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Farc colombianas anunciam fim da prática de sequestros

27 de fevereiro de 2012

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) afirmam que vão pôr fim a sequestros de civis e anunciam libertação de dez reféns. O anúncio foi feito através do site da organização guerrilheira.

Foto: AP

A maior organização guerrilheira da Colômbia pretende abandonar a prática do sequestro com extorsão de dinheiro, através da qual financia parte de sua luta armada há várias décadas. As Farc disseram que vão libertar dez membros das Forças Armadas do país, que vêm sendo mantidos como prisioneiros há anos – a decisão poderá facilitar um processo de paz com o governo colombiano.

"Anunciamos a proibição imediata da prática de sequestros em nossa luta revolucionária", declararam os rebeldes pela internet no último domingo (26/02). O sequestro de civis, tanto homens quanto mulheres, foi por muito tempo uma prática usada pelas Farc para financiar a guerrilha.

"Sérios obstáculos"

Os rebeldes negaram, porém, a possibilidade de paz imediata e fim da guerrilha. Segundo eles, há ainda "sérios obstáculos" para um acordo de paz com o governo do país. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, declarou pelo Twitter que a atual posição das Farc é "um passo significativo e importante na direção certa". "Nos alegramos muito pelos dez sequestrados que serão libertados e por suas famílias", escreveu Santos.

Rebeldes da Farc e refénsFoto: AP

A libertação de todos os reféns e o fim da prática do sequestro são condições impostas pelo governo Santos para iniciar um diálogo de paz com as Farc, a fim de encerrar um conflito no país que se arrasta por quase 50 anos.

Este passo, segundo ele, não é, contudo, suficiente. Quando ocupava a pasta da Defesa no país, entre 2006 e 2009, Santos obteve alguns sucessos na luta contra os rebeldes. Na função de presidente, ele não excluiu a possibilidade de negociar com os rebeldes, mas exigiu dos mesmos posições claras, como a decisão de parar com os sequestros e o fim do recrutamento de crianças para a guerrilha.

Mudança de estratégia

A franco-colombiana Ingrid Betancourt, a mais célebre refém das Farc, que permaneceu durante seis anos sob o jugo da organização guerrilheira, saudou a decisão, embora com certo ceticismo. Segundo ela, o anúncio é, sem dúvida "um sinal da mudança de estratégia das Farc".

A pressão sobre os rebeldes das Farc aumentou nos últimos meses. Em novembro último, a guerrilha é acusada de ter matado três policiais e um soldado depois de tê-los mantido prisioneiros durante mais de 12 anos. O ocorrido desencadeou protestos em toda a Colômbia.

Segundo informações oficiais, as Farc contam com um total de 8 a 11 mil guerrilheiros, sobretudo nas regiões de fronteira com a Venezuela e o Equador. As Farc fazem uso da prática de sequestros de funcionários públicos e políticos desde os anos 1980, com o intuito de pressionar o governo do país. Segundo um relatório do Ministério colombiano da Defesa, as Farc ainda mantêm sob seu poder 99 civis, tendo sido responsáveis por 604 possíveis sequestros.

Ingrid Betancourt, refém mais célebre das FarcFoto: AP

Atuação do governo brasileiro

Em um texto de sete parágrafos, as Farc agradeceram a participação do governo brasileiro na libertação dos reféns. A encarregada de receber os mesmos "na data combinada" é Marleny Orjuela, indicada pelos Civis Colombianos pela Paz (CCP), que organizará previamente uma reunião com o governo brasileiro e com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha para definir os últimos detalhes da libertação.

As Farc aceitaram oficialmente, em comunicado, a participação do Brasil no processo de libertação. O governo brasileiro irá disponibilizar helicópteros e pessoal para receber os reféns no meio da selva, como ocorrido em outros casos anteriormente. "Queremos agradecer a disposição generosa do governo Dilma Rousseff", afirmaram os guerrilheiros.

O presidente colombiano Santos afirmou que seu governo dará todo apoio para garantir a libertação dos dez reféns sem "circo midiático". No passado, o governo colombiano acusou as Farc de usar as libertações de reféns como estratégia para chamar a atenção para suas atividades, tanto dentro quanto fora do país, bem como para limpar sua imagem ligada ao narcotráfico, à prática dos sequestros e outros crimes. Os últimos diálogos entre o governo e as Farc, que acabaram por fracassar, aconteceram entre 1999 e 2002, sob o governo do ex-presidente Andrés Pastrana.

SV/dpa/rtr/afp
Revisão: Carlos Albuquerque

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