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Exposição do MoMA é o acontecimento do ano em Berlim

Oliver Samson / Neusa Soliz20 de fevereiro de 2004

Fechado para reformas, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) cedeu 200 quadros a Berlim, onde eles estarão expostos até setembro. A cidade festeja "a volta da modernidade".

A noite estrelada de van Gogh agora brilha em Berlim

O berlinense que não sabia o significado da sigla MoMA, abreviatura de Museu de Arte Moderna de Nova York, no mais tardar ficará sabendo agora, com a chegada de parte de seu acervo, exposto na Nova Galeria Nacional, pois não se fala de outra coisa.

A mostra abrange desde os últimos impressionistas, passando pelos clássicos modernos até a arte contemporânea. Enquanto Cezanne, Chagall, Picasso, Matisse, Gauguin, Monet e van Gogh representam a "velha Europa", Pollock, Hopper, Warhol e Johns estão para a arte contemporânea do Novo Mundo.

A saudade das obras contemporâneas perdidas

Mas sua importância vai muito além disso. Para Berlim, é a oportunidade de recordar a melhor parte de sua tradição como centro das manifestações artísticas de vanguarda no início do século 20.

Isso foi antes de que a barbárie nazista tachasse as novas tendências de "arte degenerada", expurgando muitos quadros de museus e coleções. Nesse sentido, a fala-se da "volta da modernidade a Berlim".

Para Peter Klaus Schuster, diretor da Nova Galeria Nacional, Berlim tem uma profunda saudade desses tempos e um forte desejo de "retorno da modernidade", depois que ela foi banida da cidade. Na mostra, vê-se, segundo ele, "o que Berlim poderia ter sido sem Hitler".

Exposição deve atrair multidões

Já no primeiro dia de sua abertura ao público, nesta sexta-feira (20), 500 pessoas fizeram fila, num frio gélido, para serem as primeiras a verem "A dança", de Henri Matisse, ou a "Noite Estrelada" de Vincent van Gogh, entre outros quadros que a maioria só conhece por ilustrações.

Essa poderá torna-se a grande atração da cidade, desde que o artista plástico Christo empacotou o prédio do Parlamento Alemão (Reichstag) em 1995. "Talvez possamos contribuir para que Berlim neste verão seja a metrópole cultural mais interessante da Europa", diz Schuster.

Entre os primeiros visitantes estavam berlinenses que queriam comprar antecipadamente um ingresso, turistas franceses e muita gente que "fugira" do Carnaval na Renânia.

Visitantes admiram quadro de Picasso na exposiçãoFoto: AP

Já há pedidos de informação de vários países europeus, segundo Schuster. Para cobrir os custos, em torno de 8,5 milhões de euros, a exposição precisa atrair 700 mil pessoas.

Tratando-se de obras de tanto valor, Berlim deve ter feito um seguro de mais de um bilhão de euros. A soma não foi revelada, mas foi necessário que a Secretaria da Cultura entrasse como avalista.

Como o acervo do MoMA veio parar em Berlim

E isso que a capital alemã pode se dar por satisfeita de ter ficado com a mostra. "Na verdade nós pensamos em realizar uma turnê por várias cidades da Europa", conta o diretor do MoMA, Glenn L. Lowry.

O direktor do Museum of Modern Art of New York, Glenn Lowry, em BerlimFoto: AP

O que o fez mudar de idéia? Ter conhecido Peter Raue, presidente do influente Clube de Amigos da Galeria Nacional", que se considera "um pouco louco por arte", e que moveu mundos e fundos para trazer a mostra para a Alemanha, enquanto durasse a reforma do museu novaiorquino.

E assim ele conseguiu patrocinadores e aliados, colocou a Secretaria da Cultura no meio, foi de porta em porta até chegar no ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer, e no Secretário de Estado norte-americano Colin Powell, que resolveram patrocinar o projeto mais amplo no qual a exposição está inserida.

Trata-se de um "ano cultural americano" em Berlim, com uma programação de cem eventos, paralelamente à exposição - projeto que fará bem para a normalização das relações entre os dois países, azedadas com as divergências da guerra do Iraque.

Prédio da Bauhaus: o argumento decisivo

A Nova Galeria Nacional em Berlim, prédio do arquiteto da Bauhaus, Mies van der¨RoheFoto: AP

Mas o argumento decisivo foi que a exposição iria para a Nova Galeria Nacional, um edifício construído por Mies van der Rohe. O sonho dos realizadores do MoMA, desde os anos 30, era ter um prédio idealizado pelo célebre arquiteto da Bauhaus como sede. Van der Rohe, que vivia em Berlim, fugiu dos nazistas e assinou vários projetos em Nova York, mas não atendeu o desejo do MoMA.

Assim, estão todos satisfeitos. O MoMA terá o dobro da sua atual área de exposição após a reforma, berlinenses e europeus verão o cobiçado acervo, a pintura contemporânea volta a Berlim e, pelo menos por uns tempos, o MoMA estará num prédio de Mies van der Rohe.

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