Partido nacional-conservador PiS conquista seu melhor resultado dos últimos anos e deve se aproximar ainda mais de ultradireitistas no segundo mandato à frente do país. Contudo, amarga derrotas em cidades importantes.
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O partido nacional-conservador Lei e Justiça (PiS) foi o grande vencedor das eleições parlamentares da Polônia. Com 99,5% das urnas apuradas, a legenda conquistou 43,8% dos votos, segundo resultados oficiais divulgados nesta segunda-feira (14/10), garantindo um segundo mandato no comando do país.
A coalizão liberal de centro-esquerda Plataforma Cívica (PO) ficou em segundo lugar, com 27,2% dos votos. Em seguida vem a aliança A Esquerda, com 12,5%, o que permitiu o retorno da esquerda ao Parlamento, após ter perdido todos os assentos no pleito anterior. O bloco composto pelo agrário PSL e o antissistema Kukiz'15 alcançou 8,6%, e o extremista de direita Confederação, que é abertamente antissemita e homofóbico, ficou com 6,8%.
O PiS atraiu os eleitores com suas políticas populares de benefícios sociais e obteve mais apoio do que há quatro anos, quando chegou ao poder com 38% dos votos. O partido conquistou ainda o melhor resultado de uma única legenda em eleições parlamentares desde o fim do comunismo, há 30 anos.
A sigla, porém, perdeu a maioria dos assentos na câmara alta do Parlamento. "Ganhamos o Senado de volta. Obrigada pelo acordo dos partidos de oposição", anunciou Katarzyna Lubnauer, líder de um dos partidos oposicionistas.
A participação eleitoral bateu recorde, chegando a 61%. A forte presença nas urnas é vista como um sinal da importância das eleições deste ano.
Apesar dos resultados, os líderes do PiS não ficaram tão entusiasmados, pois não alcançaram a vitória esmagadora que desejavam para mudar a Constituição. A legenda quer transformar o país num Estado moderno enraizado no catolicismo e conservadorismo, rejeitando o aborto e direitos LGBT.
"Conseguimos muito, mas merecemos mais", afirmou o líder do partido, Jaroslaw Kaczynski, acrescentando que deseja uma nova Constituição para "garantir uma verdadeira democracia". Críticos temem que essa manobra seja uma forma de a legenda se manter no poder.
De acordo com a União Europeia, nos quatro anos que esteve no comando da Polônia, o PiS promoveu reformas que corroeram a independência da Justiça no país. A legenda, por sua vez, alega que as mudanças são necessárias para tornar o sistema mais eficiente e justo.
O partido também vem usando a mídia pública para se promover e pressionar a oposição, inclusive com a ameaça de estatizar meios de comunicação, colocando em risco a liberdade de imprensa.
Apesar da vitória a nível nacional, o PiS amargou derrotas em importantes cidades do país. A Plataforma Cívica conquistou 60% dos votos na capital Varsóvia, contra 28% da legenda nacional-conservadora.
Durante a campanha, o PiS fomentou a homofobia, acusando homossexuais de "influenciar uma invasão estrangeira" que ameaçava a identidade nacional da Polônia. A legenda defendeu ainda a substituição de elites culturais e econômicas por pessoas que possuem valores patrióticos para eliminar a rede de influência da "era comunista".
Analistas avaliam que o PiS assumirá uma postura ainda mais próxima da extrema direita a fim de conquistar o apoio da legenda Confederação.
Um dos desafios do novo governo será uma reforma fiscal num momento de desaceleração da economia, que pode pressionar o orçamento e as políticas dispendiosas de assistência social.
