Pyongyang tenta sem sucesso lançar foguete de médio alcance, em exercício militar frustrado nas celebrações do aniversário do fundador do país. China não poupa críticas a novo teste.
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A Coreia do Norte tentou sem sucesso realizar o lançamento de um míssil nesta sexta-feira (15/04), para celebrar o 104º aniversário de seu fundador Kim Il-sung (1912-1994), frustrando o regime na data comemorativa mais importante do país. A informação foi dada pelo Exército da Coreia do Sul.
Especialistas acreditam ser um míssil balístico de médio alcance. A tentativa falha implica uma provocação de Pyongyang contra sanções da ONU, além de terem causado um revés constrangedor para o ditador Kim Jong-un e de ter atraído críticas da China, seu maior aliado.
"A Coreia do Norte teria tentado realizar um exercício de lançamento de míssil perto de sua costa leste, nesta manhã, mas aparentemente falhou", comunicou o Estado-Maior do Exército sul-coreano.
O lançamento fracassado, ocorrido no momento em que o país comemora o "Dia do Sol" em homenagem ao nascimento do avô de Kim, Kim Il-sung, vem na sequência do quarto teste nuclear de Pyongyang, em janeiro, e do lançamento de um foguete de longo alcance no mês seguinte, o que acarretou em novas sanções da ONU.
Uma fonte da Defesa dos Estados Unidos, que falou sob a condição de anonimato, indicou que o míssil também foi detectado e seguido pelo centro de comando estratégico americano e que aparentemente a tentativa de lançamento falhou.
O tipo de míssil não foi especificado pelo Exército sul-coreano, mas segundo um responsável militar, citado pela agência de notícias Yonhap, tratava-se de um "Musudan", que tem uma capacidade de alcance de 4 mil quilômetros, pelo que poderia alcançar a Coreia do Sul e o Japão e eventualmente as bases americanas da ilha de Guam, no Pacífico. A Coreia do Norte possui, segundo estimativas de Seul, aproximadamente 50 unidades deste míssil.
Críticas de Pequim
A China, país econômica e diplomaticamente mais próximo da Coreia do Norte, tem expressado revolta com os testes nucleares e lançamentos de foguetes de Pyongyang em meio às sanções da ONU, que Pequim endossou.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lu Kang, disse que o Conselho de Segurança da ONU foi claro a respeito dos lançamentos de foguetes norte-coreanos.
"No presente, a situação na península é complexa e delicada", afirmou. "Esperamos que todas as partes possam respeitar estritamente as decisões do Conselho de Segurança e evitar tomar quaisquer atitudes que possam agravar as tensões".
A mídia estatal chinesa foi mais direta. "O disparo de um míssil balístico de médio alcance pela República Popular Democrática da Coreia, embora fracassado, marca o lance mais recente de uma série de choques de sabres que, se não pararem, não levarão o país a lugar nenhum", publicou a agência oficial de notícias Xinhua. "Armas nucleares não tornarão Pyongyang mais segura. Pelo contrário, seus empreendimentos militares custosos continuarão sufocando sua economia".
PV/lusa/efe/rtr
Os encantos secretos da Coreia do Norte
Natural de Cingapura, o fotógrafo Aram Pan percorreu durante vários dias o território da ditadura comunista na Ásia. Mas se recusou a abordar política: para ele o que contam são belezas naturais e arquitetônicas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.