Facebook removeu 1 bilhão de contas falsas antes de eleições
13 de setembro de 2018
Limpa ocorreu em vários países, incluindo o Brasil, em meio aos esforços da rede social contra interferência eleitoral. Zuckerberg lista medidas adotadas pela companhia para derrubar tais campanhas de desinformação.
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O fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou nesta quinta-feira (13/09) que, em seis meses, a plataforma removeu um bilhão de perfis falsos, como parte de um esforço da companhia para evitar interferência em eleições mundo afora através da rede social.
Em nota publicada em seu perfil no Facebook, Zuckerberg delineou uma série de medidas tomadas por sua equipe para proteger a plataforma de pessoas que "abusam de seus serviços" por meio de campanhas de desinformação e de manipulação visando interferir em processos eleitorais.
"Um de nossos esforços mais importantes é encontrar e remover contas falsas", disse o empresário. "Com avanços na técnica de machine learning [aprendizado de máquina], construímos sistemas que bloqueiam milhões de contas fakes todos os dias."
Entre outubro de 2017 e março deste ano, foram 1 bilhão de perfis removidos no total. Segundo Zuckerberg, a grande maioria deles foi deletada minutos após terem sido criados, "antes que pudessem fazer algum mal".
"Os números são tão altos porque nossos adversários usam computadores para criar contas falsas em massa. E enquanto estamos melhorando rapidamente nossa capacidade de detectá-los e bloqueá-los, ainda é muito difícil identificar os atores mais sofisticados", argumentou. "[São] sofisticados e bem financiados. Eles não vão desistir e vão continuar evoluindo."
Diante desse desafio, o Facebook tem multiplicado o número de funcionários que trabalham no setor de segurança e proteção, passando de 10 mil pessoas no ano passado para mais de 20 mil contratados neste ano, informou o presidente da companhia.
Segundo ele, esses perfis falsos costumam interagir em postagens ou eventos criados por contas legítimas, gerando a impressão de que elas possuem um apoio muito maior do que realmente têm.
Como exemplo, Zuckerberg contou que a plataforma identificou e removeu recentemente uma série de perfis falsos envolvidos na promoção de um evento legítimo no Facebook, acerca de um protesto, alegando que eles participariam do ato e incentivando outros a fazerem o mesmo.
O empresário ainda voltou a admitir que a empresa não foi capaz de conter devidamente os grandes esforços de influência nas mídias sociais nas eleições americanas de 2016, mas reiterou que "hoje o Facebook está melhor preparado para esse tipo de ataque".
Campanhas de desinformação foram descobertas em vários países, entre eles o Brasil. "Nós derrubamos recentemente uma rede de contas no Brasil que estava escondendo sua identidade e espalhando desinformação antes das eleições presidenciais do país em outubro", escreveu.
Ele provavelmente se referia a uma rede composta por 196 páginas e 87 perfis pessoais, que foi retirada do ar em julho deste ano por violar as políticas de autenticidade da companhia – as normas da plataforma ditam que ela não pode ser usada por identidades falsas ou para a disseminação de spams e fake news.
Em nota divulgada na época, o Facebook disse que essas contas "escondiam das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação". Entre os envolvidos estavam páginas ligadas a apoiadores do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e ao Movimento Brasil Livre (MBL).
Quase 90% dos governantes têm conta na rede social, que soma mais de 1,8 bilhão de usuários. Entre os com maior número de seguidores, estão Modi, Trump e a rainha da Jordânia.
Foto: Getty Images/K.Frayer
Narendra Modi
De acordo com relatório da empresa de consultoria e relações públicas Burson-Marsteller, o premiê indiano tem mais de 40 milhões de seguidores em sua página pessoal. Com mais de 1,2 bilhão de pessoas vivendo na Índia, isso não é realmente uma surpresa. Para o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, o caso de Modi é um exemplo de como as redes sociais podem ajudar na interação entre governo e população.
Foto: Getty Images/K.Frayer
Donald Trump
O presidente americano tem cerca de 20 milhões de seguidores no Facebook. Mas a sua famosa conta no Twitter tem ainda mais: cerca de 27 milhões. O estudo da Burson-Marsteller analisou a atividade de 590 páginas de chefes de Estado e de governo, como também de ministros do Exterior. A análise se baseia em dados coletados na ferramenta de rastreamento Crowdtangle.
Foto: Getty Images/AFP/N. Kamm
Barack Obama
Apesar de não ser mais presidente americano, Barack Obama ainda possui mais de 54 milhões de seguidores no Facebook, ou seja, bem mais que os primeiros colocados no ranking da Burson-Marsteller de 2017. O ex-presidente foi o primeiro líder mundial a ter uma página na rede social, em 2007, quando ainda era senador pelo estado de Illinois.
Foto: picture alliance/dpa/T.Maury
Rainha da Jordânia
A rainha Rania da Jordânia, esposa do rei Abdullah 2°, tem mais de 10 milhões de seguidores em sua página no Facebook, ou seja, mais do que a população jordaniana. A popular monarca mostra uma imagem moderna da mulher muçulmana árabe, o que pode estar atraindo usuários tanto dentro quanto fora do país.
Foto: picture alliance/dpa/Balkis Press
Recep Tayyip Erdogan
O presidente turco vem logo atrás da rainha da Jordânia em termos de popularidade no Facebook: ele tem cerca de 9 milhões de seguidores, constatou a pesquisa. Na pesquisa anterior, ele era o terceiro líder mais seguido na rede social, atrás de Obama e Modi.
Foto: Reuters/T. Schmuelgen
Abdel Fattah al-Sissi
De acordo com o estudo, o líder turco é seguido pelo presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, em termos de alcance no Facebook. Sissi possui cerca de 7 milhões de seguidores. Segundo a pesquisa realizada pela maior agência de relações públicas do mundo, 55% das atividades dos líderes mundiais em 2016 foram postagens com fotos.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Shahed
Samdech Hun Sen
No ranking da Burson-Marsteller, atrás do presidente egípcio está o primeiro-ministro do Camboja, Samdech Hun Sen, com mais de 6,5 milhões de seguidores. O líder asiático possui uma interessante página no Facebook: em suas postagens, ele compartilha, sobretudo, fotos que o mostram por trás das câmeras ou de férias com sua esposa e netos.
Foto: Getty Images/AFP/T.C.Sothy
Joko Widodo
De acordo com o levantamento, em 1° de fevereiro de 2017, todos os governantes avaliados possuíam, juntos, um alcance no Facebook de mais de 311 milhões de usuários. Entre eles, está o presidente da Indonésia, Joko Widodo, com pouco menos de 6,5 milhões de seguidores. Ele ocupa o oitavo lugar no ranking da Burson-Marsteller.
Foto: Reuters/D. Whiteside
Enrique Peña Nieto
Em termos de alcance no Facebook, o presidente mexicano é o governante mais popular na América Latina, com mais de 5 milhões de seguidores, à frente do colega de pasta argentino, Mauricio Macri (4,13 milhões), e do chefe de Estado peruano, Pablo Kuczynki (1,39 milhão).
Foto: picture-alliance/AP Photo/R.Blackwell
E no Brasil...
No Brasil, o presidente Michel Temer está longe de competir com outros governantes mundiais. O político brasileiro de maior alcance no Facebook é o vereador paulista Adilson Barroso, com 4,9 milhões de seguidores. Ele é seguido pelo senador Aécio Neves (4,39 milhões), pelos deputados Marco Feliciano (3,99 milhões) e Jair Bolsonaro, (3,9 milhões) e pela ex-presidente Dilma Rousseff (3,19 milhões).