Protesto ocorre diante de 27 batalhões, e em quatro a entrada está bloqueada. Ação não afeta policiamento. Manifestantes exigem pagamento de salários atrasados. Policial é detida por incitar a greve.
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Familiares de policiais militares do Rio de Janeiro protestam desde o início da manhã desta sexta-feira (10/02) em frente a 27 batalhões no estado. Em quatro, os manifestantes, na maioria mulheres de agentes, bloquearam a entrada. Os protestos acontecem devido ao atraso no pagamento de salários e às más condições de trabalho. Os familiares reivindicam o pagamento do décimo terceiro e de adicionais atrasados, como pelo patrulhamento durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
De acordo com a Polícia Militar, a atividade dos agentes não foi afetada, e 95% do efetivo trabalha normalmente. O comando dos batalhões está conversando com os manifestantes para a suspensão do bloqueio. A PM destacou ainda que não há paralisação, mas apenas um protesto de familiares. Nesta sexta-feira, uma PM da Barra da Tijuca foi detida administrativamente por incitar colegas a greve em redes sociais. A PM afirmou que ela ficará detida até domingo.
O protesto é semelhante ao que ocorre no Espírito Santo, onde familiares de policiais militares bloqueiam a entrada de batalhões há uma semana. A paralisação no estado causou uma onda de violência, que já deixou ao menos 121 mortos.
Desde o início da semana circulava nas redes sociais a informação de que um movimento parecido com o do Espírito Santo aconteceria no Rio de Janeiro. Em meio aos boatos, o governador do estado, Luiz Fernando Pezão, anunciou na quarta-feira um aumento salarial de 10,22% para os policiais, visando evitar qualquer tipo de paralisação.
Em entrevista à TV Globo, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá, afirmou nesta sexta-feira que a troca de turno dos policiais militares está garantida e procurou tranquilizar a população. "A demonstração de hoje, o dia mais crítico, vai ser feita todos os dias. Que se valorize o policial não só nos momentos de tensão e receio. Enquanto as pessoas vão ao cinema, à praia, dormem, alguém dá proteção. Os policiais muitas vezes são pouco reconhecidos. Por isso, convidamos a sociedade a essa reflexão", afirmou.
CN/lusa/efe/ots
Greve da PM gera caos no Espírito Santo
A paralisação dos policiais militares no estado provoca onda de violência, saques e depredação. Mais de cem pessoas morrem de forma violenta na primeira semana do protesto. População vive clima de insegurança nas ruas.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Medo de sair às ruas
A paralisação dos policiais militares no Espírito Santo provocou uma onda de violência, saques e depredação. Mesmo patrulhamento ostensivo das Forças Armadas não conseguiu devolver a tranquilidade à população. Mais de cem pessoas foram mortas de forma violenta no estado na primeira semana do protesto, e a população evita sair de casa.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Bloqueio de batalhões
A greve dos PMs começou de forma inusitada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam o acesso de uma companhia militar, impedindo a saída de viaturas. A partir de então, o movimento se espalhou rapidamente, com a criação de grupos de WhatsApp. As portas de praticamente todos os 14 batalhões militares e oito companhias foram ocupadas por famílias de soldados.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Ajuda do Exército e da Força Nacional
Para ajudar a conter a onda de violência, o governo federal liberou as Forças Armadas para atuar no patrulhamento no estado e enviou 200 militares da Força Nacional para a região. Mas a situação continua caótica. Aulas em escolas e atendimentos em postos de saúde continuam suspensos.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Dificuldade para comprar alimentos
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou, após a chegada das Forças Armadas, que as ocorrências diminuíram, mas números oficiais não foram divulgados. A população enfrenta dificuldades até mesmo para comprar alimentos. Os poucos supermercados abertos lotam, com consumidores disputando mercadorias para estocá-las.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Paralisação de policiais civis
Em meio ao caos na segurança pública, policiais civis do Espírito Santo fizeram uma paralisação de doze horas nesta quarta-feira (08/02), em protesto pela morte de um investigador na cidade de Colatina. Organizações da classe não descartaram também entrar em greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Roubos, assaltos, saques e atos de vandalismo são registrados em várias regiões do estado. Ônibus da região metropolitana de Vitória chegam a voltar à circulação, mas motoristas interrompem o trabalho horas depois, devido à insegurança, ameaças e após a morte do presidente dos sindicatos dos Rodoviários de Guarapari, Wallace Barão. Ele é achado morto a tiros dentro de um carro em Vila Velha.
Secretários do governo capixaba e representantes das associações de classe de policiais militares iniciaram negociações para acabar com a crise. Segundo o secretário de Direitos Humanos, Julio Pompeu, as lideranças do movimento exigem anistia geral para todos os policiais, que são proibidos de fazer greve, e 100% de aumento para toda a categoria.
Foto: Getty Images/AFP/V. Moraes
Acordo sem efeito
O acordo entre associações de policiais militares e o governo estadual não foi suficiente para pôr fim à paralisação. As mulheres dos policiais não participaram da negociação com o governo. No acordo firmado, o governo não concedeu aumento salarial. Na proposta apresentada pelas mulheres, elas pediam 20% de reajuste imediato e 23% de reajuste escalonado. A segurança continua nas mãos do Exército.