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Facebook remove "rede de engajamento falso”

15 de agosto de 2018

Empresa comunica ter excluído dezenas de grupos e contas que cobravam dinheiro por engajamento. Risco, segundo rede social, é de que poderiam distorcer o debate na campanha eleitoral do Brasil.

DW Explainer "Fake News" Trolle 2

Menos de um mês após remover mais de 200 páginas e perfis no Brasil, o Facebook voltou a retirar do ar contas em atividade no país. Em nota divulgada nesta quarta-feira (15/08), a rede social informa que excluiu 72 grupos, 50 contas e cinco páginas que formavam uma "rede de engajamento falso”. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, 51 contas do Instagram, rede social que pertence ao Facebook, também foram excluídas.

A nota da empresa do Vale do Silício não identifica todas as contas retiradas, mas afirma que elas tinham o objetivo de trocar engajamento na rede social por dinheiro. Essa prática é proibida pelas regras da rede social.

"[As páginas] violaram nossas políticas de autenticidade e spam, por encorajar e permitir a obtenção de seguidores e curtidas, e até a troca de páginas, com o objetivo de falsamente ampliar o engajamento em busca de ganho financeiro”, explica a nota.

Com base em um relatório da Digital Forensic Research Lab (DFRLab), que pertence à Atlantic Council, ONG que fornece dados sobre abusos e campanhas de desinformação na rede social, o Facebook investigou um grupo identificado por PCSD (sigla de "pegar comunidade sem dono”).

A rede foi detectada durante uma investigação sobre a falsa amplificação de páginas políticas nas eleições mexicanas que ocorreram em julho deste ano.

No relatório, a DFRLab detalha como atuava a rede organizada principalmente através das páginas PCSD e ‘Frases e Versos', esta com mais de 5,3 milhões de curtidas, que contavam com postagens de contas robôs com origem na Ásia, grande parte da Índia.

Ao contrário do que encontraram no México, essa rede de troca de engajamento por dinheiro no Brasil não apresentou menções a políticos ou partidos. Porém, a conclusão do relatório da ONG alerta sobre o perigo que grupos organizados como esses podem ter nas eleições de outubro no Brasil:

"Essa rede monetizada de curtidas em larga escala, vendas de páginas e ações comerciais tem o potencial de distorcer o debate on-line na campanha eleitoral do Brasil, permitindo que os clientes criem uma falsa impressão de popularidade, fornecendo-lhes falsas preferências e seguidores, como foi visto no México.”

Ações contra grupos organizados

No mês passado, o Facebook já tinha anunciado medida semelhante de remoção de contas. Eles retiraram da rede 196 páginas e 87 perfis que formariam uma "rede de desinformação”. O nome de cada conta foi divulgado dias depois após um pedido do Ministério Público Federal de Goiás. Algumas tinham ligação com o grupo político Movimento Brasil Livre (MBL), que organizou protestos na sede brasileira da empresa, em São Paulo, em resposta às exclusões.

O Facebook informa que possui atualmente cerca de 20 mil funcionários trabalhando em áreas de integridade, segurança e revisão de conteúdo em todo o mundo. Apenas no primeiro trimestre de 2018, a empresa removeu 837 milhões de conteúdos de spam e 583 milhões de contas falsas em todo o mundo.

Além disso, a rede social já publicou mudanças que serão aplicadas no Brasil para as eleições de outubro, como a necessidade de os candidatos e partidos se cadastrarem para fazer anúncios eleitorais na rede social. Os usuários poderão ver o valor pago e dados de quem efetuou o pagamento do anúncio do político ou partido. O Brasil é o segundo país a receber essa alteração, o primeiro foi os EUA.

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