco anos que têm excesso de peso ou obesidade. Enquanto em alguns países, como Camboja, somente 2% delas estão acima do peso, em outros, como Egito ou Montenegro, a taxa supera os 15%.
Temo Waqanivalu, do Departamento de Doenças Não Contagiosas e Promoção de Saúde da OMS, explica: "Além da genética, o meio em que a criança cresce é crucial, porque ela não pode tomar decisões próprias. Ela se adapta aos pais e ao seu meio, por exemplo, no que come". Segundo o médico, isso até já começa na gravidez. Se a gestante se alimentar mal, ela não só alimenta mal o feto, como também influencia os futuros hábitos alimentares dele.
Da mesma forma como há uma continuidade entre a fase pré-natal e a fase depois de nascer, também há uma entre a infância e a idade adulta. Quem já teve excesso de peso ou obesidade nos primeiros anos de vida, tem um risco maior de enfrentar esse problema como adulto.
O segundo gráfico mostra que, até a idade adulta, a taxa de excesso de peso e obesidade se multiplica. Em muitos países, mais da metade das pessoas maiores de 18 anos está acima do peso: no Brasil, por exemplo, 54,1%; na Alemanha, 54,8%. Países com taxas de excesso de peso baixas são Bangladesh e Níger, com menos de 20%, nações com taxas altas são os Emirados Árabes Unidos e Qatar, com mais de 70%.
Por que essas diferenças? "Excesso de peso geralmente se deve a uma alimentação com muita gordura, açúcar e sal. E, ao mesmo tempo, a falta de esforço físico. Nos diversos países, encontram-se diferentes condições e modos de viver que podem ou não favorecer isso," diz Waqanivalu.
A cultura também desempenha um papel importante, de modo que, em algumas nações árabes e africanas, ser gordo é considerado bonito. "Nesses países, ainda falta uma consciência de que excesso de peso e obesidade são problemas que afetam a saúde da pessoa e, afinal de contas, também o sistema de saúde e o Estado", aponta o médico.
O que chama a atenção quando se examina os dados da OMS, é que não só países industrializados registram altas taxas de excesso de peso. Os tempos em que sobrepeso era problema exclusivamente dos ricos, acabaram. Segundo Waqanivalu, pessoas pobres até são mais vulneráveis a uma nutrição errada: "Alimentos altamente calóricos e processados geralmente são mais baratos do que alimentos saudáveis. Isso faz com que pessoas pobres se alimentem pior".
Além disso, camadas mais baixas da população têm um acesso limitado à educação, e, por isso, são menos esclarecidas sobre uma alimentação saudável. Por essas razões, a África é um dos lugares onde o número de pessoas obesas aumentou mais nos últimos anos, explica o funcionário da OMS.
Excesso de peso e obesidade são problemas mundiais que, devido ao nosso modo de viver, se agravaram nas últimas décadas. E, se não for feito nada contra, vão se agravar ainda mais. Waqanivalu acha que não está tão longe o momento em que haverá mais mortes causadas por obesidade do que por subnutrição.
Para evitar isso, ele tem algumas sugestões: "É necessário que a indústria alimentícia seja mais regulada. Países poderiam, por exemplo, introduzir uma taxa para bebidas com muito açúcar. Além disso, é importante restringir as propagandas sobre alimentos: principalmente crianças são facilmente manipuladas por elas."
Dez verdades amargas sobre o açúcar
Aumento do consumo de açúcar afeta seriamente a saúde da população do planeta, e a Organização Mundial da Saúde alerta para uma "epidemia global". Confira dez riscos associados ao produto.
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Engorda
No corpo, o açúcar é convertido em gordura por volta de duas a cinco vezes mais rapidamente que os amidos. Ou seja, quando comemos açúcar, alimentamos nossas células de gordura. A frutose no produto também é metabolizada pelo fígado, o que pode contribuir para a esteatose hepática ou "fígado gorduroso". Isso pode promover a resistência à insulina e levar a diabetes do tipo 2.
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Afeta o humor
Em pequenas quantidades, o açúcar promove a liberação da serotonina, um hormônio que estimula o humor. No entanto, o consumo elevado do produto pode fomentar a depressão e a ansiedade. Mudanças repentinas nos níveis de açúcar no sangue também podem levar à irritabilidade, ansiedade e alterações de humor.
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Contribui para o envelhecimento
Já é sabido que o açúcar afeta a saúde, mas também atinge a pele. Isso acontece em parte devido à glicação, processo pelo qual moléculas de açúcar se ligam às fibras de colágeno. Como resultado, estas perdem sua elasticidade natural. O excesso de açúcar também prejudica a microcirculação, o que retarda a renovação celular. Isso pode estimular o desenvolvimento de rugas e o envelhecimento precoce.
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Prejudica o intestino
A flora intestinal promove a digestão e protege o sistema digestivo de bactérias nocivas. O consumo elevado de açúcar deixa a microbiota intestinal fora de sintonia. Fungos e parasitas adoram açúcar. O excesso do fungo "Candida albicans" pode levar a uma série de sintomas irritantes. E o açúcar também contribui para o resfriado, a diarreia e gases.
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Pode viciar
Em pessoas adiposas, o cérebro responde ao açúcar, liberando dopamina, da mesma forma que responde ao álcool e a outras substâncias que causam dependência. Faça o teste: evite todos os alimentos e bebidas adocicadas por dez dias. Se você começar a ter dor de cabeça e picos de irritabilidade após um ou dois dias, e passar a ter desejo por açúcar, então pode estar sofrendo de abstinência de açúcar.
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Provoca agressividade
Pessoas que consomem açúcar em excesso são mais propensas a assumir um comportamento agressivo. Crianças que sofrem de deficit de atenção e hiperatividade também são afetadas pelo açúcar. O consumo elevado do produto afeta a concentração e fomente a hiperatividade. É por isso que é uma boa ideia que as crianças evitem comer açúcar durante o horário escolar.
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Enfraquece o sistema imunológico
Depois do consumo de açúcar, a capacidade do sistema imunológico de matar germes é reduzida para até 40%. O açúcar também enfraquece o estoque de vitamina C, da qual os leucócitos necessitam para combater vírus e bactérias. O doce produto também fomenta o processo inflamatório e mesmo a menor inflamação pode desencadear graves doenças.
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Contribui para o Alzheimer
Estudos mostraram que o excesso de consumo de açúcar aumenta o risco de desenvolvimento da Doença de Alzheimer. Uma pesquisa de 2013 mostrou que a resistência à insulina e altos valores de açúcar no sangue – ambos são comuns no diabetes – estão associados a um maior risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.
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Eleva o risco de câncer
As células cancerígenas precisam do açúcar para se multiplicar. Uma equipe internacional de pesquisa, chefiada por Lewis Cantley, da Escola Médica de Harvard, está pesquisando como o açúcar pode contribuir para o crescimento de células malignas. Cantley acredita que o açúcar refinado faz com que células cancerígenas se transformem em tumores e recomenda o menor consumo possível do produto.
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Provoca perda de memória
O consumo elevado de açúcar pode ter efeito negativo sobre a memória. Segundo estudo realizado pelo Hospital Universitário Charité de Berlim, pessoas com níveis elevados de açúcar no sangue têm um hipocampo menor, parte do cérebro fundamental para memória de longo prazo. Na pesquisa, o desempenho de pessoas com quantidade elevada de açúcar no sangue foi pior do que aquelas com níveis menores.