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Extrema direita se fortalece na Polônia

14 de outubro de 2019

Partido nacional-conservador PiS conquista seu melhor resultado dos últimos anos e deve se aproximar ainda mais de ultradireitistas no segundo mandato à frente do país. Contudo, amarga derrotas em cidades importantes.

Integrantes do PiS comemoram vitória eleitoral
PiS comemora vitória eleitoralFoto: Imago-Images/Eastnews/R. Gaglewski

O partido nacional-conservador Lei e Justiça (PiS) foi o grande vencedor das eleições parlamentares da Polônia. Com 99,5% das urnas apuradas, a legenda conquistou 43,8% dos votos, segundo resultados oficiais divulgados nesta segunda-feira (14/10), garantindo um segundo mandato no comando do país.

A coalizão liberal de centro-esquerda Plataforma Cívica (PO) ficou em segundo lugar, com 27,2% dos votos. Em seguida vem a aliança A Esquerda, com 12,5%, o que permitiu o retorno da esquerda ao Parlamento, após ter perdido todos os assentos no pleito anterior. O bloco composto pelo agrário PSL e o antissistema Kukiz'15 alcançou 8,6%, e o extremista de direita Confederação, que é abertamente antissemita e homofóbico, ficou com 6,8%.

O PiS atraiu os eleitores com suas políticas populares de benefícios sociais e obteve mais apoio do que há quatro anos, quando chegou ao poder com 38% dos votos. O partido conquistou ainda o melhor resultado de uma única legenda em eleições parlamentares desde o fim do comunismo, há 30 anos.

A sigla, porém, perdeu a maioria dos assentos na câmara alta do Parlamento. "Ganhamos o Senado de volta. Obrigada pelo acordo dos partidos de oposição", anunciou Katarzyna Lubnauer, líder de um dos partidos oposicionistas.

A participação eleitoral bateu recorde, chegando a 61%. A forte presença nas urnas é vista como um sinal da importância das eleições deste ano.

Apesar dos resultados, os líderes do PiS não ficaram tão entusiasmados, pois não alcançaram a vitória esmagadora que desejavam para mudar a Constituição. A legenda quer transformar o país num Estado moderno enraizado no catolicismo e conservadorismo, rejeitando o aborto e direitos LGBT.

"Conseguimos muito, mas merecemos mais", afirmou o líder do partido, Jaroslaw Kaczynski, acrescentando que deseja uma nova Constituição para "garantir uma verdadeira democracia". Críticos temem que essa manobra seja uma forma de a legenda se manter no poder.

De acordo com a União Europeia, nos quatro anos que esteve no comando da Polônia, o PiS promoveu reformas que corroeram a independência da Justiça no país. A legenda, por sua vez, alega que as mudanças são necessárias para tornar o sistema mais eficiente e justo.

O partido também vem usando a mídia pública para se promover e pressionar a oposição, inclusive com a ameaça de estatizar meios de comunicação, colocando em risco a liberdade de imprensa.

Apesar da vitória a nível nacional, o PiS amargou derrotas em importantes cidades do país. A Plataforma Cívica conquistou 60% dos votos na capital Varsóvia, contra 28% da legenda nacional-conservadora.

Durante a campanha, o PiS fomentou a homofobia, acusando homossexuais de "influenciar uma invasão estrangeira" que ameaçava a identidade nacional da Polônia. A legenda defendeu ainda a substituição de elites culturais e econômicas por pessoas que possuem valores patrióticos para eliminar a rede de influência da "era comunista".

Analistas avaliam que o PiS assumirá uma postura ainda mais próxima da extrema direita a fim de conquistar o apoio da legenda Confederação.

Um dos desafios do novo governo será uma reforma fiscal num momento de desaceleração da economia, que pode pressionar o orçamento e as políticas dispendiosas de assistência social.

CN/rtr/ap/lusa

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