Experimento alemão testa contágio em grandes shows
22 de agosto de 2020
Cientistas querem avaliar o risco de disseminação do coronavírus em eventos culturais e esportivos de grande porte. Para isso, cantor pop fez três concertos em condições de distanciamento e higiene distintas.
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A Universidade de Halle, na Alemanha iniciou neste sábado um grande experimento com mais de 2 mil participantes para tentar determinar se é possível autorizar novamente a realização de shows de música pop, apesar da pandemia de covid-19.
Um famoso cantor pop alemão, Tim Bendzko, aceitou fazer três shows no mesmo dia em diferentes condições na cidade de Leipzig, para permitir que os pesquisadores determinem qual seria a melhor forma de evitar contágios nesses eventos.
Tudo ocorre numa grande sala de concertos, a Leipzig Arena, e só pessoas jovens e saudáveis, com exames negativos para o coronavírus, são aceitas, para limitar os risco de contaminação..
O primeiro cenário lembra os shows antes da pandemia, enquanto no segundo, o público segue regras de higiene. O terceiro formato é realizado com os expectadores em número reduzido, mantendo distância de 1,5 metro uns dos outros.
Os voluntários dos concertos primeiro permitem que sua temperatura seja medida. Eles devem usar uma máscara do tipo FFP2 e um aparato que permite rastrear todos os seus movimentos e contatos no ambiente.
Desinfetantes fluorescentes permitem também observar as superfícies que eles tocam com mais frequência. "Queremos estudar quanto contato os participantes têm uns com os outros durante um show, o que na verdade ainda não está claro", diz Stefan Moritz, especialista que chefia o estudo.
A universidade também planejou medir a trajetória dos aerossóis exalados pelos espectadores – pequenas partículas que, segundo os especialistas, têm papel importante na contaminação.
Com os dados recolhidos, os pesquisadores pretendem definir um modelo matemático para avaliar os riscos de contaminação pelo novo coronavírus em grandes eventos. Os resultados do estudo são esperados para outubro.
O projeto, batizado de Restart-19, orçado em 1 milhão de euros (6,63 milhões de reais) é um esforço conjunto entre os estados alemães de Saxônia-Anhalt e Saxônia. Nesses dois estados, eventos com multidões de até mil pessoas são atualmente permitidos sob determinadas condições.
Mas os pesquisadores esperam encontrar maneiras de voltar a realizar eventos culturais e esportivos sem a necessidade de tais proibições. "É tudo uma questão de adotar uma abordagem baseada em evidências", afirma Michael Gekle, reitor da faculdade de medicina da Universidade de Halle.
Pesquisas semelhantes estão em andamento na Austrália, Bélgica e Dinamarca.
A Alemanha superou os 2 mil novos casos diários de covid-19 nas últimas 24 horas, cifra que não era alcançada desde o fim de abril, durante o pico da pandemia.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, advertiu recentemente que não vê margem para relaxar as restrições no momento em que o país registra um aumento dos casos de covid-19.
Enquanto a covid-19 recrudesce, escolas procuram proteger seus alunos. Com máscaras, distanciamento, termômetros e até cubículos de plástico. Dos EUA à Nova Zelândia, da Tunísia à Suécia. E um 'Kit Abraço' brasileiro.
Foto: Getty Images/L. DeCicca
Tailândia: Aula na caixa de plástico
Os cerca de 250 alunos da Escola Wat Khlong Toey têm que ficar atrás de cubículos de acrílico e manter as máscaras de proteção durante as aulas. Diante de cada sala de aula encontram-se pias e saboneteiras, à entrada do edifício estão aparelhos para medir a temperatura. As severas medidas mostram resultado: desde meados de julho não se registraram novos contágios de covid-19 na escola.
