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"Fake news" nos EUA: alcance amplo, mas pouco impacto

Elizabeth Schumacher av
4 de janeiro de 2018

Pesquisa aponta influência relativamente pequena de notícias falsas sobre eleições de 2016. Maioria dos sites difusores era pró-Trump, e Facebook desempenhou forte papel na disseminação de informações errôneas.

Facebook
Em 22,1% dos casos uma visita ao Facebook precedeu o clique em um artigo falsoFoto: Reuters/D. Ruvic

Um estudo realizado nos Estados Unidos constatou que, embora as assim chamadas fake news tenham tido amplo alcance durante as eleições presidenciais de 2016 no país, seu impacto foi relativamente superficial.

O relatório publicado nesta quarta-feira (03/01), numa colaboração entre pesquisadores do Dartmouth College e das universidades de Princeton e Exeter, afirma que cerca de 60% das visitas a sites de notícias falsas partiram de um grupo concentrado de consumidores de mídia ultraconservadores, tendo uma vasta parcela do eleitorado americano ficado de fora.

Os cientistas políticos envolvidos apontam que, embora "a nova forma de desinformação política tenha lugar de destaque em avaliações jornalísticas" do pleito, "pouco se sabe cientificamente sobre o consumo de fake news, inclusive sobre quem as lê".

O combate às notícias falsas na internet

03:31

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Para o estudo, os pesquisadores combinaram dados de sondagens de opinião com históricos de tráfego na rede, constatando serem um tanto exageradas as apreensões quanto a "câmaras de eco", em que os internautas só encontrariam informações consonantes com suas próprias visões políticas.

"Apenas um subgrupo dos americanos tem padrões de consumo midiático extremamente tendencioso", com a maioria dos consumidores de notícias falsas se encaixando naqueles "10% com dietas de mídia mais conservadoras", afirma o estudo.

Assim, embora 27% da população em idade de votar (cerca de 65 milhões) tenha visto pelo menos um artigo falsificado no período pré-eleitoral, "relativamente poucos americanos estão profundamente interessados nessas formas extremas de desinformação".

Negligência do Facebook

Por outro lado, a cobertura jornalística falsa pendeu extremamente numa determinada direção, com os seguidores de Donald Trump "visitando a maioria dos websites de fake news, os quais eram predominantemente pró-Trump".

Os pesquisadores constataram que 80% de todas as notícias falsas eram fortemente em favor do então candidato republicano e atual presidente. Por volta de 40% do eleitorado trumpista foi exposto a conteúdos de fake news  sobre seu candidato, contra apenas 15% dos que votaram na concorrente democrata, Hillary Clinton.

Outra confirmação foi que o Facebook é possivelmente o pior culpado pela disseminação de notícias falsas, e que suas "verificações de fatos de fake news  quase nunca chegaram até seus usuários". Existe uma "dramática associação entre o uso do Facebook e as visitas a sites de fake news", muito maior do que em outras plataformas, como Google ou Twitter.

Concretamente, em 22,1% dos casos uma visita ao Facebook precedeu o clique em um artigo falso – comparado a 1,9% para o Google e ainda menos para o Twitter. A pesquisa sugere haver uma preocupante carência de verificação de fatos ou de correção de informações errôneas no Facebook.

No geral, os acadêmicos americanos detectaram pouca razão para se acreditar que fake news tenham desempenhado um papel incisivo nas eleições presidenciais de 2016. Ainda assim, advertem os consumidores para se manterem vigilantes, pois "conteúdo duvidoso e incendiário ainda pode minar a qualidade do debate público, promover falsas percepções, fomentar maior hostilidade contra os oponentes políticos e corroer a confiança no governo e no jornalismo".

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