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Criminalidade

Explosão de carro-bomba mata dezenas em Bogotá

17 de janeiro de 2019

Atentado em academia de polícia da capital colombiana deixa ao menos 21 mortos e mais de 60 feridos. Presidente classifica ataque de ato terrorista e promete punição. Trata-se do ataque mais mortal no país desde 2006.

Kolumbien Bombenanschlag auf Polizeischule in Bogota
Foto: Reuters/L. Gonzalez

A explosão de um carro-bomba no estacionamento de uma academia de polícia em Bogotá deixou ao menos 21 mortos e 68 feridos. O atentado ocorreu nesta quinta-feira (17/01) na Escola de Policia General Francisco de Paula Santander.

O promotor-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, afirmou que o veículo era conduzido por um homem identificado como José Aldemar Rojas Rodríguez, que morreu na explosão.

Não está claro se Rojas Rodríguez integrava algum grupo armado ilegal. Também não está claro se se trata de um atentado suicida ou se os explosivos foram detonados à distância, sem dar tempo ao motorista para escapar, como já ocorrera em outras ocasiões no país.

Classificado pelas autoridades de terrorista, o atentado remete aos tempos em que o país estava mergulhado em conflitos envolvendo o narcotráfico e movimentos guerrilheiros. O presidente da Colômbia, Iván Duque, decretou três dias de luto oficial.

"Os cadetes que o terrorismo atacou [...] representam o melhor da Colômbia: sua diversidade, já que vêm de distintas regiões, inclusive de países vizinhos, como Equador e Panamá", disse o presidente. Diante disso, Duque afirmou que "os terroristas buscam intimidar" a Colômbia como sociedade "e amedrontar o Estado" colombiano.

Árvores foram danificadas por explosão de carro-bomba, ocorrida no estacionamento da academia de políciaFoto: picture-alliance/dpa/colprensa

"A Colômbia mostrará que é uma nação forte, unida e que não se quebra diante da demência dessas agressões", afirmou. O presidente estava numa reunião sobre segurança no oeste do país e retornou imediatamente a Bogotá quando soube do atentado.

"Todos nós, colombianos, rechaçamos o terrorismo e estamos unidos para enfrentá-lo. A Colômbia se entristece, mas não se dobra diante da violência", acrescentou em outro tuíte.

Imagens dos arredores da academia de polícia, localizada no sul da capital, mostram a lataria do carro-bomba retorcida e árvores partidas pela força da explosão. Janelas de apartamentos vizinhos quebraram. Fazia mais de uma década que uma instalação da polícia ou militar do país não era alvo de um ataque de grandes proporções.

Familiares de cadetes da escola se reuniram no local, muitos deles chorando enquanto aguardavam informações.

Segundo a promotoria pública, no atentado foi utilizada uma SUV cinza Nissan Patrol modelo 1993 carregada com 80 quilos de explosivos, que invadiu a academia policial e, segundos depois, voou pelos ares depois de bater contra um alojamento feminino. As autoridades não explicaram como foi possível invadir a academia. Trata-se de uma das instituições mais vigiadas do país.

Não ficou imediatamente claro quantas pessoas estão por trás do ataque e se elas conseguiram fugir ou morreram no local. Duque afirmou ter ordenado que as forças de segurança do país encontrem os responsáveis pelo atentado e os levem à Justiça.

O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, disse que toda a capacidade investigativa da entidade está "dedicada a desmascarar os terroristas em conjunto com a polícia".

Restos de um carro incinerado na academia de polícia onde ocorreu o atentado, em BogotáFoto: picture-alliance/dpa/colprensa

Carros-bombas eram usados com frequência nos tempos do cartel de Medellín, liderado pelo traficante Pablo Escobar, assim como durante as décadas de conflito armado entre o Estado e diferentes grupos rebeldes de esquerda.

Trata-se do mais mortal atentado na Colômbia desde 2006. O país sofreu muitos desses ataques ao longo de décadas de guerra civil, abrandada consideravelmente quando o presidente anterior da Colômbia, Juan Manuel Santos, assinou um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016. A liderança do antigo grupo guerrilheiro condenou o ataque desta quinta.

O último atentado de grande porte havia ocorrido em janeiro do ano passado, quando o maior grupo rebelde em atividade, o Exército de Libertação Nacional (ELN), detonou uma bomba na cidade de Barranquilla, matando cinco policiais e deixando dezenas de feridos.

Formado hoje por cerca de 2.000 combatentes, o ELN é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e começou a negociar um fim do conflito com o governo em fevereiro de 2017. Duque, que assumiu a presidência em agosto passado, condicionou uma retomada das negociações de paz à suspensão das hostilidades e à libertação de reféns.

Nesta quarta-feira, o ELN afirmou em comunicado ter sequestrado três tripulantes de um helicóptero civil "neutralizado" pelo grupo na semana passada. Em resposta, Miguel Ceballos, alto-comissário para a Paz da Colômbia, afirmou que o ELN "está se afastando cada vez mais da possibilidade de diálogo".

Até o momento, não há indícios de que o ELN esteja por trás do ataque de quinta-feira ou de que o sequestro anunciado na véspera tenha alguma conexão com o atentado.

LPF/PV/efe/rtr/ap

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