Testemunhos silenciosos da invasão da Polônia em 1939
Fotos privadas de soldados da Wehrmacht mostram que Hitler promoveu uma campanha de extermínio desde o primeiro dia da Segunda Guerra. Escrúpulos? Compaixão? Nem sinal. É o que prova uma exposição online.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Diário fotográfico
Este diário fotográfico faz parte do espólio de Woldemar Troebst, que foi comandante de uma unidade pioneira motorizada no ataque à Polônia. Seu neto Stefan Troebst descobriu o álbum ricamente ilustrado e inequivocamente comentado em 1996, quando seu avô já tinha morrido.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Setembro de 1939
Soldados alemães fotografaram o início da Segunda Guerra Mundial, e documentaram assim o sofrimento que trouxeram ao país vizinho. Como parte do projeto "Testemunhas silenciosas 1939", o museu e memorial Haus der Wannsee Konferenz, em Berlim, mostra em seu site fotos do capitão Kurt Seeliger. Elas e as de outros soldados dão uma ideia de quão forte era a vontade de extermínio desde o início.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Vítima anônima
A identidade do homem morto em Zakosciele é desconhecida. À primeira vista, parece um civil, mas as roupas sugerem tratar-se de um soldado. As mãos parecem amarradas. Provavelmente a vítima foi assassinada, numa violação das leis de guerra.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Odrzywól
Uma propriedade rural em chamas em Odrzywól, ao sul de Varsóvia. A foto provavelmente foi tirada em 9 de setembro de 1939, pouco mais de uma semana depois do início da Segunda Guerra Mundial.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
"Total de operações"
As explicações detalhadas ilustram o suposto transcurso da invasão da Polônia até meados de setembro de 1939. Não se sabe quem é o autor do mapa, nem dos comentários no diário que fazia parte do espólio de Woldemar Troebst, antigo soldado da Wehrmacht.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Registrando o dia a dia
Uma ponte destruída, refugiados supostamente regressando à casa e avanço dos soldados da Wehrmacht. As fotos dão a impressão de que o ataque à Polônia foi bem-sucedido.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Antissemitismo
Se a intenção era a legenda soar descontraída e engraçada, na realidade ela demonstra desprezo humano e antissemitismo: na foto ao alto, à direita, o comandante do batalhão tem as botas limpas como exemplo do "emprego dos judeus no trabalho". O comentário ilustra a atitude dos soldados da Wehrmacht perante os judeus poloneses.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Higiene pessoal
Soldados do Exército alemão de torso nu numa aldeia polonesa. As fotos de cima mostram o "chefe" e o "comandante" de uma unidade pioneira: "Dois maiorais se barbeiam depois de um dia quente, longo e poeirento". A composição de imagens e textos visa dar a impressão de uma aventura inofensiva.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Alimentação
A foto foi tirada do diário de um soldado do 59º Regimento de Infantaria. O texto que a acompanha menciona, entre outras, uma ponte destruída sobre o rio Warta. E acrescenta: "Fora isso, nos abastecemos todo dia com galinhas, gansos, porcos e outras coisas comestíveis."
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
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Da página que precede esta entrada de um soldado do 59º Regimento de Infantaria consta: "Um monstruoso fluxo de refugiados, escapando do terror polonês na capital para os territórios já ocupados por nós, veio ao nosso encontro. Eram, na maioria, os inconfundíveis 'judeus de caftan' típicos deste país." A Polônia invadida é apresentada como uma nação de algozes.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Trabalhos forçados
Veículos destruídos, pontes danificadas, cavalos machucados ou mortos... Mas, acima de tudo, os judeus obrigados a construir uma rampa. Ao que tudo indica, o trabalho forçado era considerado normal.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
Refugiados
Otto Hardick tinha 19 anos quando sua tropa invadiu a Polônia. Não é possível verificar se são verídicos os comentários em suas fotos, como estas, de refugiados. O soldado da Wehrmacht morreu pouco antes do fim da guerra em 1945, perto de Cracóvia.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
"Removendo" mortos
Josef R. pertencia a um regimento antiaéreo da Wehrmacht alemã. Está claro que para ele não era nenhum problema colocar uma foto de si (à direita) logo ao lado de uma de mortos poloneses, com a legenda "Judeus removendo mortos". A frase mostra que valor tinham os judeus aos olhos de seus algozes.
Foto: CC BY 4.0 DE GHWK
"Judeus e poloneses"
As legendas do soldado Josef R., de 21 anos, deixam claro que, a seus olhos, os poloneses de fé judaica não eram poloneses. Entre as fotos à esquerda, escreveu: "Judeus e poloneses retornam das ruínas de Varsóvia". A foto pixelizada mostra uma criança de dois anos. A legenda "Morreu inocente" expressa uma compaixão rara entre a Wehrmacht.