Fabricação de órgãos na Alemanha é Patrimônio da Humanidade
7 de dezembro de 2017
Tradição entra para lista da Unesco junto de técnicas como a da confecção da pizza napolitana e a dos chapéus do Panamá. Com cerca de 50 mil instrumentos, a Alemanha tem a maior densidade de órgãos do mundo.
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Orgão: tradição da Idade Média segue se reinventando
04:27
Uma tradição alemã acaba de ser declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade: a fabricação artesanal de órgãos e sua música. Ao lado dela, também entraram na lista da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a arte napolitana da confecção de pizza, a música da gaita irlandesa e o método artesanal de elaboração dos chapéus do Panamá.
O reconhecimento foi anunciado nesta quinta-feira (07/12) pelo comitê intergovernamental da organização. Com a decisão, a música e a criação de órgãos se tornam o terceiro patrimônio cultural alemão na lista internacional da instituição.
Orgão: tradição da Idade Média segue se reinventando
04:27
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"Com cerca de 50 mil órgãos, a Alemanha tem a maior densidade de órgãos do mundo", disse a comissão alemã da Unesco. "Cada órgão é único, porque é construído especialmente para o espaço arquitetônico em que irá soar", enfatizou o vice-presidente da comissão, Christoph Wulf.
Bens culturais imateriais da Unesco
Além de patrimônios materiais, a agência da ONU protege 366 bens imateriais da humanidade, como ioga, falcoaria e fado. Do Brasil, por exemplo, estão protegidos a capoeira e o frevo.
Foto: Getty Images
Ioga da Índia
Na Índia, a ioga é muito mais do que exercício físico, afinal ela é uma das seis escolas clássicas da filosofia indiana – e em suas formas mais variadas, seja meditação e concentração mental, seja posições do corpo e exercícios respiratórios, ou ainda enfatizando o ascetismo. Agora, a ioga indiana foi reconhecida pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade.
Foto: Colourbox/D. Shevchenko
Prática da falcoaria
Ainda hoje a falcoaria, com aves de rapina bem treinadas, é considerada uma grande arte de caça. Apesar de o nome se referir ao falcão, na falcoaria também são usadas outras aves de rapina. Desde 2010, a falcoaria está na lista de patrimônios culturais imateriais da Unesco. Agora foram reconhecidas também as de Alemanha, Cazaquistão, Itália, Paquistão e Portugal.
Foto: Hannes Lenhart
Cultura cervejeira belga
A Unesco reconheceu que a produção e a importância dada à cerveja na Bélgica são parte da herança viva de muitas comunidades. A bebida desempenha um papel importante no dia a dia e em festividades, sendo usada até para a preparação de alimentos. Há cerca de 1.500 cervejas belgas no mercado, e a história da cerveja belga começou na Idade Média.
Foto: picture-alliance/W. Roth
Cooperativas criam participação
Também a ideia de cooperativa foi incluída na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. A sugestão havia sido apresentada pela Alemanha. "Uma cooperativa é uma associação voluntária de pessoas com interesses semelhantes, e que promove o engajamento individual e a autoconfiança, promovendo a participação social, cultural e econômica", segundo a Unesco.
Foto: Fotolia/pilatoida
A festa persa de Ano Novo
A Unesco também reconheceu a tradicional festa de Ano Novo celebrada em países como Irã, Afeganistão e Índia. Ela se destaca pelos tradicionais alimentos e rituais. Na Alemanha é conhecida pelo nome de Nowruz, mas também é chamada Festival da Primavera, pois é comemorada no dia 20 ou 21 de março.
Foto: DW/S. Amini
Ópera de Pequim, um ideal estético
A Ópera de Pequim também é Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade. Esta forma de ópera muito apreciada na China reúne não só música, teatro e dança, mas também acrobacia e artes marciais. As óperas narram fatos da política, sociedade ou da história, seguindo uma rima rigorosa. Em trajes extravagantes, os atores movem as mãos, os olhos e os pés seguindo uma coreografia tradicional.
Foto: Getty Images
A prática coreana kimchi
A conservação de vegetais através da fermentação é prática comum na Coreia e faz parte da maioria dos pratos. Cada família guarda a própria receita, que passa de geração em geração. Na época da colheita, comunidades inteiras se reúnem para preparar grandes quantidades de seus legumes favoritos para o inverno. Este trabalho é chamado "Kimjang" e contribui para a coesão social.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Trumpf
Fado português, a música da alma
No fado se encontra toda a herança multicultural de Lisboa. Sua origem está no século 19. As canções muitas vezes falam de amor não correspondido ou injustiça social, anseiam por tempos passados ou reivindicam melhorias sociais. Quem canta geralmente é acompanhado por um violão de 12 cordas e um baixo.
Foto: Adriao/GNU
Capoeira do Brasil
Ao lado da capoeira, são bens culturais imateriais brasileiros a procissão do Círio de Nazaré, de Belém; o frevo; o yaokwa, ritual do povo enawene nawe; o museu vivo do fandango; as expressões orais e gráficas dos indígenas wajapis e o samba de roda do Recôncavo Baiano.
