Farage incentiva AfD a liderar revolta contra União Europeia
8 de setembro de 2017
Britânico é ovacionado em evento eleitoral da legenda Alternativa para a Alemanha, em Berlim. No discurso, afirma que Angela Merkel seria a melhor chanceler federal para as negociações do Brexit.
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Em Berlim, o ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip) Nigel Farage, um dos maiores defensores do Brexit, incentivou nesta sexta-feira (08/09) os populista de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD) a liderarem uma revolta contra a União Europeia (UE). O britânico foi ovacionado durante um comício da legenda alemã.
Em seu discurso, Farage reconheceu que na Alemanha, no momento, seria muito difícil iniciar um debate semelhante ao Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia) e arriscou dizer que essa ideia, no futuro, partiria provavelmente da Baviera.
Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017
O britânico afirmou ainda que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e seu principal concorrente nas eleições parlamentares, o social-democrata Martin Schulz se recusam a discutir o Brexit, como se para eles, o processo fosse "um embaraço enorme para o sonho europeu” que os dois alimentariam.
Ele disse que Merkel seria provavelmente a melhor chanceler federal para o Brexit, pois ela teria se mostrado disposta a aceitar um acordo comercial entre Reino Unido e UE. Já Schulz seria um fanático pró-europeu, acrescentou.
No discurso, Farage fez previsões sobre a política britânica e afirmou que a primeira-ministra Theresa May poderá deixar o cargo até o Natal, caso não consiga obter o apoio do Partido Conservador e assumir o controle nas negociações do divórcio com a União Europeia.
Aos eurocéticos da AfD, Farage lhes aconselhou a ser mais presentes em Bruxelas e destacar que os britânicos deixaram o bloco, porque a União Europeia seria ruim e tiraria das pessoas muita liberdade e a democracia.
O convite para Farage participar do comício em Berlim partiu da eurodeputada da AfD Beatrix von Storch. Ao apresentar o convidado, ela o parabenizou pelo Brexit e disse que ele mostrou desta maneira que é possível fazer o impossível.
Farage desempenhou um papel fundamental na campanha pelo Brexit, no entanto, logo após a vitória eleitoral, renunciou à liderança do partido, o qual comandava desde 2006. Ele continua sendo membro da legenda e atuando como deputado no Parlamento Europeu – posto que ocupa desde 1999.
CN/rtr/afp
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.