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Faltam sugestões coerentes para pôr fim à crise na Itália

23 de fevereiro de 2013

Berlusconi? Grillo? Ou quem? Às vésperas das eleições no país, partidos políticos italianos não conseguem definir programas que possam levar a uma solução da crise. Faltam coerência e seriedade.

Foto: DW/Bernd Riegert

Segundo as mais recentes previsões da Comissão Europeia, a Itália só irá começar a superar a recessão por que passa em 2014. Até lá, as taxas de desemprego deverão subir ainda mais, ultrapassando os 12%. O cientista político Lutz Klinkhammer, especialista em questões ligadas à Itália e pesquisador do Instituto Histórico Alemão de Roma, confirma a tese de que a crise não poderá ser superada com facilidade nos próximos tempos.

Segundo ele, os eleitores gostam de ouvir as promessas das campanhas eleitorais, segundo as quais a política de austeridade do Estado deveria ser afrouxada. Não somente o ex-premiê Silvio Berlusconi, como também a estrela da campanha eleitoral, o ex-comediante Beppo Grillo, e alguns políticos de esquerda defendem restituições generosas de impostos e um afrouxamento da política de austeridade.

Falta programa coerente

O cientista político salienta que nem os partidos de centro-esquerda nem os de centro-direita apresentam plataformas políticas convincentes visando um fim da crise. "A maioria dos partidos não apresentou um plano coerente no que diz respeito à política econômica."

Cientista político Lutz KlinkhammerFoto: DW/Bernd Riegert

Exceto o ex-premiê Mario Monti, que deu sinais de querer perpetuar a atual política econômica, "todos os partidos querem fomentar empregos, mas nenhum deles tem um programa coerente para as medidas de austeridade. E está aí a necessidade de fazer alguma coisa ativamente. Aumentar a arrecadação de impostos não é certamente uma receita genericamente válida", analisa Klinkhammer.

A Itália caminha para um percentual de 130% de endividamento público. Os juros de mais de 6% para os títulos públicos italianos resultaram numa crise grave na zona do euro há menos de 14 meses. Hoje, o chamado spread gira em torno de 4%. "Il spread, que se tornou um novo termo em uso da Itália, perdeu seu poder aterrorizante", acredita Klinkhammer.

O conservador Berlusconi, que foi obrigado a renunciar exatamente por causa da alta dos juros em novembro de 2011, sugere que o spread e as altas taxas de juros tenham sido uma invenção dos alemães. "Os italianos estão atualmente desiludidos, tendem antes a acreditar em manipulação de cotações e em tramoias dos bancos", diz Klinkhammer.

Uma Itália interessante para os investidores

Norbert Pudzich, diretor da Câmara de Comércio Ítalo-Alemã, em Milão, afirma que a Itália dispõe de uma base industrial forte, que fabrica produtos de exportação com sucesso de mercado: máquinas e instalações, veículos, produtos sintéticos e químicos. Só muito depois é que vem a moda e a mussarela.

Protestos na Itália contra política de austeridadeFoto: picture-alliance/dpa

Os problemas da economia estão nas más condições gerais e nas estruturas obsoletas, aponta. "A Itália perdeu grande parte de seu poder de atração como local de investimentos para empresários. O governo precisaria melhorar sensivelmente os fatores que favorecem esses investimentos e teria que implementar a reforma fiscal, há muito necessária. Isso faria com que os empresários italianos resolvessem investir novamente em suas empresas e os do exterior recuperassem o prazer de investir no país."

Pudzich tampouco reconhece, nas plataformas dos partidos políticos, soluções para os problemas. A agência de rating Standard & Poor's já alertou preventivamente que, no caso da Itália, um governo instável poderá levar os juros às alturas, impulsionando ainda mais a crise de endividamento da zona do euro. Ou seja: tudo leva a crer que uma solução para a atual recessão no país ainda vai estar longe, mesmo depois das eleições.

Autor: Bernd Riegert (sv)
Revisão: Augusto Valente

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