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Experiências de uma teuto-brasileira na Alemanha

Ethel Vera Figur23 de julho de 2004

Professora de alemão relata o reencontro com o idioma que herdou dos antepassados e a descoberta 'in loco' da cultura alemã.

A cidade alemã de StuttgartFoto: Copyright Stuttgart-Marketing GmbH

Como neta de alemães, ou melhor de europeus falantes da língua alemã, desde o berço tive contato com a mesma. Meu avô materno, Frederico Deuter Filho, nasceu em 1902 em Stuttgart, e emigrou para o sul do Brasil com sua família aos sete anos. Apesar de não conhecê-lo, sempre ouvia histórias acerca das dificuldades que a família enfrentou, seja com a língua, cultura ou clima, mas principalmente com a precariedade de recursos ali disponíveis. Acredito que o maior choque quem viveu foi minha bisavó, que estava acostumada a um certo grau de conforto que nunca mais alcançou em toda a sua vida.

Clube Concórdia em Curitiba, fundado por imigrantes alemãesFoto: www.guiageográfico.com

Meus outros avós, todos estrangeiros, vieram de antigas colônias alemãs na atual Polônia e Rússia. Assim cresci em um vilarejo que pertence à cidade de Marechal Cândido Rondon, no interior do Paraná, onde meus pais, entre outros moradores também de ascendência alemã, foram pioneiros na década de 50.

Da língua familiar ao aprendizado como adulta

Era comum às crianças da minha geração falarem alemão com seus pais ou familiares, mesmo que com grande deficiência gramatical e vocabulário restrito. Ao ir para a escola, o uso da língua alemã se tornou cada vez mais espaçado e foi quase esquecido. Porém, eu sempre flertava com a idéia de aprender a língua alemã.

Logo depois que iniciei o curso de História na universidade, a Secretaria de Educação do Estado propôs a substituição da língua inglesa pela alemã no ensino fundamental ( 5ª até 8ª série ), onde essa fosse ao encontro da realidade da clientela, como por exemplo na minha cidade. Não havia professores aptos, esses seriam preparados de forma intensiva, e eu era um deles. Era a minha oportunidade!

Mesmo concluindo a licenciatura em História, eu preferia lecionar alemão. O caminho de aprendizagem da língua foi árduo, longo, informal, por vezes solitário, mas eu nunca desisti. Por um lado era um desafio, por outro eu via uma perspectiva profissional melhor.

Descobertas na Alemanha

Desde as primeiras aulas no Instituto Goethe em Curitiba até hoje, vão-se 16 anos permeados por algumas viagens à Alemanha, onde participei de seminários e cursos. A formação acadêmica em Germanística foi concluída na Universidade Federal do Paraná em janeiro de 2004.

Agora estou aqui novamente, mas com um outro propósito: o de contrair matrimônio com Werner, um alemão de Bonn que conheci em uma dessas vindas . Hoje posso dizer que a maior herança que recebi dos meus antepassados foi o interesse pela língua e cultura que me renderam uma profissão, a oportunidade de conhecer o país e a cultura alemã, além de conhecer a pessoa com quem quero constituir uma família e partilhar o resto dos meus dias.

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