Fármaco exaltado por Trump teve origem em tecido fetal
10 de outubro de 2020
Presidente dos EUA, visceralmente contrário ao aborto e ao uso de tecidos fetais em pesquisas científicas, chama de "cura milagrosa" medicamento desenvolvido em células que derivam de feto abortado.
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O tratamento contra a covid-19 administrado pelos médicos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se baseou em grande parte na droga experimental Regn-Cov2, desenvolvida através de pesquisas que utilizaram células derivadas de tecido fetal.
O medicamento demonstrou eficácia surpreendente no combate ao novo coronavírus, segundo a equipe médica do presidente, e recebeu elogios rasgados do líder americano, que talvez ignorasse o fato de que aquilo que chamou de "cura milagrosa vinda de Deus" tivesse origem em um feto abortado.
O Regn-Cov2, que estimula a produção de anticorpos, foi desenvolvido pela empresa americana de biotecnologia Regeneron, que pediu à agência reguladora do país, a Food and Drug Administration (FDA), a aprovação em caráter emergencial do uso do medicamento.
O fármaco, que consiste em dois anticorpos monoclonais identificados como Regn10933 e Regn10987, foi desenvolvido para possibilitar uma imunização passiva através de anticorpos neutralizantes sintéticos. Esse desenvolvimento se deu através de uma linhagem de células que derivam de tecido fetal.
Levando-se em conta a forte resistência governo Trump a pesquisas científicas que envolvam tecido fetal e o apoio declarado do presidente ao movimento antiaborto, não deixa de ser contraditório que ele exalte o medicamento como uma espécie de presente divino.
No ano passado, Trump cortou verbas federais para iniciativas nacionais de pesquisas para o tratamento de portadores de HIV e pacientes de câncer que tinham como base o tecido fetal. O Departamento de Saúde dos EUA designou uma comissão especial, que inclui ativistas antiaborto, para monitorar e bloquear projetos de pesquisa. Até agora, estima-se que 13 ou 14 propostas tenham sido excluídas.
Ao discursar em janeiro na 47ª Marcha pela Vida, um evento antiaborto realizado em Washington, Trump disse que "as crianças não nascidas jamais tiveram um defensor mais forte na Casa Branca", e que "cada criança é um presente precioso e sagrado de Deus".
O Regn-Cov2 não é desenvolvido em células humanas, mas em células de ovários de hamsters chineses, denominadas CHO. Entretanto, a eficácia dos anticorpos foi testada em células derivadas de tecidos de rins retirados de um feto abortado na Holanda, nos anos 1970.
Essa linhagem de células, chamada de 293T, foi utilizada em várias pesquisas em laboratórios em todo o mundo. Os criadores do Regn-Cov2 as utilizaram para produzir pseudopartículas do vírus, que são estruturas semelhantes a esses organismos e que contém as chamadas espículas protéicas que o coronavírus Sars-Cov-2 utiliza para invadir as células humanas. Apenas dessa forma seria possível assegurar a eficácia dos anticorpos no combate ao vírus causador da pandemia de covid-19.
A Regeneron não negou o uso das células 293T, mas, mesmo assim, argumentou que estas não devem ser consideradas como tecido humano, uma vez que foram desenvolvidas em laboratório. "Depende da forma como se quer analisá-las", disse uma porta-voz da empresa de biotecnologia. "Entretanto, as linhagens das 293T disponíveis hoje não são consideradas tecidos fetais, os quais nós não utilizamos."
Células originalmente derivadas de fetos abortados são com frequência utilizadas por cientistas em diversas pesquisas em áreas importantes da medicina, inclusive no desenvolvimento de vacinas.
RC/dw/afp
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.