Famílias aguardam restos mortais de vítimas do voo 4U-9525
4 de junho de 2015
Erros de grafia em atestados de óbito de passageiros de avião da Germanwings que caiu na França há mais de dois meses atrasam transporte. Muitos dos parentes têm de cancelar funerais já agendados para semana que vem.
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A repatriação de restos mortais das vítimas do voo 4U-9525 da Germanwings, que caiu nos Alpes franceses em março, foi adiada. Um advogado que representa várias famílias alemãs disse nesta quinta-feira (04/06) que a Lufthansa, da qual a Germanwings é subsidiária, anunciou que os restos não serão transportados da França para Düsseldorf nos dias 9 e 10 de junho, como havia sido planejado.
"A raiva e o desespero estão crescendo", disse o advogado Elmar Giemulla, cujos clientes incluem os parentes de 16 estudantes alemães que morreram no desastre. Ele afirmou que muitas das famílias já haviam planejado enterrar seus entes queridos na semana que vem e que os funerais terão de ser cancelados.
Uma nova data para repatriar os restos mortais ainda não foi definida. De acordo com um porta-voz da Germanwings, o transporte a partir de Marselha foi adiado devido a uma série de erros nos atestados de óbito.
"Sabemos o quão importante isto é para as famílias e tentaremos encontrar uma solução o mais rápido possível", disse o porta-voz.
Bernard Bartolini – prefeito de Prads-Haute-Bleone, perto de onde o avião caiu – disse à agência de notícias DPA que os problemas incluem nomes e cidades de nascimento grafados incorretamente, os quais serão corrigidos até o fim desta semana. Devido à proximidade ao local da tragédia, as autoridades de Prads-Haute-Bleone foram encarregadas de emitir e traduzir os atestados de óbito.
Todas as 150 pessoas a bordo do voo 4U-9525 morreram quando o avião caiu nos Alpes franceses no dia 24 de março. De acordo com investigações, o copiloto Andreas Lubitz derrubou a aeronave deliberadamente, a qual voava de Barcelona para Düsseldorf. Cerca de metade das vítimas era alemães. A repatriação de restos mortais de vítimas de outros países também sofreu atrasos.
LPF/ap/dpa
Cronologia do desastre do voo 4U-9525
Airbus A320 da Germanwings caiu nos Alpes franceses 40 minutos após decolar de Barcelona, numa tragédia que investigadores tratam como um ato deliberado do copiloto. Uma cronologia com base nas primeiras investigações.
Foto: D. Bois/AFP/Getty Images
Decolagem com atraso
O voo 4U-9525, da companhia aérea alemã Germanwings, decola do aeroporto de Barcelona por volta das 10h00 (horário local), de 24 de março de 2015, com cerca de 20 minutos de atraso. O Airbus A320-211, com 24 anos de uso, deveria chegar às 11h55 em Düsseldorf. Havia 150 pessoas a bordo, a maioria delas alemães e espanhóis.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Vinte minutos sem problemas
Durante os 20 primeiros minutos, o voo é normal. O ambiente entre piloto, copiloto e tripulação foi descrito pelos investigadores franceses, com base no áudio de uma das caixas-pretas, como descontraído e relaxado.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Voo de cruzeiro
Às 10h20, o avião da Germanwings alcança a altitude de cruzeiro, de 38 mil pés (11,5 quilômetros). É a fase na qual a aeronave viaja de forma reta e nivelada, na velocidade máxima que pode atingir de modo a consumir o mínimo de combustível possível.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
Último contato
Às 10h30, o avião faz o último contato com o controle aéreo. Um dos pilotos diz: "Direção IRMAR. Obrigado, 18G." A sigla é uma indicação de que a cabine recebeu dos controladores a autorização para prosseguir a rota direta até "IRMAR", próximo ponto em que o A320 deveria fazer contato. Já 18G é a abreviatura do indicador de rádio do voo.
Foto: picture-alliance/dpa/Airbus_Industrie
Piloto trancado fora da cabine
Às 10h31 o avião começa a perder altitude, quando deveria manter-se em fase de cruzeiro. Na cabine fechada, estava apenas o copiloto Andreas Lubitz, de 28 anos. A caixa-preta registra chamadas de interfone, em que o piloto se identifica tentando entrar, mas sem receber qualquer resposta. Captada pelos microfones, a respiração de Lubitz é normal.
Foto: Reuters/L. Foeger
Copiloto em silêncio
Às 10h35, a agência de aviação civil francesa lança um sinal de alerta, ao perceber a perda de altitude contínua da aeronave. Um caça Mirage 2000 decola da base militar de Orange para alcançar o voo da Germanwings. Durante cerca de cinco minutos, o piloto golpeia a porta da cabine, de forma cada vez mais violenta, na tentativa de entrar. O copiloto (foto) se mantém em silêncio.
Foto: picture alliance/AP Photo
Desespero de passageiros
O transponder do A320, que envia automaticamente informações sobre sua localização, para de emitir sinais às 10h40. A caixa-preta registra a ativação do sistema de alerta sonoro do avião, que indica impacto imediato. Nos instantes finais, passageiros começam a gritar.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Queda nas montanhas
Cerca de 40 minutos após decolar, o A320 se choca contra o maciço de Trois Evêchés, numa zona não habitada dos Alpes franceses. Todos os 144 passageiros e seis tripulantes morrem, num dos maiores desastres aéreos da história na Europa. Entre os mortos, estão pessoas de 15 nacionalidades, incluindo 16 adolescentes da mesma escola de uma pequena cidade no oeste da Alemanha.