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Arte dos romas e sintos

4 de dezembro de 2011

Em cartaz em Berlim, exposição reúne artistas de diversos países que usam a arte contemporânea para tratar dos problemas e da discriminação na Europa dos sintos e roma.

Exposição 'Reconsidering Roma' em BerlimFoto: Delaine Le Bas 2009-11

A artista Delaine Le Bas, nascida na Inglaterra, brinca com o estereótipo dos sintos e roma. Sua obra mostra uma boneca em tamanho real, vestida com roupas coloridas e com o rosto inclinado para o chão. A dor ali não é no corpo, e sim na alma.

Chamados pejorativamente de ciganos, os sintos e roma totalizam uma população de 6,2 milhões na União Europeia e cerca de 11 milhões em todo o continente. Mesmo estabelecidos em alguns países há séculos, a ideia de um povo sem pátria que vaga pela Europa só reforça o preconceito e a exclusão.

Brincando com clichês

A exposição "Reconsiderando Roma – Aspectos da Vida dos Roma e Sintos na Arte Contemporânea" está sendo exibida até 11 de dezembro na Kunstquartier Bethanien em Berlim. Muitos dos artistas da exposição têm ascendência rom ou sinti e já foram vítimas de descriminação. Lith Bahllmann e Matthias Reichelt, curadores da mostra, dizem que o tema é muito pouco recorrente no circuito internacional de arte e que a exposição é um passo para uma mudança.

Instalação 'Witch Hunt' da rom nascida na Inglaterra Delaine Le BasFoto: Reconsidering Roma/Moritz Pankok

Intitulada Caça às bruxas, a obra de Le Bas vai além da boneca em tamanho real. Em uma espécie de tenda, ela cria um universo completo de clichês sobre sua origem. Um retrato de uma Madonna negra, uma criança num cavalo de balanço e uma parede cheia de grafites, fotos, perguntas, bandeiras, tecidos e símbolos políticos.

A visão de um povo desonesto e com mulheres sedutoras colide com provas de perseguição, tortura e assassinato. Uma realidade que a artista vive na pele, já que devido a sua origem e aparência cresceu sendo chamada de "cigana" e "bruxa".

Racismo com tradição

Segundo Silvio Peritore, do centro alemão de documentação e cultura sinti e rom, o racismo contra a minoria e o preconceito nunca estiveram mais vivos. Especialmente nos países que ingressaram mais recentemente na União Europeia, os sintos e roma vêm há anos tendo seus direitos humanos e democráticos negados e não têm as mesmas oportunidades de igualdade e participação social.

Na Hungria, a violência de grupos extremistas de direita é particularmente acentuada. Somente em 2009, houve 11 assassinatos que comprovadamente aconteceram por discriminação racial, acentua Peritore.

Pintura de Ceija Stoika lembra a perseguição dos roma e sintos no nazismoFoto: Reconsidering Roma/Ceija Stoika

Passado esquecido

O pintor vienense Karl Stojka e sua irmã Ceija também fazem parte da exposição. Com suas obras, ele espera quebrar o silêncio que permeia os crimes cometidos contra roma e sintos na Alemanha nazista. "O efeito do Holocausto na comunidade rom não é muito conhecido e reunimos essas obras em um lugar porque achamos importante tornar esse tópico mais visível", declarou Bahllmann.

Mais de meio milhão de sintos e roma foram mortos durante o nazismo. Na consciência coletiva, o genocídio foi largamente reprimido, se não desprezado. As vítimas do nazismo nunca foram reconhecidas como tal e seu sofrimento não foi considerado.

Em março de 1982, mais de três décadas depois do fim do nazismo, o então chanceler federal alemão Helmut Schmidt reconheceu pela primeira vez os crimes contra os sintos e roma como genocídio baseado em preconceito racial.

A exposição também marca o lançamento do livro com o mesmo nome. Além de conter obras de jovens artistas, os textos examinam a situação destas minorias na Europa.

Autoras: Silke Bartlick/ Louise Osborne (mas)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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