Max Frisch em Berlim
20 de janeiro de 2012"Descoberta" é a palavra mais correta para descrever 100 Anos Max Frisch – Uma exposição, que está em cartaz em Berlim. A mostra é uma parceria entre o museu Strauhof de Zurique, o arquivo Max Frisch e a Academia das Artes de Berlim.
"Eu escrevo para os leitores": a citação de Frisch saúda os visitantes da exposição. Mesmo 20 anos após sua morte, ele continua um dos autores mais lidos da língua alemã e a exposição é um prato cheio não só para seus fãs, mas também para quem não é familiarizado com o trabalho do suíço.
O visitante pode se envolver no aspecto multimídia e interativo da exposição com som e imagens que lembram a obra e a personalidade de Frisch. Há também uma enorme variedade de vídeos e filmes para lembrar a importância da obra do autor em entrevistas com artistas, escritores e personalidades.
Para os fãs, a mostra exibe, além de curiosidades, manuscritos e objetos pessoais, plantas e desenhos feitos pelo arquiteto Max Frisch. Entre os objetos, encontram-se duas marcas registradas do escritor: seus óculos e seu cachimbo.
Em adição aos originais, fotos, trechos de filmes, cartas e dezenas de edições dos mais famosos livros de Frisch em diversos idiomas, a academia apresenta pela primeira vez trechos dos diários não publicados, que o autor escreveu quando vivia em Berlim.
Arquiteto e escritor
Max Frisch nasceu em 1911 em Zurique. Com a morte do pai, em 1932, ele teve que abandonar o curso de filologia germânica e começou a trabalhar como jornalista para o Neue Zürcher Zeitung, um dos principais jornais suíços.
Entre 1936 e 1941, ele estudou arquitetura, a profissão de seu pai. Seu projeto arquitetônico mais famoso foi a Letzigraben, uma piscina pública no centro de Zurique.
Depois de 1955, ele passou a se dedicar exclusivamente a escrever. Seus relatos vividos na Europa do pós-guerra podem ser lidos em seus diários escritos entre 1946 e 1949. Neles podemos já perceber o estilo que mais tarde adotaria em suas obras de ficção.
Política e existencialismo
Influenciado pelo existencialismo e por Brecht, que ele conheceu pessoalmente em Zurique em 1947, Frisch escreveu obras essenciais durante as décadas de 1950 e 1960. Livros como Não Sou Stiller (1954), Homo faber (1957) e Mein Name sei Gantenbein (1964) exploram problemas como a alienação e identidade na sociedade moderna.
Outros temas relevantes na obra de Max Frisch são a procura da identidade individual, a inocência, o embate entre tecnologia e fé e política principalmente em peças para o teatro como Biedermann und die Brandstiffer (1953) e Andorra (1961).
Durante sua carreira, ele escreveu dezenas de obras, entre romances, peças de teatro e ensaios e ganhou os principais prêmios literários da Alemanha. Frisch morreu de câncer em 4 de abril de 1991 em Zurique e é considerado um dos mais influentes escritores suíços do século 20.
Os Diários de Berlim
Max Frisch e sua esposa, Marienne, viveram em Friedenau, bairro no sul de Berlim, entre 1973 e 1980. Para Frisch, Berlim sempre foi um lugar cheio de liberdade, mesmo quando ele visitou a cidade destruída em 1947. Berlim era uma página em branco, que ele poderia encher com suas experiências.
Entre seus vizinhos, havia escritores famosos como Uwe Johnson, Günter Grass e Christoph Meckel. Eles se encontravam regularmente para conversar, discutir, passear ou tomar banho de lago nos arredores da cidade. Os chamados Diários de Berlim mostram as relações pessoais de Frisch na época.
As 29 páginas inéditas são os grandes destaques da mostra e revelam uma nova perspectiva do período que o escritor passou em Berlim, além de seu envolvimento literário tanto na parte ocidental como na parte oriental da cidade.
Os fragmentos dos Diários de Berlim mostram apenas algumas impressões e experiências que ele teve no período em que morou na cidade. Mesmo despertando a curiosidade de fãs e admiradores, a Fundação Max Frisch concordou em não publicar esses documentos históricos para não comprometer a privacidade do autor e das pessoas citadas.
Mesmo escrevendo para o leitor, Frisch acreditava que algumas das suas experiências tinham que ser registradas, mas deveriam ser lidas na privacidade de sua vida.
100 Anos Max Frisch – Uma exposiçãoestá em cartaz na Academia das Artes de Berlim até 11 de março de 2012.
Autor: Marco Sanchez
Revisão: Roselaine Wandscheer