Antes de ser deportado para campo de concentração nazista, holandês escrevera a seus familiares. Passados mais de 70 anos, carta finalmente chega a seu destino. Filho descreve descoberta como "extremamente emocionante."
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Perto do fim da Segunda Guerra Mundial, o combatente da resistência holandesa Peter Will escreveu uma carta à sua família, antes de ser deportado para um campo de concentração nazista. Passados mais de 70 anos, a correspondência finalmente chegou ao destinatário.
A carta de Will, que morreu no campo de concentração durante os últimos dias da guerra, foi encontrada recentemente por um amigo da família, que viu a imagem da carteira de Peter num arquivo on-line. Outros pertences pessoais do combatente – sua Bíblia, a aliança de casamento e uma caneta – foram devolvidos aos familiares sobreviventes em 1949, mas a carteira, que, além da carta, continha fotografias, foi na época associada à pessoa errada.
Em certo momento, a carteira foi parar nas mãos do Serviço Internacional de Rastreamento (ITS, na sigla em inglês), cujos arquivos de informações sobre vítimas do nazismo ajudaram a entregar a carta ao destinatário correto mais de sete décadas depois.
Um dos filhos de Peter, Joop Will, disse em entrevista à agência de notícias AFP que essa foi uma descoberta "extremamente emocionante" para a família. "Isso não é algo pelo que você espera", disse Joop. "Para nós, a história não tem fim, está sempre em nossos pensamentos."
Joop acrescentou que ele e seus irmãos estão coletando o máximo de informações possíveis sobre o falecido pai. Peter, que havia sido inspetor de carne antes de se juntar à resistência holandesa, ajudou pilotos aliados abatidos a escaparem dos nazistas. Segundo a AFP, a família não quis discutir o conteúdo da carta.
AF/afp/epd
Dez anos da reconstrução da Frauenkirche
Há uma década, igreja era reinaugurada em Dresden, no leste da Alemanha. Após ser destruído na Segunda Guerra Mundial, templo foi reerguido e transformou-se em símbolo da cidade e atração turística.
Foto: picture-alliance/ZB/T. Eisenhuth
Joia do Elba
A famosa pintura a óleo do artista italiano Bernardo Belloto, conhecido como Canaletto, mostra a Frauenkirche e o Neumarkt em 1751. A pedra fundamental da igreja barroca foi colocada em 1726. Ela fazia parte de um programa urbanístico do rei Augusto 2º, que queria transformar Dresden numa metrópole europeia.
Foto: gemeinfrei
Cúpula única
Na reconstrução da cúpula, fiel à original, 13 mil toneladas de arenito foram colocadas sobre uma estrutura de madeira. A cúpula barroca de 1736 foi a obra-prima do arquiteto George Bähr. Na época, poucos acreditavam que os pilares e as paredes da igreja suportariam o peso da cúpula em forma de sino.
Foto: picture-alliance/ZB
Afrescos delicados
A base da Frauenkirche tem apenas metade do tamanho de um campo de futebol. Com a falta de espaço, o arquiteto George Bähr voltou-se para o céu. Hoje, quem entra na igreja pode ver os quatro evangelistas e quatro virtudes cristãs na pintura na cúpula, assim como no original do veneziano Giovanni Battista Grono.
Foto: picture-alliance/D. Kalker
Destruição na Segunda Guerra
No dia 13 de fevereiro de 1945, aviões britânicos e americanos bombardearam Dresden e deixaram o centro da cidade em chamas. A igreja resistiu por dois dias, mas depois ruiu. A pilha de 17 metros de altura com escombros da construção permaneceu no local até 1993.
Foto: Bundesarchiv Bild 183-60015-0002
Ruína simbólica
Com grandes manifestações, os moradores da República Federal Alemã (RDA), a antiga Alemanha Oriental, relembravam a destruição de Dresden. Em 1966, as ruínas da Frauenkirche foram declaradas monumento. Em 1982, cristãos oraram pela primeira vez nas ruínas, em protesto contra a militarização da RDA. Assim, a Frauenkirche foi tornando-se símbolo também do movimento pelos direitos civis e pela paz.
Foto: picture-alliance/ZB
A reconstrução
Em 1990, o músico Ludwig Güttler (sentado, à esquerda) resolveu agir. Seu plano: reconstruir fielmente a Frauenkirche. Com apoio de grupos dos EUA, França, Reino Unido e Suíça, ele conseguiu reunir 13 mil pessoas para o projeto. Uma exposição na cripta da igreja mostra a história da reconstrução.
Foto: picture-alliance/ZB
Quebra-cabeça arqueológico
Antes da reconstrução, o entulho precisava ser removido. A retirada começou em 1993, e cada pedra e fragmento da ruína foi medido e numerado. A reconstrução da igreja teve início em 1994. No total, 46% das pedras originais puderam ser recolocadas fielmente em seus antigos lugares.
Foto: picture-alliance/ZB
Lugar de honra na cripta
Sob os últimos escombros da igreja, 48 anos depois do bombardeio, ressurgiu o sepulcro do arquiteto da Frauenkirche. Os restos mortais de George Bähr permaneceram intactos. Hoje, o túmulo restaurado pode ser visto na cripta da igreja. Há ainda outras sepulturas no local, porque a cripta era usada no século 18 para enterrar personalidades da época.
Foto: Stiftung Frauenkirche Dresden/S. Kotyrba
Altar barroco
As esculturas do altar impressionam quem observa a Frauenkirche do coro. O altar foi reconstruído com os fragmentos, como a figura de Moisés com a tábua dos dez mandamentos. Quase 80% do altar é original, tornando-o a parte mais preservada da igreja.
Foto: picture-alliance/dpa
Sala de concertos
O interior cheio de luz da igreja acomoda 1.800 pessoas. Hoje, na Frauenkirche, não são realizados apenas missas. Concertos também são comuns, e isso é, na verdade, uma tradição. O famoso compositor Richard Wagner comemorou lá, em 1843, a estreia mundial de sua única obra para coral religiosa: "Das Liebesmahl der Apostel", para 1.200 cantores.
Foto: Stiftung Frauenkirche Dresden/Gunter Bähr
Velho novo marco
Dos 182 milhões de euros usados na reconstrução, cerca de 100 milhões vieram de doações. Desde a reinauguração, há uma década, a igreja se tornou um verdadeiro ímã de turistas, tendo recebido quase 20 milhões de visitantes nacionais e estrangeiros.