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Memória

11 de setembro de 2009

Mostra itinerante inaugurada em Berlim enfoca consequências da Segunda Guerra para países do chamado "Terceiro Mundo". Milhões de africanos e asiáticos morreram em combate ou em consequência do conflito.

Treino de soldados africanos de colônia britânica, durante a Segunda Guerra MundialFoto: Imperial War Museum, London

Quem observar um mapa múndi da época da Segunda Guerra Mundial, vai perceber que muitos países, hoje independentes, ainda eram colônias de países europeus naquele momento. Com isso, o número de vítimas dessas nações em consequência da participação na guerra foi enorme. Milhões de pessoas lutaram em nome de potências da época, como Alemanha, Japão, Inglaterra e França.

Países de diversos continentes, reunidos pelos organizadores da mostra sob o conceito "Terceiro Mundo", reuniram mais soldados e tiveram mais vítimas durante a Segunda Guerra Mundial que os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) juntos.

Versões paralelas

Soldados africanos das então colônias europeias, em 1939, numa trincheira francesaFoto: S.I.R.P.A.

A mostra pode ser vista em Berlim em duas locações distintas: numa versão mais compacta e didática, na Werkstatt der Kulturen (Oficina das Culturas) e com seu conteúdo completo na Uferhallen, no bairro Wedding. A Oficina das Culturas, onde a exposição deveria originariamente acontecer, cancelou a mostra em suas dependências poucos dias antes de sua abertura.

A diretora do local, Philippa Ebéné, se sentiu incomodada com alguns quadros explicativos, que tratam do papel dos colaboradores do nazismo em países do "Terceiro Mundo". Para Karl Rössler, organizador da mostra e pesquisador do assunto, Ebéné se sentiu especialmente incomodada com os quadros que indicavam a participação de colaboradores árabes durante a Guerra.

"Sei que há muita gente que acha incômoda a discussão a respeito de fascistas árabes e simpatizantes do nazismo", afirma Rössler, para quem "há esforços por parte de estudiosos do Islã e da cultura árabe, bem como de historiadores, a fim de minimizar o papel dos colaboradores árabes".

Ebéné, por sua vez, salienta que numa exposição como essa não há lugar para ressaltar o papel de colaboradores, independentemente de sua origem. Após uma intervenção de Günter Piening, encarregado de questões de migração na cidade de Berlim, a Oficina das Culturas acabou aceitando expor parte da mostra planejada, voltada principalmente para visitas de escolares.

Rótulo comum para não-brancos

Soldados em Papua-Nova Guiné em agosto de 1944: obrigados a seguir ordens de oficiais brancosFoto: National Archives, U.S. Army Signal Corps

O Conselho de Migração de Berlim-Brandemburgo, que congrega 74 organizações que representam migrantes nos dois estados alemães, criticou severamente a abertura da mostra na capital. "A exposição, concebida para ser uma homenagem aos libertadores e vítimas da guerra, revelou-se como uma equiparação inaceitável entre libertadores e colaboradores do regime nazista", dizem representantes do Conselho.

Além disso, para o Conselho, a exposição reduz todos os envolvidos não-brancos na Guerra sob o rótulo de "Terceiro Mundo", ignorando se estes vinham da África, da Ásia, da Europa ou da Austrália.

"Consoladoras" coreanas

Sob o rigor do frio europeu: soldados africanos no norte da França, em 1944Foto: S.I.R.P.A.

Judith Strohm, uma das organizadoras, defende o conceito da exposição, afirmando que a meta é abrir o olhar do observador "para a dimensão global" da Segunda Guerra Mundial, a fim de provocar uma "reflexão crítica sobre a própria história".

Além das placas informativas a serem expostas, que provocaram desavenças entre a berlinense Oficina das Culturas e os idealizadores da mostra, a exposição inclui ainda um programa paralelo de palestras, exibições de filmes, eventos voltados para professores, além de um musical de hip hop intitulado Die vergessenen Befreier (Os libertadores esquecidos).

Diversas instalações de som e vídeo documentam os destinos pessoais de vários soldados e vítimas da guerra, como por exemplo o das chamadas "mulheres consoladoras" coreanas, obrigadas a se prostituírem em bordéis militares japoneses durante a Guerra.

Depois de Berlim, a mostra, orçada em 96 mil euros, deverá seguir para Tübingen e Freiburg.

SV/ap/epd

Revisão: Alexandre Schossler

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