Familiares chamam proposta da Lufthansa de ofensiva
21 de julho de 2015
Insatisfeitos com indenização oferecida, parentes de vítimas de voo da Germanwings enviam carta ao presidente da companhia aérea alemã, acusando-o de só se importar com a opinião pública. Advogados exigem nova oferta.
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Há poucos dias, os familiares das vítimas da queda do voo 4U-9525 da Germanwings rejeitaram uma proposta de indenização apresentada pela Lufthansa, companhia aérea alemã da qual a Germanwings é subsidiária. Nesta terça-feira (21/07), os parentes dos 16 estudantes e duas professoras da cidade de Haltern am See, na Renânia do Norte-Vestfália, mortos no acidente, enviaram uma carta enfurecida ao presidente da Lufthansa, Carsten Spohr.
Os familiares acusam Spohr de não ter feito um pedido de desculpas aos parentes após o desastre. E a indenização oferecida pela Lufthansa foi classificada pelos 32 parentes que assinaram a carta como ofensiva.
"Se um funcionário de uma empresa de serviços quebra a janela na casa de alguém, a empresa certamente irá ressarcir o cliente. A Lufthansa não compreende algo óbvio para qualquer empresa, quando um funcionário causa um dano?", diz um trecho da carta.
Os parentes criticaram sobretudo o fato de a empresa aérea não ter se empenhado por eles. "Algumas palavras numa conversa particular com o senhor [Carsten Spohr] teriam nos mostrado que não se importa somente com a opinião pública, mas também conosco", diz a carta.
A companhia aérea, por outro lado, disse entender a raiva das pessoas afetadas, mas, segundo o porta-voz Andreas Bartels, a Lufthansa lamenta profundamente "a intensificação do tom". Bartels assegurou também que não haverá uma resposta à carta por parte de Spohr e que a empresa está em contato com todos os familiares das vítimas.
A Lufthansa havia oferecido aos parentes das vítimas da queda do avião da Germanwings uma ajuda de emergência de 50 mil euros. Além disso, os parentes deveriam receber um montante fixo de indenização de 25 mil euros. A companhia aérea ainda propôs que parentes imediatos – tais como pais, filhos e parceiros – recebessem um ressarcimento de mais 10 mil euros sem quaisquer verificações adicionais.
Os advogados dos parentes rejeitaram a proposta e exigiram uma nova oferta. O advogado berlinense Elmar Giemulla afirmou ao tabloide alemão Bildam Sonntag que 200 mil euros de indenização para os familiares seriam uma quantia adequada.
Airbus A320 da Germanwings caiu nos Alpes franceses 40 minutos após decolar de Barcelona, numa tragédia que investigadores tratam como um ato deliberado do copiloto. Uma cronologia com base nas primeiras investigações.
Foto: D. Bois/AFP/Getty Images
Decolagem com atraso
O voo 4U-9525, da companhia aérea alemã Germanwings, decola do aeroporto de Barcelona por volta das 10h00 (horário local), de 24 de março de 2015, com cerca de 20 minutos de atraso. O Airbus A320-211, com 24 anos de uso, deveria chegar às 11h55 em Düsseldorf. Havia 150 pessoas a bordo, a maioria delas alemães e espanhóis.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Vinte minutos sem problemas
Durante os 20 primeiros minutos, o voo é normal. O ambiente entre piloto, copiloto e tripulação foi descrito pelos investigadores franceses, com base no áudio de uma das caixas-pretas, como descontraído e relaxado.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Voo de cruzeiro
Às 10h20, o avião da Germanwings alcança a altitude de cruzeiro, de 38 mil pés (11,5 quilômetros). É a fase na qual a aeronave viaja de forma reta e nivelada, na velocidade máxima que pode atingir de modo a consumir o mínimo de combustível possível.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
Último contato
Às 10h30, o avião faz o último contato com o controle aéreo. Um dos pilotos diz: "Direção IRMAR. Obrigado, 18G." A sigla é uma indicação de que a cabine recebeu dos controladores a autorização para prosseguir a rota direta até "IRMAR", próximo ponto em que o A320 deveria fazer contato. Já 18G é a abreviatura do indicador de rádio do voo.
Foto: picture-alliance/dpa/Airbus_Industrie
Piloto trancado fora da cabine
Às 10h31 o avião começa a perder altitude, quando deveria manter-se em fase de cruzeiro. Na cabine fechada, estava apenas o copiloto Andreas Lubitz, de 28 anos. A caixa-preta registra chamadas de interfone, em que o piloto se identifica tentando entrar, mas sem receber qualquer resposta. Captada pelos microfones, a respiração de Lubitz é normal.
Foto: Reuters/L. Foeger
Copiloto em silêncio
Às 10h35, a agência de aviação civil francesa lança um sinal de alerta, ao perceber a perda de altitude contínua da aeronave. Um caça Mirage 2000 decola da base militar de Orange para alcançar o voo da Germanwings. Durante cerca de cinco minutos, o piloto golpeia a porta da cabine, de forma cada vez mais violenta, na tentativa de entrar. O copiloto (foto) se mantém em silêncio.
Foto: picture alliance/AP Photo
Desespero de passageiros
O transponder do A320, que envia automaticamente informações sobre sua localização, para de emitir sinais às 10h40. A caixa-preta registra a ativação do sistema de alerta sonoro do avião, que indica impacto imediato. Nos instantes finais, passageiros começam a gritar.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Queda nas montanhas
Cerca de 40 minutos após decolar, o A320 se choca contra o maciço de Trois Evêchés, numa zona não habitada dos Alpes franceses. Todos os 144 passageiros e seis tripulantes morrem, num dos maiores desastres aéreos da história na Europa. Entre os mortos, estão pessoas de 15 nacionalidades, incluindo 16 adolescentes da mesma escola de uma pequena cidade no oeste da Alemanha.