Senadores teriam recebido milhões de reais em propina da JBS e da Transpetro. Entre os acusados estão Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Romero Jucá.
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin autorizou nesta quarta-feira (16/05) a abertura de um inquérito para investigar repasses a senadores do MDB. Os políticos são acusados de ter recebido propina como forma de doações eleitorais da JBS e da Transpetro, subsidiária da Petrobras. A propina paga pela J&F, holding que controla a JBS, teria sido de 40 milhões de reais.
Os alvos da investigação são, além do presidente do Senado, Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eduardo Braga, Edison Lobão, Valdir Raupp, Roberto Requião, além do ex-senador e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rego.
Com base nos depoimentos de delação premiada do ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado e de executivos do grupo J&F, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao STF a abertura do inquérito.
Nos depoimentos, Machado disse que o PT pediu para o grupo JBS doar 40 milhões de reais ao MDB nas eleições presidenciais de 2014. As reuniões para tratar do esquema teriam ocorrido na casa de Renan Calheiros. O ex-diretor da Transpetro afirmou ainda que as doações geraram desentendimentos no partido, levando Michel Temer a assumir o comando da legenda na época.
O ex-diretor da J&F Ricardo Saud confirmou a declaração de Machado e acrescentou que parte da propina ia diretamente para Eunício em troca de aprovação de medidas provisórias favoráveis ao grupo.
O MDB repudiou o que chamou de tentativa de criminalização da política. "Esperamos que a conclusão deste inquérito seja rápida e acreditamos que ao final a verdade será restabelecida", afirmou o partido em nota.
Eunício Oliveira negou as acusações e classificou de "falsa e caluniosa" a narrativa dos delatores. Renan Calheiros afirmou que o inquérito será arquivado por falta de provas.
"O inquérito será uma oportunidade para mostrar as mentiras contadas por criminosos confessos, que negociaram acordos vantajosos com o Ministério Público. Machado, inclusive, já perdeu benefícios da delação por não comprovar nada do que disse", destacou Calheiros.
Eduardo Braga e a defesa de Edison Lobão também negaram as acusações.
CN/abr/ots
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A corrupção através da história do Brasil
História do país é marcada por episódios de corrupção. Uma seleção com alguns dos mais emblemáticos.
Foto: Reuters/P. Whitaker
As origens
A colonização do Brasil foi baseada na concessão de cargos, caracterizada pelo patrimonialismo (ausência de distinção entre o bem público e privado) e o clientelismo (favorecimento de indivíduos com base nos laços familiares e de amizade). Apesar de mudanças no sistema político, essas características se perpetuaram ao longo dos séculos.
Foto: Gemeinfrei
Roubo das joias da Coroa
Em março de 1882, todas as joias da Imperatriz Teresa Cristina e da Princesa Isabel foram roubadas do Palácio de São Cristóvão. O roubo levou a oposição a acusar o governo imperial de omissão, pois as joias eram patrimônio público. O principal suspeito, Manuel de Paiva, funcionário e alcoviteiro de Dom Pedro 2º, escapou da punição com a proteção do imperador. O caso ajudou na queda da monarquia.
Foto: Gemeinfrei
A República e o voto do cabresto
Em 1881 foi introduzido no país o voto direto, porém, a maioria da população era privada desse direito. Na época, podiam votar apenas homens com determinada renda mínima e alfabetizados. Durante a Primeira República (1889 – 1930), institucionaliza-se no Brasil o voto do cabresto, ou seja, o controle do voto por coronéis que determinavam o candidato que seria eleito pela população.
Foto: Gemeinfrei
Mar de lama
Até década de 1930, a corrupção era percebida comu um vício do sistema. A partir de 1945, a corrupção individual aparece como problema. Várias denúncias de corrupção surgiram no segundo governo de Getúlio Vargas. O presidente foi acusado de ter criado um mar de lama no Catete.
Foto: Imago/United Archives International
Rouba mas faz
Engana-se quem pensa que Paulo Maluf é o criador do bordão "rouba mas faz". A expressão foi atribuída pela primeira vez a Adhemar de Barros (de bigode, atrás de Getúlio), governador de São Paulo por dois mandatos nas décadas de 1940 e 1960. O político ganhou fama por realizar grandes obras públicas, e nem mesmo as acusações constantes de corrupção contra ele lhe impediram de ganhar eleições.
Foto: Wikipedia/Gemeinfrei/DIP
Varrer a corrupção
Em 1960, o candidato à presidência da República Jânio Quadros conquistou a maior votação já obtida no país para o cargo desde a proclamação da República. O combate à corrupção foi a maior arma do político na campanha eleitoral, simbolizado pela vassoura. Com a promessa de varrer a corrupção da administração pública, Jânio fez sucesso entre os eleitores.
Foto: Imago/United Archives International
Ditadura e empreiteiras
Acabar com a corrupção foi um dos motivos usados pelos militares para justificar o golpe de 1964. Ao assumir o poder, porém, o novo regime consolidou o pagamento de propinas por empreiteiras na realização de obras públicas. Modelo que se perpetuou até os dias atuais e é um dos alvos da Operação Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP
Caça a marajás
Mais uma vez um presidente que partia em campanha eleitoral prometendo combater a corrupção foi aclamado com o voto da população. Fernando Collor de Mello, que ficou conhecido como "caçador de marajás", por combater funcionários públicos que ganhavam salários altíssimos, renunciou ao cargo em 1992, em meio a um processo de impeachment no qual pesavam contra ele acusações que ele prometeu combater.
Foto: Imago/S. Simon
Mensalão
Em 2005, veio à tona o esquema de compra de votos de parlamentares aplicado durante o primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que ficou conhecido como mensalão. O envolvimento no escândalo de corrupção levou diversos políticos do alto escalão para a prisão, entre eles, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower
Lava Jato
A operação que começou um inquérito local contra uma quadrilha formada por doleiros tonou-se a maior investigação de combate à corrupção da história do país. A Lava Jato revelou uma imensa rede de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos. O pagamento de propinas por construtoras, descoberto na operação, provocou investigações em 40 países.