Mais de 70 anos depois do suicídio de Adolf Hitler, mostra aborda caminho da Alemanha rumo ao nazismo e à Segunda Guerra Mundial e se concentra na biografia do líder nazista.
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Uma nova exposição que tem como atração principal a reconstrução do escritório onde Adolf Hitler cometeu suicídio, em 30 de abril de 1945, deve prolongar a polêmica gerada pela exposição anterior no mesmo local, o Berlin Story Bunker, perto da estação Anhalter Bahnhof.
A nova exposição, intitulada Hitler: como pôde acontecer?, aborda o caminho da Alemanha rumo à ditadura nazista e à Segunda Guerra Mundial e se concentra na biografia de Hitler até o seu suicídio no Führerbunker.
Exposição reconstrói "Bunker de Hitler"
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Citado pelo diário Berliner Morgenpost, um porta-voz do centro de documentação Topographie des Terrors (Topografia do Terror), que pesquisa sobre os crimes cometidos pelos nazistas no terreno onde ficavam os quartéis-generais da Gestapo e da SS, criticou o museu Berlin Story Bunker por ter criado uma espécie de "Disneylândia nazista".
O curador da mostra, Wieland Giebel, defendeu a decisão de montar uma reprodução o mais fiel possível do escritório de Hitler, afirmando que a exposição se concentra nos crimes cometidos pelo regime nazista. "Esse escritório foi o local onde os crimes acabaram, onde tudo acabou. Por isso o estamos mostrando", explicou, acrescentando ao Berliner Morgenpost que o seu objetivo é "transmitir conhecimento" e que existem muitas lacunas de informação sobre o assunto entre alunos e adultos alemães.
O Berlin Story Bunker fica num reduto subterrâneo construído em 1942 e usado por civis durante ataques aéreos – ele não tem relação alguma com o Führerbunker, que ficava a um quilômetro de distância e cujos restos não podem ser visitados pelo público.
A exibição inclui 330 placas informativas, 2.300 imagens, documentos originais, filmes e artigos de jornal, além de pinturas do próprio Hitler e filmes retratando seu casamento com Eva Braun, sua companheira de longa data. Segundo o jornal Der Tagesspiegel, há até uma certidão de casamento que atesta que "A.H. e Eva Braun se casaram no dia 29 de abril de 1945, à 1h30. O casamento foi curto. 28 horas depois, os dois estavam mortos".
Fim de um mito
À emissora de rádio Deutschlandfunk, Enno Lenze, que dirige o Berlin Story Bunker, afirmou que a reprodução do escritório de Hitler também ajuda a acabar com o mito de que o ditador tenha vivido de maneira simples. "É possível ver a situação na qual o ditador e sua entourage viviam no final da guerra no Bunker. Enquanto isso, a apenas um quilômetro dali, cinco pessoas por metro quadrado tinham de sobreviver sem alimentos, sem luz e sem auxílio médico", afirma o site do museu privado.
Giebel disse também querer mostrar a velocidade com que uma democracia pode ser eliminada e esclarecer como movimentos antidemocráticos precisam ser cortados pela raiz.
Para o curador, a exposição mostra que alguns alemães se tornaram nazistas por esperarem lucros pessoais após a expropriação de judeus na Segunda Guerra, enquanto outros foram atraídos por estarem insatisfeitos com o Tratado de paz de Versalhes e seguiram Hitler porque ele prometeu "tornar a Alemanha grande de novo". O Tratado de Versalhes entrou em vigor em janeiro de 1920 e obrigou a Alemanha, que havia sido derrotada na Primeira Guerra Mundial, a pagar reparações astronômicas.
RK/rtr/dpa
Memoriais do Terror Nazista
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.