A vez da roça
11 de outubro de 2008Há quarenta anos, o único chamariz para turistas na entrada da fazenda da família Weber, na região de Oberallgäu, na Baviera, era a placa "água corrente fria e morna." Na época, lembra-se a senhora Fanny Weber, os hóspedes pagavam 50 centavos para usar a cozinha da casa e de noite se juntavam à família na sala para trocar uma prosa ou jogar cartas.
Muda-se a página do calendário para hoje e lá está sua nora, Marion Weber, cuidando dos negócios. Ela acerta as reservas dos hóspedes pela internet e oferece não apenas quartos, mas apartamentos com nomes como "Vista da Montanha" e "Ninho dos Alpes". Da oferta faz parte um "frigobar completo", mobília adequada para hóspedes alérgicos e ambiente livre de "smog" eletromagnético.
Mas algumas coisas não mudaram: bezerros, pôneis, burricos, gatos e cachorros estão habituados a serem acariciados e apertados por crianças saltitantes; o fazendeiro continua explicando no estábulo quanto leite tira de cada vaca; e os passeios de trator pelo campo ainda são um sucesso.
Se as férias são na fazenda, provavelmente serão na Baviera
A Alemanha tem 14.800 propriedades rurais registradas para "Férias na Fazenda" e quase metade delas – nada menos que 7.100 – fica na Baviera. Hoje, a maioria dessas propriedades é classificada e certificada de acordo com normas turísticas.
Muitas delas pleiteiam selos de aprovação específicos para esse mercado e se especializam em nichos de turistas: os ciclistas, os loucos por caminhadas, os deficientes físicos, as famílias com crianças pequenas, os gourmets.
Também não basta oferecer banhos terapêuticos, sauna e tratamentos ayurvédicos para poder vender "Férias na Fazenda". A etiqueta só é dada a propriedades produtivas. "Dois terços de nossos ganhos vêm da pecuária, e um terço vem dos aluguéis dos apartamentos", conta Marion Weber.
Além de cuidar da propriedade Weberhof, Marion é presidente de uma associação de agricultoras na região de Oberallgäu, e como tal está sempre à busca de novas idéias para os hóspedes. As agricultoras do grupo levam os visitantes da cidade grande para colher ervas no campo ou para fazer manteiga.
Além disso, também é objetivo do trabalho fazer com que eles entendam mais sobre a agricultura. "Aqui, os hóspedes vêem que loucura é o trabalho por trás de uma fazenda", diz Marion.
Levantando feno para relaxar
A enfermeira Stefanie Mairose levou suas crianças Kira, Julian e Till para passarem férias na fazenda dos Weber. "Eles vivenciaram muitas coisas que não custam muito caro", diz ela. Pela sua experiência, o suvenir que se leva de viagens como essas é bem diferente dos convencionais: "Duas semanas depois das férias, ainda sentimos o cheiro de estábulo nas botas de borracha em casa", ri.
O fato de seus filhos poderem fazer travessuras ao ar livre sem risco de perigos no trânsito é, para Hermann Betz, uma das grandes vantagens das férias no campo. "Aqui, tudo anda três marchas mais devagar", elogia ele. Elogia? É que nesse ritmo, diz, ele consegue se desligar.
Betz está hospedado na fazenda de Hanni Huber, que perdeu pontos na classificação por não ter janelas nos aposentos. Em compensação, a anfitriã oferece outras formas de entretenimento: aperta um garfo de feno nas mãos de Betz e o coloca para trabalhar.
Ele gosta de ajudar, porque sabe que de noite vem a verdadeira recompensa: o fazendeiro da casa assa castanhas na fogueira e abre uma garrafa de vinho tinto. A família Betz se junta à família Huber – inclusive os dois meninos, que a essa altura já se esqueceram que não terão sinal no celular as férias todas.