Foto: Getty Images/L. DeCicca
Alemanha: Máscaras e disciplina
A Renânia do Norte-Vestfália, estado mais populoso da Alemanha, é o único onde é obrigatório usar máscara nas instituições de ensino mesmo durante as aulas. É preciso disciplina, e as alunas e alunos da Escola Primária Petri, em Dortmund, dão o exemplo. Como o ano letivo começou em 12 de agosto, ainda é cedo para avaliar o efeito da medida.
Foto: Getty Images/AFP/I. Fassbender
Índia: Aula pelos alto-falantes
Esta escola do lugarejo de Dandwal, no estado de Maharashtra, Oeste da Índia, também pensou nos que não possuem acesso à internet em casa. Para recuperar as matérias perdidas, os escolares podem escutar aulas pré-gravadas através de alto-falantes, ao ar livre e mantendo distanciamento. Maharashtra foi duramente atingido pela pandemia do coronavírus.
Foto: Reuters/P. Waydande
Nova Zelândia: Livre do coronavírus? Quase.
Estas meninas da capital neozelandesa, Wellington, estão felizes de poder ir às aulas. A situação é diferente em Auckland: após 102 dias com o país aparentemente livre de novas infecções, na segunda semana de agosto foram detectados quatro casos na metrópole. Fecharam-se escolas e todos os estabelecimentos comerciais não essenciais, os cidadãos foram instados a permanecer em casa.
Foto: Getty Images/H. Hopkins
Suécia: Diferente também nas escolas
Na Suécia ainda são férias de verão, mas essa imagem de fim de semestre no Ginásio Nacka, em Estocolmo, é bem simbólica do caminho alternativo escolhido pelo país escandinavo na luta contra o coronavírus: ao contrário da maioria das demais nações, não se impôs nem obrigatoriedade de máscara nem fechamento de escolas e outros estabelecimentos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/TT/J. Gow
Territórios Palestinos: Recomeço após cinco meses
As aulas voltaram também nesta escola em Hebron, Cisjordânia, cerca de 30 quilômetros ao sul de Jerusalém, ainda que de máscaras e, em alguns casos, também luvas. Apesar do rosto coberto, a alegria da professora pelo reencontro é visível: as escolas da região estavam fechadas desde março devido à epidemia, tendo Hebron como epicentro.
Foto: Getty Images/AFP/H. Bader
Tunísia: Máscaras desde maio
Esta classe em Túnis já dava o exemplo desde cedo. Em março, diversas escolas da Tunísia ficaram fechadas por diversas semanas. O governo investiu em aulas particulares e ofertas educacionais na televisão e na internet. No terceiro trimestre voltam as aulas normais no país norte-africano, com máscara compulsória.
Foto: Getty Images/AFP/F. Belaid
Congo: Aula, só de cabeça fria
Não é uma arma o que se aponta para a cabeça desse adolescente de Kinshasa, capital do Congo. Pelo contrário, no subúrbio chique de Lingwala, as autoridades tomam todo cuidado com a segurança sanitária dos alunos: eles só podem ingressar na Escola Reverend Kim após ter sua temperatura medida, e respeitando a obrigatoriedade de máscara protetora.
Foto: Getty Images/AFP/A. Mpiana
EUA: Duro aprendizado no campeão de infecções
Também nos Estados Unidos a medição da temperatura corporal agora faz parte do dia-a-dia escolar. E são urgentemente necessárias medidas para conter a covid-19 na maior potência mundial, pois o número de novos contágios e óbitos continua crescendo, no país mais severamente atingido pandemia.
Foto: picture-alliance/Newscom/P. C. James
Brasil: "Kit Abraço" contra a saudade
Maura Silva é professora de uma escola pública da Zona Oeste do Rio de Janeiro, na proximidade de algumas grandes favelas. Para minorar pelo menos um pouco o sofrimento de seus pequenos protegidos, ela criou o "Kit Abraço", que permite matar as saudades com segurança. Aqui, ela visita um aluno em casa e o ajuda a colocar as luvas, antes de se abraçarem.