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Trabalho

Anne Passow (cv)12 de outubro de 2006

Empresas alemãs têm dificuldades para encontrar profissionais qualificados. Ao mesmo tempo, em setembro foram registrados mais de 4,2 milhões de desempregados. Esta incoerência é um enorme problema.

Empresas alemãs têm dificuldades em encontrar os especialistas de que precisamFoto: AP

"Percebe-se claramente que é muito difícil contratar especialistas ou pessoas mais qualificadas," diz Matthias Pauers. "Encontramos trabalhadores medianos sem problemas. Mas cargos para profissionais de destaque que exigem experiência são, no momento, muito difíceis de preencher."

Pauers é o diretor de Desenvolvimento de Produto da Matrix 42, uma fabricante alemã de software. Desde o início do ano, ele encontrou pouquíssimos candidatos devidamente preparados para trabalhar na área. E Pauers não é o único. Há carência de especialistas também nos setores de engenharia mecânica, eletrônico, farmacêutico e na indústria química. Companhias alemãs têm sempre problemas em ocupar posições que requerem alto nível técnico. Também professores de ciências e medicina estão extremamente em falta no mercado.

"Um dos motivos é que a sociedade e em parte as empresas não esperavam a veemente demanda por bens de capital alemães no mercado internacional", afirma Volker Treier, economista da DIHK, Câmara Alemã de Industria e Comércio. "E isto tem a ver, sobretudo, com o fato de que não se sabia como a China, a Índia e outros países em desenvolvimento ingressariam na economia mundial."

Empresas de médio porte, como a Matrix 42, passam por dificuldades ainda maiores, já que os especialistas são assediados também pelas grandes corporações. E isto num país em que há mais de quatro milhões de desempregados. Não é uma contradição? Não, já que a maior parte da mão-de-obra disponível é pouco qualificada e não se adéqua ao perfil dos profissionais procurados.

Alemanha teve, por algum tempo, grave deficiência em especialistas em tecnologia da informaçãoFoto: dpa

De mal a pior

A situação poderá piorar nos próximos dez anos, acredita Peter Schnur do IAB, Instituto de Pesquisas do Mercado de Trabalho e da Profissão. "O aspecto mais negativo é que teremos, a longo prazo, uma falta relativamente grande de especialistas ao mesmo tempo em que o nível de desemprego aumentará entre pessoas de baixa qualificação."

Além disso, a reduzida taxa de natalidade na Alemanha deve contribuir para agravar o problema no futuro. O IAB estima que as 700 mil crianças nascidas este ano ingressarão no mercado de trabalho quando 1,5 milhão de alemães que se encontram hoje na faixa dos 40 anos de idade se aposentarem – ou seja, o número de trabalhadores na ativa corresponderá a menos da metade dos trabalhadores que hoje fazem parte do setor produtivo.

"A médio e a longo prazo, vamos encarar algo como uma situação inversa", acrescenta Schnur. "Até o final da próxima década, é muito provável que a força de trabalho se reduza sensivelmente. Não por causa da diminuição de vagas, mas pelo menor número de pessoas interessadas em trabalhar."

Desempregados nem sempre têm a experiência que as empresas queremFoto: AP

Mas, ter mais ofertas de trabalho que de mão-de-obra não significa necessariamente baixo índice de desemprego. Se os jovens não estiverem treinados para preencher os requisitos dos cargos que exigem alto nível de especialização, continuará havendo uma taxa de desemprego relativamente alta, mesmo em caso de crescimento demográfico.

Busca por soluções

Mattias Pauers e seus colegas acreditam que podem mudar este quadro garantindo incentivos a potenciais novos funcionários. "Além de pagar salários adequados, deveria se investir em formação", diz ele. "E se deveria dar aos novos empregados a perspectiva de que, mesmo sendo especialistas, ainda possam se aperfeiçoar."

Mais velhos terão mais facilidade para retornar ao mercado de trabalhoFoto: AP

Companhias reconhecem que a educação é essencial para que elas encontrem os trabalhadores de que precisam. Mais deveria ser feito nesta área, de acordo com Treier, economista da DIHK. Crianças em idade escolar deveriam estudar mais matemática e ciências para desenvolver a curiosidade e ingressarem nessas áreas no futuro.

Atualmente, entretanto, as empresas precisam encontrar um jeito de suprir sua demanda de trabalho. O Grupo Riedlbauer, firma alemã de terceirização de serviços de suporte e telemarketing, tem dificuldade de contratar especialistas em tecnologia da informação e estocástica, um campo da matemática, decidiu tentar resolver o problema oferecendo um programa de treinamento em parceria com a Universidade de Colônia.

Oportunidades para profissionais mais velhos

Outra alternativa é o recrutamento de estrangeiros. O CEO do Grupo Riedlbauer, Erich Riedlbauer, contratou especialistas russos e está sondando norte-americanos especializados em tecnologia da informação.

Riedlbauer faz parte, porém, de um grupo minoritário na Alemanha. Apenas seis por cento das empresas alemãs consideram a possibilidade de buscar reforço no exterior, segundo pesquisa da DIHK. A maioria dos empregadores quer primeiro exaurir as possibilidades em casa, 15% disseram que irão priorizar especialistas mais velhos quando o déficit de mão-de-obra aumentar. Mais da metade dos entrevistados afirmou que oferecer treinamento será o caminho para lidar com a falta de mão-de-obra qualificada no futuro.

Talvez uma nova chance para os desempregados alemães, muitos deles em idade avançada e com dificuldade de reingressar no mercado de trabalho.

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