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Extrema direita une forças para eleições europeias

25 de abril de 2019

Líderes de partidos populistas de direita europeus reúnem-se em Praga. Aliança eurocética busca formar forte bloco parlamentar nas eleições europeias no próximo mês.

Marine Le Pen, Tomio Okamura e Geert Wilders durante encontro de partidos anti-imigração em dezembro de 2017
Marine Le Pen, Tomio Okamura e Geert Wilders durante encontro de partidos anti-imigração em dezembro de 2017Foto: picture-alliance/dpa/M.Krumphanzl

Numa demonstração de união, líderes de partidos europeus de extrema direita reuniram-se em Praga nesta quinta-feira (25/04). Após forte ascensão dos movimentos contrários à União Europeia (UE) em várias partes do bloco comunitário, populistas de direita esperam alcançar no um sucesso sem precedentes nas eleições europeias do mês que vem.

A francesa Marine Le Pen, do Rassemblement National (Agrupamento Nacional), da França e o holandês Geert Wilders, líder do Partido para a Liberdade (PVV), estão entre os palestrantes, enquanto o mandatário da Liga e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, contribuiu com o envio de uma mensagem em vídeo.

No comício, Le Pen defendeu a união da extrema direita e afirmou que pela primeira vez o "movimento democrático de patriotas" possibilita uma reforma na conjuntura do bloco.

"O que vemos aqui é o nascimento de uma nova harmonia europeia com partidos nacionalistas europeus unidos para oferecer a 500 milhões de europeus um no quadro de cooperação, um novo projeto e um novo impulso para o futuro", disse a política francesa ao lado de Wilders.

"A imigração deve ser travada e a ideologia islamita deve ser erradicada", insistiu Le Pen, acusando a União Europeia de supostamente "financiar uma imigração em massa, organizada e desejada".

Numa coletiva de imprensa antes do comício, tanto Le Pen quanto Wilders defenderam posturas eurocéticas. A francesa alegou que a UE não pode ser baseada "numa ideologia imposta à força" e afirmou que o globalismo e o islamismo são ameaças.

"Todos querem mais União Europeia, o que é negativo, pois isso significa menos Estados-nação", ressaltou Wilders, defendendo a criação de leis para impedir a imigração de muçulmanos no bloco.

Uma banda tcheca de extrema direita abriu o evento na praça central de Wenceslas, em Praga, que teve como anfitrião Tomio Okamura, parlamentar tcheco que dirige o partido Liberdade e Democracia Direta (SPD).

"Na quinta-feira, o SPD lançará oficialmente a campanha eleitoral da UE. Queremos mostrar que não estamos sozinhos", disse Okamura. "Pesquisas mostram que a Aliança Europeia de Pessoas e Nações [EAPN], liderada por Matteo Salvini, Marine Le Pen, pelo Partido da Liberdade da Áustria [FPÖ] e outros, tem a chance de formar um dos grupos mais fortes do Parlamento Europeu."

Partidos e agrupamentos participantes da aliança eurocética, que incluem a Alternativa para a Alemanha (AfD) e o Partido do Povo Dinamarquês, compartilham políticas contrárias a migrantes e promovem a soberania nacional e as liberdades individuais. 

O SPD, que nunca participou das eleições legislativas na União Europeia e, portanto, não possui parlamentares em Estrasburgo, defende o Czexit, a saída da República Tcheca da UE, assim como o PVV de Wilders apoia um Nexit, a saída da Holanda do bloco comunitário.

Os partidos eurocéticos receberam um impulso adicional há uma semana, quando o Partido dos Verdadeiros Finlandeses alcançou o segundo lugar nas eleições gerais da Finlândia.

Salvini, que visitou Okamura em Praga no início deste mês, recentemente convocou partidos nacionalistas espalhados pelo Parlamento Europeu para unir forças e formar uma nova aliança. Ele disse que espera que o novo bloco seja o maior do parlamento de 751 assentos, após a votação marcada para 23 a 26 de maio.

"Esses partidos chegarão lá, serão fortes, terão bons resultados nas eleições, especialmente na Itália", disse o analista político tcheco Jan Kubacek. "Mas o problema com todos esses grupos é que eles não podem realmente cooperar, pois estão muito focados em seus interesses nacionais."

Se a aliança, de fato, sair do papel após a eleição europeia, um líder terá de ser escolhido – e Le Pen e Salvini estão de olho no cargo.

"Le Pen será muito ativa no Parlamento Europeu. Ela não pode realmente mostrar seu melhor na política francesa, então ela usa o parlamento como sua segunda plataforma", disse Kubacek.

Salvini convocou uma grande reunião dos partidos anti-EU para Milão em 18 de maio, com a participação de Le Pen e Okamura.

"A reunião deve ser uma demonstração pan-europeia da capacidade das nações europeias de cooperar sem um mandado de Bruxelas, apenas com base em acordos mútuos", disse Okamura.

Le Pen, Wilder e Okamura já haviam se encontrado em Praga em dezembro de 2017 para comemorar a conquista de 22 assentos do SPD no Parlamento Tcheco naquele ano. O partido ganhou pontos com os eleitores com uma campanha anti-imigração – embora muitos migrantes tenham desprezado a República Tcheca em troca de países mais ricos, como a Alemanha – e com discurso contrário ao islã, lema-chave também para as eleições europeias.

PV/afp/ots

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