Crânios e outros ossos numa caverna da região do Lácio, próximo ao Mar Tirreno, datam de 50 mil a 100 mil anos e poderão lançar luz sobre o processo de povoamento da Itália.
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Arqueólogos encontraram restos fossilizados de nove espécimes de Homo neanderthalensis de ambos os sexos, numa caverna perto de Roma. Oito deles datam de 50 mil a 68 mil atrás, enquanto o nono teria de 90 mil a 100 mil anos, divulgou o Ministério Italiano da Cultura neste sábado (08/05).
O importante achado foi feito na Gruta Guattari, um sítio pré-histórico descoberto mais de 80 anos atrás, situado a cerca de 100 metros do Mar Tirreno, no flanco oriental do promontório.
"Juntamente com os outros encontrados no passado na Gruta Guattari, chega a 11 o total de indivíduos presentes nela, confirmando-a como um dos mais significativos sítios do mundo para a história do homem de Neandertal", detalha o comunicado.
"O homem de Neandertal é um estágio fundamental da evolução humana, representando o ápice de uma espécie e a primeira sociedade que se pode classificar como humana", explica Mario Rubini, diretor do serviço de antropologia da superintendência cultural do Lácio. Ele crê que o achado lançará luz sobre a história do povoamento da Itália.
Parente próximo do humano moderno
Descoberta acidentalmente em fevereiro de 1939 por trabalhadores que retiravam pedras na propriedade da família Guattari, em San Felice Circeo, na região do Lácio, a caverna tem sido objeto de pesquisas a partir de outubro de 2019.
Pouco mais tarde, o paleontólogo Albert Carlo Blanc achou um crânio de Neandertal bem preservado, além de outros fósseis, como restos de auroques (uma espécie bovina extinta), elefantes, rinocerontes, cervos selvagens, ursos rupestres, cavalos selvagens e hienas, muitos deles exibindo sinais de terem sido roídos.
O homem de Neandertal é o ancestral humano mais próximo que se conhece. Em 2016, cientistas concluíram que espécimes das montanhas Altai, na Sibéria, partilhavam de 1% a 7% de seu material genético com os ancestrais dos humanos modernos.
A espécie – que deve seu nome ao vale na região de Düsseldorf, onde foi identificada pela primeira vez – foi extinta há cerca de 40 mil anos. Embora as causas exatas não sejam conhecidas, deduz-se que entre os fatores estiveram a mudança climática e a competição crescente com o Homo sapiens.
av (AFP,Reuters)
Tesouros arqueológicos de 2020
Apesar da pandemia, arqueólogos continuaram seus trabalhos e conseguiram fazer descobertas espetaculares em 2020, como sarcófagos, estátuas de mármore e moedas de ouro.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Local do achado: Sacará
A antiga necrópole egípcia de Sacará (ou Sacara), a cerca de 30 quilômetros ao sul do Cairo, é um dos sítios de escavação arqueológica mais importantes do Egito, junto com o Vale dos Reis e as Pirâmides de Gizé. Em 2020, vários achados espetaculares colocaram Sacará nas manchetes internacionais. Em setembro e outubro, por exemplo, foram encontrados sarcófagos de madeira esplendidamente decorados.
Foto: Samer Abdallah/dpa/picture alliance
Sarcófagos do Antigo Egito
Em novembro, dezenas de sarcófagos foram descobertos novamente na necrópole de Sacará. Decorados com pinturas artísticas, os caixões de madeira datam de mais de 2,5 mil anos atrás. A fim de examinarem o interior dos sarcófagos mais de perto, os pesquisadores abriram cuidadosamente a tampa de cada um deles. As descobertas no Egito foram a sensação arqueológica de 2020.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Placa de nome de lugar mais antiga do mundo
Em 2020, egiptólogos da Universidade de Bonn, na Alemanha, decifraram uma inscrição de mais de 5 mil anos feita numa pedra. A descoberta deriva de Wadi Abu Subeira, a nordeste de Assuã. Em cooperação com o Ministério de Antiguidades do Egito, que supervisiona as escavações de todas as equipes de pesquisa no país, cientistas descobriram que se trata de antiga placa toponímica do 4º milênio a.C..
Foto: Ludwig Morenz
Local do achado: Ruínas de Pompeia
O sítio arqueológico da cidade romana de Pompeia, ao sul de Nápoles, revela surpresas arqueológicas há décadas. Durante a histórica erupção vulcânica do Vesúvio em 79 d.C., o local foi soterrado por um misto de lama, chuva de cinzas e lava líquida, e muitas pessoas e animais morreram. Os antigos vestígios de Pompeia só foram redescobertos por arqueólogos no século 18.
Foto: picture-alliance/Jens Köhler
Antiga "lanchonete"
Pouco antes do Natal, arqueólogos de Pompeia apresentaram sua descoberta mais espetacular do ano: um "termopólio" – antigo restaurante de rua – com o balcão pintado. Os cientistas suspeitam que os buracos arredondados no balcão serviam para armazenar recipientes térmicos de comida. Pratos feitos com pato, frango e outros alimentos faziam parte do cardápio.
Foto: Luigi Spina/picture alliance
Muralha da cidade de Jerusalém
O ano de 2020 também levou a novas conclusões científicas: após anos de escavações na área da atual Jerusalém, uma equipe de pesquisadores liderada pelo arqueólogo alemão Dieter Vieweger descobriu partes da antiga muralha da cidade que datam do período bizantino e da época do rei Herodes. Com isso ficou claro que a Jerusalém histórica era significativamente menor do que se supunha até então.
Foto: DW/T. Krämer
Aldeia do século 2
Em Jerusalém, conflitos políticos e religiosos sempre fizeram parte do dia a dia. Em suas várias camadas arqueológicas, é possível identificar milhares de anos de história multicultural. No primeiro semestre de 2020, restos de uma muralha do século 2 foram escavados bem no meio de Jerusalém. Traços da vida cotidiana fornecem pistas sobre os assentamentos da época.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Widak
Cabeça do deus grego Hermes
Enquanto trabalhavam no sistema de canalização de Atenas, operários de construção encontraram a enorme cabeça de uma escultura antiga. Após exames mais detalhados, pesquisadores constataram que se tratava de um valioso bem cultural: a cabeça de mármore do deus Hermes, que, de acordo com o Ministério da Cultura grego, data do século 3 ou mesmo do século 4 a.C..
Foto: Greek Culture Ministry/picture alliance/dpa
O mistério de Stonehenge
Até hoje ainda não se sabe se Stonehenge era um templo, um antigo local de sacrifícios ou um observatório astronômico. Mas em 2020, pesquisadores conseguiram descobrir a origem das pedras mundialmente famosas no sul da Inglaterra. Segundo o estudo, as rochas vêm da região montanhosa dos Westwoods. Já a maneira como as pedras de até sete metros de altura foram transportadas permanece um mistério.