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Falência grega é cada vez mais provável, aponta imprensa alemã

23 de julho de 2012

Alemanha e FMI não estariam dispostos a conceder novos empréstimos à Grécia, escreve a mídia alemã. Atenas estaria necessitando de mais 50 bilhões de euros para evitar a falência.

Foto: DW

O Estado grego caminha rumo à falência, afirma a imprensa alemã nesta segunda-feira (23/07). Os principais credores do país, sobretudo a Alemanha e o Fundo Monetário Internacional (FMI), não estão mais dispostos a conceder novos empréstimos a Atenas, reportou o jornal Süddeutsche Zeitung (SZ).

No domingo, a revista semanal Der Spiegel também já havia apontado a negativa do FMI em conceder nova ajuda financeira à Grécia, o que poderá levar o país à falência já em setembro.

Em entrevista à emissora ARD, o ministro alemão da Economia, Philipp Rösler, declarou que, "se a Grécia não cumprir as condições que negociou, não poderá receber mais pagamentos". Ele concorda que essa situação levaria à falência e possivelmente à saída do país da zona do euro. Esse cenário "deixou de ser assustador há muito tempo", concluiu o líder do Partido Liberal.

Segundo informações do próprio governo grego, o país enfrenta dificuldades para cumprir as metas de austeridade acertadas em troca de créditos internacionais.

De acordo com o SZ, há um rombo de dezenas de bilhões de euros no programa de saneamento da economia grega. A razão para tanto, aponta o jornal, é que quase todos os planos de reformas ficaram parados durante a longa campanha eleitoral do início do ano. Além disso, o governo grego pede mais tempo para a execução das reformas. Diante dessa situação, os créditos no valor de 130 bilhões de euros acordados no segundo pacote de ajuda europeu não seriam mais suficientes, conclui o jornal.

É "impensável que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, vá novamente ao Parlamento pedir a aprovação de um terceiro pacote grego", escreve o SZ, citando uma fonte anônima do círculo governamental de Berlim. O jornal lembra que, nas últimas decisões parlamentares sobre a crise da dívida, Merkel já teve dificuldades para chegar a um consenso dentro da própria coalizão de governo.

Troika em ação

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, voltou a pedir ao governo em Atenas que coloque em prática as reformas e medidas de austeridade acordadas dentro do tempo previsto. "Se houve atrasos, a Grécia precisa recuperá-los", declarou o político ao jornal Bild.

Schäuble: "Se houve atrasos, a Grécia precisa recuperá-los"Foto: AP

Ele não quis fazer previsões sobre a permanência da Grécia na zona do euro. Schäuble afirmou que esperaria a reunião da troika – formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI – nesta semana. "Quando o relatório da troika estiver pronto, o grupo do euro irá deliberar", disse o político.

A troika inspeciona atualmente o cumprimento das reformas pela Grécia. Atenas espera por novas injeções de dinheiro em agosto e setembro, no valor de 12,5 bilhões de euros.

O governo de coalizão grego tomou posse em junho com a meta de renegociar os prazos para as medidas de austeridade em troca de ajuda financeira. O objetivo é redistribuir as medidas de contenção de gasto de mais de 11,5 bilhões de euros – exigidas pelos credores para 2013 e 2014 – para 2015 e 2016.

A Spiegel também reportou que, segundo estimativas da troika, seriam necessários créditos adicionais entre 10 bilhões e 50 bilhões de euros caso os gregos tenham o prazo para execução de suas metas ampliado.

Entretanto, muitos governos da zona do euro não estão dispostos a arcar com as novas despesas. Além disso, países como Holanda e Finlândia afirmam que só concederão ajuda financeira à Grécia se o FMI também o fizer.

Schäuble rechaça qualquer tipo de comparação entre as abaladas Grécia e a Espanha. "As causas para a crise nos dois países são completamente distintas. A economia espanhola é muito mais forte e tem uma estrutura diferente. A Espanha vai se recuperar rapidamente", afirma.

LPF/dpa/afp/lusa
Revisão: Alexandre Schossler

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