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FAO denuncia contaminação da água pela agricultura

28 de agosto de 2017

Relatório afirma que uso inadequado de pesticidas e produção de alimentos com grande impacto ambiental contribuem para a degradação da qualidade da água em todo o mundo.

Produção agrícola aumentou mediante o uso intensivo de adubos químicos e pesticidas
Produção agrícola aumentou mediante o uso intensivo de adubos químicos e pesticidasFoto: picture-alliance/dpa/P. Pleul

Além de ser responsável por 70% da extração de água no mundo, a agricultura desempenha um papel fundamental na poluição deste recurso vital. O uso inadequado de defensivos agrícolas ameaça a qualidade da água no mundo inteiro, afirma um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

De acordo com o relatório, produzido em parceria com o Instituto Internacional para a Gestão da Água (IWMI), o aumento da demanda por alimentos que causam grandes impactos ambientais durante sua produção, como a carne, contribuiu para a degradação da qualidade da água.

O aumento da produção agrícola foi alcançado, nas últimas décadas, mediante o uso intensivo de adubos químicos e pesticidas, um mercado que movimenta mais de 35 bilhões de dólares por ano em todo o mundo. O consumo de defensivos cresceu com rapidez em países como Argentina, Brasil, Malásia, África do Sul e Paquistão, segundo o relatório.

"Na maioria dos países em desenvolvimento e emergentes, a poluição agrícola superou a contaminação causada pela indústria e aglomerados urbanos como principal fator para a degradação da água”, afirmou o diretor da FAO, Eduardo Mansur.

Essa contaminação ocorre com o despejo de produtos químicos, matéria orgânica, sedimentos, nitratos, patógenos e outras substâncias, afirma o relatório divulgado neste domingo (27/08).

De acordo com o especialista do IWMI Javier Mateo-Sagata, em países emergentes foi detectado o uso elevado de pesticidas que são proibidos em países desenvolvidos, além do armazenamento incorreto de frascos de defensivos agrícolas.

Criação de animais

Mateo-Sagata afirmou que, no caso do gado, o principal problema deriva da incorreta gestão dos excrementos dos animais, que contêm patógenos e matéria orgânica que, se acabar nos rios, diminui o oxigênio da água. A criação de gado passou dos 7,3 bilhões de unidades em 1970 para 24,2 bilhões em 2011 e atualmente ocupa 70% do território do planeta usado pela agricultura, afirma a FAO.

Problema semelhante ocorre na aquicultura, quando há excesso de nutrientes e matéria orgânica. Isso  ocorre quando parte de ração não é consumida pelos peixes e acaba contaminando as águas.

O estudo também aborda outras substâncias contaminantes que, nos últimos 20 anos, surgiram na forma de remédios para animais, como antibióticos, vacinas e hormônios de crescimento. Esses medicamentos passam das fazendas aos ecossistemas e às fontes de água potável, além de contribuir para um aumento das bactérias resistentes.

Segundo o relatório, 38% dos corpos de água na União Europeia (UE) correm risco de contaminação agrícola. Nos Estados Unidos a agricultura é a principal causa de poluição em rios e riachos, a segunda em terrenos úmidos e a terceira em lagos. Na China esta atividade está por trás de quase toda contaminação de águas subterrâneas por nitrogênio.

Os especialistas recomendam, entre outras medidas, otimizar e limitar a utilização de agentes químicos nos cultivos para reduzir o risco de contaminação da água, estabelecer zonas de proteção ao redor das explorações agrícolas e sistemas de rega eficientes, que permitam recolher águas residuais.

CN/efe/ots

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