Fala de ministro sobre Gaza gera mal-estar em Israel
5 de novembro de 2023Um membro do gabinete do governo israelense foi suspenso das reuniões do governo após ventilar a possibilidade de um bombardeio nuclear à Faixa de Gaza.
Ministro do Patrimônio Judaico e membro de um partido de ultradireita que integra a coalizão governista, Amichai Eliyahu fez o comentário durante uma entrevista a uma rádio israelense. Depois, alegou que "qualquer pessoa razoável entenderia que o comentário era metafórico". "Mas definitivamente precisamos responder de forma poderosa e desproporcional ao terrorismo", afirmou.
O partido dele, Otzma Yehudit, não integra nem tem influência sobre o gabinete de segurança que coordena as ações militares contra o grupo radical islâmico Hamas em resposta aos atos terroristas de 7 de outubro.
Na mesma entrevista, Eliyahu também se opôs ao envio de ajuda humanitária à região, argumentando que "nós não entregaríamos ajuda humanitária aos nazistas". Ele, que apoia a tomada de Gaza e a restauração de assentamentos israelenses no território, afirmou ainda ao ser questionado sobre o destino dos palestinos que "eles podem ir para a Irlanda ou para os desertos; os monstros em Gaza devem encontrar uma solução por si mesmos."
Governo se distancia de declarações, e oposição pede demissão do ministro
Neste domingo (5), o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu às declarações tachando-as de "divorciadas da realidade" e anunciando a suspensão do ministro. À rádio oficial das Forças de Defesa de Israel (IDF), Netanyahu declarouque o país segue "os mais altos padrões do direito internacional" para evitar ferir civis.
Também o ministro da Defesa Yoav Gallant se distanciou de Eliyahu, afirmando ser "bom que pessoas assim não estejam no comando da segurança de Israel".
Líder da oposição, Yair Lapid referiu-se às declarações como "horror e loucura" de um "ministro irresponsável" e exigiu sua demissão. "A presença de extremistas no governo é um perigo para todos nós e para o sucesso dos objetivos de guerra: derrotar o Hamas e trazer os reféns de volta."
ra (Reuters, AP, dpa, ots)