Foto: dapd
Carnaval tradicional de Imst, no Tirol
Enquanto a Alemanha tenta, em vão, o reconhecimento de seu Carnaval pela Unesco, a entidade reconheceu como bem imaterial o peculiar Carnaval de Imst, no Tirol, em 2012. A festa, que se chama Schemenlaufen ou Fasnacht, acontece a cada quatro anos no domingo antes da Quaresma. Grupos de homens mascarados e fantasiados saltam pelas ruas tocando sinos.
Foto: Melitta Abber/UNESCO
Mariachi, os embaixadores da cultura mexicana
Com o seu som inconfundível, a música dos mariachis é parte essencial da cultura mexicana. As canções em espanhol e em idiomas indígenas ajudam a preservar o patrimônio cultural do México. Em suas canções, os grupos mariachi falam de batalhas e de relacionamentos amorosos. Os músicos usam trajes típicos e o original chapéu mexicano.
Foto: 2006 by Cámara de Comercio de Guadalajara, by permission of UNESCO
Botes chineses que afastam o mal
Festivais são presença constante na lista do patrimônio cultural imaterial. É o caso do milenar Festival do Barco do Dragão na China. A festa combina uma corrida de barcos enfeitados como se fossem dragões com rituais de saúde, comida típica e danças. Durante o festival, os participantes tomam banho em água perfumada e vestem seda para afastar o mal.
Foto: picture-alliance/dpa/ChinaPhotoPress
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Na Alemanha, há cerca de 400 empresas construtoras de órgãos artesanais com aproximadamente 1,8 mil funcionários. Tais instrumentos são tocados por volta de 3,5 mil organistas profissionais e outros 10 mil voluntários no país.
"Há milênios que o órgão é um bem cultural na consciência da humanidade", avalia o especialista em órgãos Michael Kaufmann. Faz três anos que a construção e a música de órgãos já fazem parte da lista alemã de patrimônios culturais, que atualmente inclui 68 itens, como o trabalho das parteiras e panificação.
Pizza para todos
A pizza napolitana também conquistou um espaço na cobiçada lista da Unesco. Para celebrar, Nápoles resolveu oferecer pizza gratuita para todos nesta quinta-feira, conforme prometido pela Associação dos pizzaiolos napolitanos caso saíssem vitoriosos.
Apesar da popularidade mundial, a pizza tem sua origem reivindicada pela cidade italiana, com a Associação para a Verdadeira Pizza Napolitana estabelecendo diretrizes muito claras sobre o que faz do produto uma autêntica pizza napolitana.
Em um livro de regras de 11 páginas, a associação estabelece, por exemplo, que "o cozimento deve ser feito exclusivamente em um forno à lenha que atingiu a temperatura de cozimento de 485 graus Celsius", e que o tempo de cozimento "não deve exceder 60-90 segundos".
Até sexta-feira, o comitê intergovernamental da Unesco, formado por representantes de 24 países, discute em Jeju, na Coreia do Sul, a inclusão de um total de 35 formas de habilidade e conhecimento na lista de Patrimônios Culturais.
Na quarta-feira já haviam sido incluídas no catálogo o estilo de música punto guajiro, de Cuba, a técnica de tecelagem sitalpati, de Bangladesh, e a dança zaouli, da Costa do Marfim.
IP/dpa/kna/efe
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Cinco tradições alemãs que são patrimônio cultural
A Unesco não promove só monumentos arquitetônicos ou naturais, mas também costumes e tradições. Conheça alguns bens imateriais da Alemanha considerados patrimônio cultural.
Foto: Imago/United Archives
Contar histórias infantis
Conhecidos por adultos e crianças em quase todo mundo, contos infantis como "Chapeuzinho Vermelho" ou "Cinderela" foram compilados no século 19 pelos irmãos Grimm. Antes deles, as histórias infantis eram passadas adiante oralmente. Ainda hoje, contar essas histórias é uma tradição na Alemanha. Por isso, a prática faz parte da lista dos patrimônios culturais imateriais do país.
Foto: picture-alliance/akg-images
Trabalho das parteiras
Já no Antigo Egito há referências a parteiras em uma pintura num templo com os trigêmeos do deus do Sol Rá. Há séculos, essas ajudantes de gestação e parto desempenham um papel muito importante. Na Alemanha, mais do que uma profissão, trata-se de uma tradição a ser protegida, segundo a comissão alemã da Unesco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hiekel
Poetry Slam
Em nenhum outro lugar da Europa o poetry slam faz tanto sucesso como na Alemanha, onde é difundido tanto nas cidades quanto nas zonas rurais. Nas competições, os participantes se desafiam com textos curtos criados por eles próprios. Como explicar essa popularidade? Talvez porque concursos de poesia têm tradição desde a Idade Média na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Anspach
Cultura do chá
O ritual do chá na Frísia Oriental (norte da Alemanha) é bem especial: um chá de folhas soltas é derramado sobre uma pedra de açúcar, chamada "kluntje". Um pingo de creme de leite forma uma espuma cremosa, chamada "wulkje". Não se deve mexer este chá de três fases: primeiro cremoso, depois amargo e, por fim, doce. Esta tradição culinária está na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Alemanha.
Foto: Imago/Imagebroker
Skat
Jogar skat é um assunto sério para muitos alemães. Este jogo de baralho é conhecido na Alemanha há mais de 200 anos. Ele começou a ser jogado entre 1810 e 1820 em Altenburg, na Turíngia. Estima-se que haja no país mais de 20 milhões de pessoas que jogam skat.