Empresa comunica ter excluído dezenas de grupos e contas que cobravam dinheiro por engajamento. Risco, segundo rede social, é de que poderiam distorcer o debate na campanha eleitoral do Brasil.
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Menos de um mês após remover mais de 200 páginas e perfis no Brasil, o Facebook voltou a retirar do ar contas em atividade no país. Em nota divulgada nesta quarta-feira (15/08), a rede social informa que excluiu 72 grupos, 50 contas e cinco páginas que formavam uma "rede de engajamento falso”. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, 51 contas do Instagram, rede social que pertence ao Facebook, também foram excluídas.
A nota da empresa do Vale do Silício não identifica todas as contas retiradas, mas afirma que elas tinham o objetivo de trocar engajamento na rede social por dinheiro. Essa prática é proibida pelas regras da rede social.
"[As páginas] violaram nossas políticas de autenticidade e spam, por encorajar e permitir a obtenção de seguidores e curtidas, e até a troca de páginas, com o objetivo de falsamente ampliar o engajamento em busca de ganho financeiro”, explica a nota.
Com base em um relatório da Digital Forensic Research Lab (DFRLab), que pertence à Atlantic Council, ONG que fornece dados sobre abusos e campanhas de desinformação na rede social, o Facebook investigou um grupo identificado por PCSD (sigla de "pegar comunidade sem dono”).
A rede foi detectada durante uma investigação sobre a falsa amplificação de páginas políticas nas eleições mexicanas que ocorreram em julho deste ano.
No relatório, a DFRLab detalha como atuava a rede organizada principalmente através das páginas PCSD e ‘Frases e Versos', esta com mais de 5,3 milhões de curtidas, que contavam com postagens de contas robôs com origem na Ásia, grande parte da Índia.
Ao contrário do que encontraram no México, essa rede de troca de engajamento por dinheiro no Brasil não apresentou menções a políticos ou partidos. Porém, a conclusão do relatório da ONG alerta sobre o perigo que grupos organizados como esses podem ter nas eleições de outubro no Brasil:
"Essa rede monetizada de curtidas em larga escala, vendas de páginas e ações comerciais tem o potencial de distorcer o debate on-line na campanha eleitoral do Brasil, permitindo que os clientes criem uma falsa impressão de popularidade, fornecendo-lhes falsas preferências e seguidores, como foi visto no México.”
Ações contra grupos organizados
No mês passado, o Facebook já tinha anunciado medida semelhante de remoção de contas. Eles retiraram da rede 196 páginas e 87 perfis que formariam uma "rede de desinformação”. O nome de cada conta foi divulgado dias depois após um pedido do Ministério Público Federal de Goiás. Algumas tinham ligação com o grupo político Movimento Brasil Livre (MBL), que organizou protestos na sede brasileira da empresa, em São Paulo, em resposta às exclusões.
O Facebook informa que possui atualmente cerca de 20 mil funcionários trabalhando em áreas de integridade, segurança e revisão de conteúdo em todo o mundo. Apenas no primeiro trimestre de 2018, a empresa removeu 837 milhões de conteúdos de spam e 583 milhões de contas falsas em todo o mundo.
Além disso, a rede social já publicou mudanças que serão aplicadas no Brasil para as eleições de outubro, como a necessidade de os candidatos e partidos se cadastrarem para fazer anúncios eleitorais na rede social. Os usuários poderão ver o valor pago e dados de quem efetuou o pagamento do anúncio do político ou partido. O Brasil é o segundo país a receber essa alteração, o primeiro foi os EUA.
Quase 90% dos governantes têm conta na rede social, que soma mais de 1,8 bilhão de usuários. Entre os com maior número de seguidores, estão Modi, Trump e a rainha da Jordânia.
Foto: Getty Images/K.Frayer
Narendra Modi
De acordo com relatório da empresa de consultoria e relações públicas Burson-Marsteller, o premiê indiano tem mais de 40 milhões de seguidores em sua página pessoal. Com mais de 1,2 bilhão de pessoas vivendo na Índia, isso não é realmente uma surpresa. Para o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, o caso de Modi é um exemplo de como as redes sociais podem ajudar na interação entre governo e população.
