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PolíticaBelarus

Familiares buscam desaparecidos após protestos em Belarus

Tatyana Nevedomskaya
13 de agosto de 2020

Milhares de pessoas foram presas durante os atos que tomaram cidades bielorrussas após as eleições presidenciais. O paradeiro de muitos é desconhecido, e a polícia omite informações às famílias. DW conta três histórias.

Durante protesto em Minsk, manifestante fica de joelhos na frente de policiais
Ao menos 6.700 pessoas foram detidas em protestos desde domingo, segundo números oficiaisFoto: Reuters

Durante todo o dia, Olga e muitas outras pessoas estiveram na rua Okrestina, em Minsk, em frente ao prédio da polícia onde estão detidos os manifestantes que protestaram contra o resultado da eleição presidencial em Belarus. "Eles não nos dão nenhuma lista de presos. As pessoas vão até o balcão, falam o sobrenome e ficam sabendo se alguém com esse nome está lá ou não", conta Olga.

Uma lista compilada por ativistas de direitos humanos bielorrussos agora inclui mais de 300 nomes. Os protestos começaram na noite do último domingo (09/08), logo após a divulgação dos primeiros resultados oficiais das eleições, que apontaram vitória do presidente Alexander Lukashenko, há 26 anos no poder. Também em outras cidades, as pessoas procuram há dias seus entes queridos em prisões e delegacias e ligam para hospitais em todo o país.

Pavel, especialista em TI

Olga procura seu filho Pavel, que foi preso na noite de 11 de agosto numa praça na capital de Belarus, Minsk. Forças de segurança agarraram seus longos cabelos e bateram em suas pernas com cassetetes, lembra a mãe. "Eu pedi que o deixassem em paz, mas eles me insultaram, empurraram e disseram que deveria ir embora", conta. Ela não sabe para onde seu filho, especialista em TI, foi levado. Durante todo o dia seguinte, ela tentou descobrir seu paradeiro.

A partir de conversas com vários homens que já foram libertados da prisão, Olga ficou sabendo que até 40 pessoas estariam detidas em celas com apenas quatro camas. Os detentos foram espancados repetidas vezes e não receberam ajuda médica. Pacotes não podem ser entregues a eles, nem mesmo com a medicação necessária.

Desde a eleição presidencial de domingo, não cessam os protestos em Belarus, apesar da repressão brutal pela políciaFoto: Reuters

Yegor Martinovich, editor de jornal

"Há dois dias, nada se sabe sobre Yegor Martinovich", escreve sua esposa, a jornalista Daria Guschtyn, no Facebook. Seu marido, editor-chefe do jornal Nascha Niva, foi preso em Minsk em 11 de agosto quando voltava do trabalho para casa.

Guschtyn relata que a porta-voz do Ministério do Interior inicialmente forneceu vários detalhes sobre o paradeiro de seu marido. Finalmente, ela disse que ninguém sabia onde ele estava. A família não sabe por que Martinovich foi preso ou se passa bem.

A esposa tem recebido muitas mensagens nas redes sociais. Alguns escreveram que seu marido tinha sido tão espancado que a polícia agora estava com medo de mostrá-lo aos parentes. "Eu mobilizei todos que pude. Mas, por dois dias, não consegui descobrir o paradeiro dele e de seu carro. Muitos perguntam sobre ele, mas eu não sei o que responder", conta Guschtyn.

Mais tarde, descobriu-se que Martinovich estava numa prisão na cidade de Schodsina, perto de Minsk. Sua esposa escreveu no Facebook que ele foi libertado.

Maksim Schwed, diretor de cinema

O diretor Maksim Schwed também foi preso em Minsk na noite de 11 de agosto, provavelmente durante as filmagens de um documentário. "Maksim está trabalhando num novo projeto em que taxistas e passageiros contam o que pensam sobre as eleições", afirma sua namorada, Tatjana.

No dia de sua prisão, Schwed fez filmagens no epicentro dos protestos. "Meu telefone tocou à 1h15 da manhã. Maksim ligou o viva-voz: de tudo que ouvi, percebi que ele foi preso", conta Tatjana.

"Maksim estava aparentemente na lista de jornalistas presos, porque alguém ouviu seu nome em frente ao prédio da polícia na rua Okrestina. Nós fomos lá, mas ele não estava detido no local", continua a namorada. Amigos então perguntaram em vão ao serviço médico de emergência e também contataram a organização de direitos humanos bielorrussa Vyasna.

Finalmente, Tatjana descobriu que o diretor está numa prisão na cidade de Schodsina, perto de Minsk. Ele foi condenado por resistir aos policiais e agora está cumprindo uma pena de prisão.

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