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Facebook passará a investigadores anúncios pagos por russos

22 de setembro de 2017

Informações sobre 3 mil anúncios políticos publicados na rede social antes e depois das eleições americanas serão compartilhadas com Congresso dos EUA, que investiga ingerência russa no pleito, anuncia Mark Zuckerberg.

Facebook  CEO Mark Zuckerberg
O CEO do Facebook, Mark ZuckerbergFoto: picture-alliance/dpa/P. Dasilva

O Facebook informou nesta quinta-feira (21/09) que vai entregar ao Congresso dos Estados Unidos os dados e conteúdo de cerca de 3 mil anúncios políticos comprados por russos e publicados na rede social nos meses anteriores e posteriores à eleição presidencial americana do ano passado.

O anúncio foi feito pelo CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, em uma transmissão ao vivo na rede social. "É um novo desafio para a comunidade online ter que lidar com nações tentando subverter eleições, mas estamos empenhados [a ajudar]", afirmou o executivo, que é também fundador da plataforma. "Não quero que ninguém use nossas ferramentas para minar a democracia."

Zuckerberg disse que o Facebook dará sequência a uma investigação interna sobre os anúncios na rede social, bem como sobre "atores estrangeiros" incluindo outros grupos russos e de ex-repúblicas soviéticas, com objetivo de esclarecer como eles usaram as ferramentas do site para seus propósitos.

"Continuaremos trabalhando com o governo para entender o pleno alcance da intromissão russa, e faremos nosso papel para garantir a integridade de eleições justas e livres no mundo todo", acrescentou Zuckerberg.

O empresário também anunciou uma série de medidas que serão adotadas pela empresa para aumentar a transparência de seus anúncios políticos. Ele ainda prometeu ampliar a equipe que faz a revisão do conteúdo desses materiais.

No início do mês, o Facebook admitiu que agentes russos compraram secretamente anúncios na rede social durante a eleição americana. A notícia levou cidadãos e personalidades do país a pressionarem a empresa a divulgar maiores informações sobre o caso. Também colocou a rede social no centro da investigação sobre a suposta ingerência russa no pleito presidencial.

Na semana passada, a imprensa americana relatou que algumas informações sobre anúncios e contas haviam sido entregues pelo Facebook ao promotor especial Robert Mueller, responsável pelo inquérito, que também apura uma possível ligação entre Moscou e a campanha do hoje presidente Donald Trump.

Segundo a rede social, 470 páginas gastaram cerca de 100 mil dólares entre junho de 2015 e maio de 2017 na compra dos cerca de 3 mil anúncios, que divulgaram notícias falsas ou enganosas ou levaram usuários da plataforma a páginas com mensagens desse tipo.

A maioria dos anúncios não fazia referência direta à eleição americana ou a candidatos, mas estava aparentemente focada em "amplificar mensagens discriminatórias no âmbito social e político por meio do espectro ideológico", informou o diretor de segurança do Facebook, Alex Stamos.

As páginas, já removidas por violarem as políticas do Facebook, tinham ligação com uma empresa russa chamada Internet Research Agency, conhecida por utilizar perfis falsos para fazer postagens em redes sociais e comentários em sites de notícias, a maioria em apoio ao governo russo.

Ingerência russa

O governo Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo envolvendo a suposta interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 e eventuais ligações entre Moscou e a campanha republicana com intuito de favorecer a vitória do magnata. Tanto o Congresso como o FBI conduzem investigações sobre a questão.

Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes do pleito. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.

Além disso, a demissão repentina do ex-chefe do FBI James Comey, em maio, levantou questões sobre as motivações do presidente, já que foi sob o comando desse diretor que a polícia federal americana iniciou o inquérito para apurar a suposta ingerência russa.

Após seu afastamento, Comey denunciou que Trump chegou a lhe pedir, em fevereiro, para encerrar uma investigação sobre o ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn, envolvendo também contatos com russos.

Em julho, a imprensa americana revelou que Donald Trump Jr., filho mais velho do presidente, se reuniu em junho de 2016 com uma russa chamada Natalia Veselnitskaya, que se apresentou como uma advogada ligada ao Kremlin e prometeu entregar ao americano informações comprometedoras sobre a candidata democrata Hillary Clinton, rival de seu pai.

EK/efe/afp/ap/rtr/ots

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