Foto: Getty Images/K.Frayer
Donald Trump
O presidente americano tem cerca de 20 milhões de seguidores no Facebook. Mas a sua famosa conta no Twitter tem ainda mais: cerca de 27 milhões. O estudo da Burson-Marsteller analisou a atividade de 590 páginas de chefes de Estado e de governo, como também de ministros do Exterior. A análise se baseia em dados coletados na ferramenta de rastreamento Crowdtangle.
Foto: Getty Images/AFP/N. Kamm
Barack Obama
Apesar de não ser mais presidente americano, Barack Obama ainda possui mais de 54 milhões de seguidores no Facebook, ou seja, bem mais que os primeiros colocados no ranking da Burson-Marsteller de 2017. O ex-presidente foi o primeiro líder mundial a ter uma página na rede social, em 2007, quando ainda era senador pelo estado de Illinois.
Foto: picture alliance/dpa/T.Maury
Rainha da Jordânia
A rainha Rania da Jordânia, esposa do rei Abdullah 2°, tem mais de 10 milhões de seguidores em sua página no Facebook, ou seja, mais do que a população jordaniana. A popular monarca mostra uma imagem moderna da mulher muçulmana árabe, o que pode estar atraindo usuários tanto dentro quanto fora do país.
Foto: picture alliance/dpa/Balkis Press
Recep Tayyip Erdogan
O presidente turco vem logo atrás da rainha da Jordânia em termos de popularidade no Facebook: ele tem cerca de 9 milhões de seguidores, constatou a pesquisa. Na pesquisa anterior, ele era o terceiro líder mais seguido na rede social, atrás de Obama e Modi.
Foto: Reuters/T. Schmuelgen
Abdel Fattah al-Sissi
De acordo com o estudo, o líder turco é seguido pelo presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, em termos de alcance no Facebook. Sissi possui cerca de 7 milhões de seguidores. Segundo a pesquisa realizada pela maior agência de relações públicas do mundo, 55% das atividades dos líderes mundiais em 2016 foram postagens com fotos.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Shahed
Samdech Hun Sen
No ranking da Burson-Marsteller, atrás do presidente egípcio está o primeiro-ministro do Camboja, Samdech Hun Sen, com mais de 6,5 milhões de seguidores. O líder asiático possui uma interessante página no Facebook: em suas postagens, ele compartilha, sobretudo, fotos que o mostram por trás das câmeras ou de férias com sua esposa e netos.
Foto: Getty Images/AFP/T.C.Sothy
Joko Widodo
De acordo com o levantamento, em 1° de fevereiro de 2017, todos os governantes avaliados possuíam, juntos, um alcance no Facebook de mais de 311 milhões de usuários. Entre eles, está o presidente da Indonésia, Joko Widodo, com pouco menos de 6,5 milhões de seguidores. Ele ocupa o oitavo lugar no ranking da Burson-Marsteller.
Foto: Reuters/D. Whiteside
Enrique Peña Nieto
Em termos de alcance no Facebook, o presidente mexicano é o governante mais popular na América Latina, com mais de 5 milhões de seguidores, à frente do colega de pasta argentino, Mauricio Macri (4,13 milhões), e do chefe de Estado peruano, Pablo Kuczynki (1,39 milhão).
Foto: picture-alliance/AP Photo/R.Blackwell
E no Brasil...
No Brasil, o presidente Michel Temer está longe de competir com outros governantes mundiais. O político brasileiro de maior alcance no Facebook é o vereador paulista Adilson Barroso, com 4,9 milhões de seguidores. Ele é seguido pelo senador Aécio Neves (4,39 milhões), pelos deputados Marco Feliciano (3,99 milhões) e Jair Bolsonaro, (3,9 milhões) e pela ex-presidente Dilma Rousseff (3,19 milhões).